terça-feira, dezembro 30, 2008

Ananismo jornalistico...

No dia 7 de Novembro publiquei aqui um texto relacionado com o impacto negativo dos veículos todo-o-terreno sobre o ambiente, seja directa ou indirectamente. Estou convicto que não existem quaisquer argumentos para pôr em duvida esta afirmação e é uma realidade que nos países “ambientalisticamente” desenvolvidos tomam-se sempre mais medidas, não só para defender a natureza contra invasões motorizadas indesejáveis como também para travar a proliferação deste tipo de veiculos. O Diário As Beiras na sua edição de 27-12-08, referiu-se ao meu texto “recente” (!), julgando necessário mencionar as minhas opções políticas. Não conheço nem o nome nem as tendências politicas do Sr. Jornalista, todavia acho o seu mini-artigo uma demonstração de futilidade: de facto, limita-se a mencionar a última frase do meu artigo, frase que dava num tom de humor negro algumas dicas para diminuir os impulsos hormonais de certos “pilotos” de 4x4 ; sobre o cerne do problema, nenhuma palavra!
No entanto quem detem o minimo de informação sobre o assunto, sabe que a minha afirmação é inteiramente verídica : é um facto inegável que, para certos homens, conduzir um carro potente corresponde a um exercício de poder machista e é consequentemente o resultado de influências hormonais. A expressão " ao contrario do feminismo, o machismo já matou muita gente" surgiu exactamente neste contexto. O Diário As Beiras perdeu uma bela oportunidade para iniciar uma discussão alargada sobre o assunto e para sensibilizar os seus leitores, incluindo certos autarcas, para o facto de que organizar raids do tipo "vroum...vroum...vroum " nas matas, nos campos e nas florestas consta de um acto francamente hostil à natureza. Não é nenhum sinal de modernidade, bem ao contrario é uma manifestação de atraso ambientalistico lamentável. Sabemos que a imprensa local ou regional é obrigada a lamber muitas botas para poder sobreviver, todavia cremos que há ainda um futuro para um jornalismo isento, independente e investigador. Um dia, esta faceta do ambientalismo estará também no centro das atenções em Portugal; mas quando, em 2015 ou em 2020? "En attendant" a malta considera-se fixe quando mete o capacete e acredita que está "pilotando" na ponta do progresso. Será que a gajada vai se babar toda?
Een lokale krant neemt mijn blog-artikel van 7-11-08 op de korrel omdat ik op ironische toon wat middelen aan de hand doe om het testosteron-gehalte in het bloed der terreinwagen-fanaten wat te doen dalen. Over de grond van de zaak niets : belijkbaar is het nog te vroeg om te beseffen dat "terreinwagens" en "natuur" 2 tegengestelde begrippen zijn.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Na Bélgica : "a queda de um anjo"


O Senhor Yves Leterme, ex-Primeiro Ministro da Bélgica deve ser um Homem amargado. Até há pouco tempo, tinha um currículo perfeito e imaculado como ministro-presidente do Governo Regional da Flandres : ainda não havia crise económica e a Flandres prosperava como nunca antes. Não tenham dúvidas : Yves Leterme era um politico bem sucedido e muito popular. Mas, no maldito ano de 2007, achou que tinha chegado o momento para saltar mais alto e entrar na política federal. Apresentou-se às eleições federais de 2007, como cabeça de lista do principal partido da Flandres, o Cristão-Democrata. Foi o canto do cisne do Yves : ganhou as eleições de uma maneira fulgurante e foi quase plebiscitado para ser 1º Ministro; conseguiu o tacho, mas a partir daí, a sua carreira começou a descer a pique. Yves nunca foi muito querido entre os francófonos porque pareceu personificar o flamengo emancipado, consciente dos seus direitos , que eles não apreciam minimamente. Mas agora, quando Yves começou a engolir uma promessa básica do seu programa eleitoral, para fazer num apice (sic) a reforma do estado no sentido exigido pela opinião flamenga (e também pelo Tribunal Supremo belga), afastou, não só o NVA, um pequeno partido seu aliado, mas também uma parte substancial da sua base eleitoral, a maioria silenciosa do povo flamengo. Para além disso, tornou-se o Rei das gaffes, quando, no dia nacional da Bélgica, cantou, em frente das televisões, a Marseillaise, confundindo-a com o hino belga . Como chefe do governo, Yves mostrou duas facetas contraditórias : a de pessoa insegura , instável e a de teimosa, irredutível. Apresentou num curto lapso de tempo 3 vezes a sua demissão, sempre recusada pelo Rei Alberto. Finalmente o escândalo das pressões exercidas pelo seu governo sobre o sistema judiciário, em relação com a venda precipitada do banco Fortis, empurrou Yves para o abismo político. Exit. Quantas vezes já vimos esta imagem de pessoas que querem ser maiores do que a sua sombra : Yves podia ter sido o politico mais poderoso na Flandres durante muitos anos , mas preferiu mergulhar no lago de águas turvas do governo federal belga. Um lago cheio de crocodilos e piranhas...
Yves Leterme had alles om gedurende vele jaren de onaantastbare Minister-President van Vlaanderen te zijn. Maar hij verkoos te zwemmen in de troebele vijver van de federale Belgische politiek, een vijver vol met krokodillen en piranhas...

segunda-feira, dezembro 22, 2008

O estado como patrão do seculo 19.

No século dezanove, muitos patrões-capitalistas colocaram os seus operários numa situação de semi-escravatura económica. Para eles era só ganhar : não só pagavam vencimentos muito baixos, como também alugavam ao seu pessoal as casas que mandaram construir nos bairros "sociais" . Simultaneamente vendiam-lhes produtos alimentares e afins nas lojas dos quais eram geralmente os proprietários. Nestes tempos de crise contínua, os trabalhadores encontravam-se frequentemente numa situação de insolvência iminente e a fome apertava. Não havia problema: o patrão, dava credito fácil nas suas lojas, determinando ele-mesmo a taxa de juros e tendo como garantia o salário do súbdito. Assim o trabalhador era nem mais nem menos do que um refém do sistema, totalmente dependente do seu empregador e condenado à docilidade absoluta. Quando constamos que um governo no inicio dos anos 2000, oferece também empréstimos aos seus funcionários em dificuldade, deveremos analisar a situação. À primeira vista, esta medida pode constar de uma solução adequada para remediar a algumas situações urgentes. Todavia uma abundância de candidatos, significaria que o Estado falhou nas suas obrigações sociais e que os seus funcionários perderam tanto poder de compra, que chegaram a um nível de indecência económica. Parece verdade que "l´histoire se repète" mas infelizmente será que um governo de "griffe" socialista recorre aos velhos métodos paternalistas do capitalismo ? Observação final : os trabalhadores independentes com dificuldades serão discriminados e entregues à sua sorte?
De regering stelt leningen voor aan de staatsambtenaren die het economisch moeilijk hebben. Doet dat niet denken aan situaties uit de 19de eeuw : vooral als we weten dat diezelfde ambtenaren jaren aan een stuk hebben moeten in leveren...En wat voor de hardwerkende niet-ambtenaren, die het moeilijk hebben?

sábado, dezembro 06, 2008

Barulho caro e prestigio...

Segundo a imprensa, o custo da Casa da Música no Porto derrapou 78,2 milhões de euros. Qualquer investimento na Cultura é importante, louvável e necessário, todavia não significa que os gurus da cultura - neste caso concreto os da Obra no Porto - dispõem de uma "carte blanche" para tirar alegremente o dinheiro pela janela em nome do prestigio de Portugal. Alguém falhou estrondosamente e deve assumir as suas responsabilidades ou admitir publicamente a sua incompetência. Qual prestigio: o de não saber fazer contas? Estes quase 80 milhões de euros davam certamente para manter abertas algumas maternidades ou urgências no Interior. Anteontem passei ao lado do inútil Estádio do Algarve e no mesmo momento os meus pensamentos iam para uma jovem familiar que estava a fazer 150 km para poder dar a luz um bebé prematuro em condições aceitáveis. Qual prestigio? Há alguns meses fiz uma palestra no auditório duma escola publica : chuveu e no auditório estavam colocados vários baldes para recolher a água que pingava do tecto. Qual prestigio? O prestigio de um país é definido em primeiro lugar pelo bem-estar dos seus cidadãos e não por obras megalómanas que em muitos casos hipotecam a qualidade de vida diária do povo... Para falar de uma maneira pouco respeitosa : prestigio, my ass...
De muziektempel - a Casa da Música in Porto - heeft finaal bijna 80 miljoen euro meer gekost dan gepland. Terzelfdertijd ook denkend aan enkele nieuwe, nutteloze voetbalstadia: het prestige van een land wordt volgens mij meer bepaald door het welzijn van de burgers dan door megalomane constructies...

quarta-feira, novembro 26, 2008

"Aportugesado", uma palavra com sentido pejorativo?

Há alguns dias um(a) funcionário(a) de um certo Ministério visitou (ou melhor ainda, fiscalizou) a empresa na qual exerço uma função directiva. Por norma não temos problemas com fiscalizações porque observamos a Lei na medida do humanamente possível e quando surgem eventualmente algumas observações, tratam-se sempre de detalhes insignificantes que escaparam à rotina do dia-a-dia e que podem ser resolvidos em 24 horas. É mais do que normal que os funcionários públicos tenham uma auto-estima bem desenvolvida e sublinhem os pequenos lapsos que detectam : é uma prova que trabalham com rigor e que nada escapa aos seus olhos de falcão. Bem haja! O que é menos normal é que o(a) Sr.(a) funcionário(a) comente nas costas do dito director da seguinte maneira venenosa: o vosso chefe, mesmo sendo estrangeiro, já é bastante aportuguesado porque constatei isso e isso... Por outras palavras, já sou bastante Português, mas se fizesse infracções mais graves ou mais frequentes, então poderia talvez chegar ao estatuto de Português inteiro e completo. Que "boca" sublime : então, o Estado Português tem pessoal na rua que comenta os estrangeiros utilizando termos depreciativos pelo seu próprio povo ? Será a manifestação de um luso-masoquismo latente "mais malandro és, mais serás parecido com um Português" ? Honestamente não sei como o cidadão comum pode tolerar este tipo de actuação por parte de pessoas pagas pelo seu bolso....
Volgende kommentaar gehoord van een staatsambtenaar wijzend op enkele mini-infracties: je bent al goed op weg om Portugees te worden....

sexta-feira, novembro 14, 2008

O Economista pratica a arte da autópsia económica.

Durante toda a minha vida, tive sempre um grande respeito pelos economistas. A leitura dos seus artigos na imprensa originava em mim uma profunda admiração por estas pessoas que eram capazes de prever - utilizando um vocabulário técnico-etérico - o futuro da nossa economia e que eram sempre dispostas a dar - a partir do seu púlpito - explicações e conselhos ao cidadão comum. As suas actuações nas televisões não comprometeram em nada esta imagem, muito pelo contrário, aquelas pessoas calmas e decididas, geralmente vestidas em fatos discretos de marca e falando com uma voz suave e contida , fortaleceram ainda a boa impressão criada dentro da minha cabeça. Os acontecimentos dos últimos meses abriram-me os olhos e de facto devemos admitir que os economistas funcionam melhor na sua condição de autopsiadores da economia e não como na de orientadores . Hoje em dia aparecem, tão convencidinhos como antes, nos nossos ecrãs para explicar o que se está a passar na economia, quando na realidade devíamos ter ouvido alertas,avisos e explicações há alguns meses atrás. As ocorrências recentes provaram mais uma vez que a economia não é uma ciência exacta como a matemática, física ou química, deve ser mais considerada com uma "ciência especulativa" porque é baseada em muitos factores impalpáveis e subjectivos (a confiança do consumidor, por exemplo). Além disso, a "ciência da economia" não é independente das ideologias políticas : cada ideologia tem economistas ao seu serviço e todos produzem ou produziram o mesmo tipo de retórica para defender o sistema económico no qual estão inseridos, quase sempre com argumentos contraditórios. São economistas que fundamentaram o sistema económico marxista, fascista ou capitalista e - se calhar - todas falharam. Conclusão : autopsiadores são necessários...mas não tantos....
Het lijkt me steeds duidelijker dat de economisten in feite meer een nabeschouwende functie hebben dan wel een orienterende of preventieve: het zijn in feite lijkschouwers van de economie en niet zozeer gidsen of leidinggevers. Daarbij hebben alle ideologische strekkingen economisten ter beschikking die met dezelfde welsprekendheid tegengestelde standpunten verdedigen.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Testosterona “on wheels”: os 4 x 4 e o ambiente….

No nosso país, organiza-se sempre mais actividades com motas e veículos todo-o- terreno. Nos fins-de-semana invadem os campos, matas e florestas. Muitas Câmaras deliciam-se em apoiar tais eventos, crendo que é uma manifestação incontestável da sua abertura ao mundo moderno. Quase sempre se sugere alguma interligação entre a natureza e as máquinas referidas, intitulando por exemplo um vulgar “raid” como um “passeio na natureza”. É urgente esclarecer aquela gente: as actividades referidas são verdadeiros atentados ao ambiente, pois implicam incursões de carácter violento com máquinas potentes na natureza, remoendo os caminhos em terra batida, destruindo plantas, afugentando animais, incomodando os outros cidadãos com o seu barulho e fumo. Além disso, incluem frequentemente no seu programa umas “provas especiais” nos riachos e nas ribeiras, destruindo alegremente as suas bermas e poluindo a água com lama.
Como é que alguém pode alguma vez considerar como “actividade ecológica” o gasto brutal de grandes quantidades de carburante de origem fóssil e com emissões de CO2 até 35% superiores à média só para divertimento? Em vários países europeus os tais”passeios” são regulamentados de maneira drástica e quase nunca incentivados. Também vale a pena notar que o próprio conceito do todo-o-terreno – excepto no caso de uso profissional – está em discussão: diversas cidades Holandesas interditam simplesmente o estacionamento a este tipo de veículos no seu perímetro, pois ocupam muito espaço, poluem enormemente e provocam no caso de acidente lesões muito mais graves. Conclusão: a promoção de actividades motorizadas na natureza não é uma prova de alguma sensibilidade ecológica, não é exactamente o oposto, é a demonstração eloquente dum atraso ambientalista dramático.
Mas quem são estes “pilotos” do sábado e domingo? Não há dúvidas que – em muitos casos – somos confrontadas com indivíduos que sofrem dum excesso de testosterona nas veias. Obrigados durante a semana a fazer uma vida de rato cinzento atrás duma secretária, põem durante o fim-de-semana o capacete, vestem um fato de astronauta, entram na sua máquina poderosa e – de repente – explodem sob a forma de um machista omnipotente.
Tenho dois conselhos para estes coitadinhos com tal desequilíbrio hormonal: os mais novos devem tomar com regularidade um duche frio ou então alistar-se nos paracomandos, os mais velhos devem reduzir a sua dose de Viagra ou então comprar uma boneca insuflável.
Steeds meer duiken tijdens de weekends terreinwagens op in onze velden en bossen, die eigenlijk een echte aanslag betekenen op het milieu. Vaak worden ze voorgesteld worden als natuurwandelingen terwijl ze juist wegen en planten vernielen en dieren verjagen. Vaak hebben de "piloten" machistische trekjes.

sexta-feira, outubro 31, 2008

Oh Meu Deus, tire-me isto das ondas…


Por motivos profissionais devo viajar muito de carro e por isso tornei-me um pouco radio-dependente. Todavia, cada dia há um trio na TSF e na Antena 1 que me consegue irritar profundamente. Estou a falar do Bruno Nogueira, do Herman José e da Maria Rueff, não tanto as pessoas em si, mas bem as suas vozes infantilmente alteradas.
Não há realmente ninguém que lhes possa sussurrar aos ouvidos – sem os magoar psicologicamente – que num programa destes na rádio é antes de tudo o conteúdo do texto que é supostamente humorístico e não a vozinha em falsete que o recita?
Só o Bruno começa a berregar que nem uma ovelha gaga nas ondas e já o meu lanche tenta subir ao esófago; enquanto o Herman imita com muitos exageros um estrangeiro a falar português, a minha mão fica instintivamente fora de controlo e muda de canal e – mais grave ainda – quando a Rueffezinha começa a discursar como uma doméstica tonta, então, sim senhores, tenho logo vontade de atropelar a minha mulher a dias. Demais é demais.
Não quero – nestes tempos de crise – que estes forçados da radiofonia sejam despedidos e restringidos ao vencimento mínimo nacional, não, só quero que se requalifiquem um pouco, tirem um ou outro curso de formação e tentem produzir textos realmente capazes de provocar um sorriso discreto nos meus lábios, sem a necessidade de recorrer a uma ginástica ridícula das cordas vocais. Assim os condutores que me ultrapassam e que olham para a minha cara, vão compreender que estou em paz e feliz de ouvir algumas coisas que me desviam da realidade dura da vida diária. Porque, acreditem, ela é dura...
Het irriteert me sommige radio-komieken te horen die op kinderachtige wijze hun stem veranderen; ik ben van mening dat op de radio vooral hun teksten op zich moet humoristisch zijn en niet hun artificieel stemgeluid.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Não podemos nascer doutor?

Quando ouvi falar pela primeira vez das novas oportunidades (para obter um diploma) achei uma boa iniciativa : oferecer às pessoas que não o puderam fazer durante a sua juventude, a oportunidade de finalizarem o seu curso seja do ensino básico, secundário ou superior. Uma primeira grande surpresa foi para mim o facto de que -segundo parece - algumas empresas começam a seleccionar os candidatos para uma vaga com uma pergunta deste género: "as habilitações que apresenta, foram obtidas no seu percurso escolar normal ou são fruto do programa das novas oportunidades ? " Parece que várias entidades patronais demonstram uma nítida preferência pelo sistema clássico, alegando que o referido programa facilita demasiadamente, pois existiria a intenção oficiosa de "regalar" um diploma a cada um afim de melhorar as estatísticas do país. Bem, bem. Depois fui confrontado com as queixas amargas de alguns possuidores de diplomas "normais": "estudei dia após dia durante tantos anos , os meus pais fizeram grandes sacrifícios para me permitir tirar o curso, à noite trabalhei como um louco para pagar os livros e agora... qualquer malandro obtém um diploma fazendo alguns cursitos à noite ou entregando um trabalhito qualquer : é profundamente injusto...
A um estrangeiro desconhecedor de todos os elementos que interferem neste assunto não compete ter uma opinião neste caso. Todavia, se for verdadeiramente a vontade do governo aumentar o numero de diplomados em Portugal, tenho um remédio simples, talvez um pouco psicadélico:
a. um Decreto-Lei define que todos os bebés recebam no seu dia de nascimento o título de "doutor" ou "engenheiro"e a cada um deles será entregue um livrete com 10 pontos-valores
b. Durante a sua vida o cidadão "doutor" ou "engenheiro" será fiscalizado e pode perder os pontos que constam do livrete referido no caso de fazer os seguintes asneiras :
1º escrever Lizboa com um "Z" e baca com um "B"
2º situar a ilha da Madeira em frente de Peniche.
3º afirmar que Fernando Pessoa é o pseudónimo do ciclista Ricardo Reis que ganhou a Volta à França .
4º achar que Sócrates é um filósofo grego que sobreviveu até ao dia de hoje
5º cantar a Internacional como sendo o Hino de Portugal
6º pensar que Fernão Magalhães é um inventor de brinquedos informáticos para crianças
7º ter a convicção que o Mirandês é a língua oficial da Espanha
8º julgar que o colesterol é um aperitivo exótico com pouco álcool
9º estimar que a arte rupestre é o jeito de lavar roupa à maneira campestre
10º confundir os deputados no Parlamento com alguns imputados no Barlavento
Em todos estes casos as autoridades serão implacáveis e degradarão os indivíduos em causa.
c. Considerando que somos todos iguais, especialmente na hora da Despedida, será concedida uma amnistia culturo-intelectual a todos os moribundos, de tal maneira que morreremos exactamente como nascemos , "doutor" ou "engenheiro". Viva a igualdade total!
Thans is hier een systeem in voege, genaamd "nieuwe opportuniteiten", dat aan mensen, die daar in hun jeugd niet in slaagden, toelaat op alternatieve wijze een diploma te behalen (zij het lager, middelbaar of hoger onderwijs). Sommige kritikeren dit systeem met de bewering dat het te gemakkelijk is en dat het alleen de bedoeling is om de statistieken van het land wat op te fleuren.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Quando a Igreja ainda salvava os banqueiros do Inferno...

Na altura do 2º concilio de Macon nos anos 600, a Igreja proibiu aos padres de ter cães em casa. O motivo era que o cão é um animal muito libidinoso que podia dar aos religiosos “ideias” incompatíveis com o celibato. De facto quem olha na rua para estes bandos de carnívoros depravados que andam, sem vergonha, em grupos à volta das cadelas com cio, com a língua – e não só – de fora, conclui imediatamente que a preocupação principal daqueles animais consiste em – além de comer – fornicar o mais frequentemente possível. Assim não é difícil de entender a medida referida por parte da Nossa Santa Mãe, a Igreja Católica.
Outros documentos antigos contam que a um certo momento as-damas-da-vida-fácil foram obrigadas pela mesma Instituição a vestir roupa interior de cor amarela. Isto também tinha alguma lógica preventiva: naquela situação delicada, o “apaixonado” podia ver imediatamente que a donzela-dos-seus-sonhos-dum-momento era de facto uma profissional e que neste contexto era talvez mais do que indicado recorrer a um destes pequenos-estojos-de-forma-anatómica feitos em intestino-de-borrego (os preservativos de então) para se proteger contra comichões prolongadas.
Tudo isso nos leva a pensar que a Igreja tinha também a intenção de proteger alguém ou alguma coisa, quando durante muito tempo negou aos católicos o direito de ser banqueiro ou - em outras palavras - de viver dos lucros ganhos pelo empréstimo de dinheiro a outros seres humanos necessitados : neste caso, era de certeza a alma dos banqueiros, porque se trata duma actividade radicalmente oposta à prática do amor do próximo, um pecado que dá automaticamente direito à queima eterna no Inferno.
Onze Moeder de H.Kerk legde eertijds de pastoors een hondenverbod op, verplichtte de hoertjes om geel ondergoed te dragen en ontzegde aan katholieken het recht om bankier te zijn. Dit laatste voor het zieleheil van de kandidaat-bankiers.

terça-feira, outubro 14, 2008

Ranking de Universidades

O Diário "As Beiras" publicou ontem um artigo sobre a classificação da Universidade de Coimbra no World University Ranking, com um título principal ligeiramente enganador, a saber: "Coimbra continua a ser a melhor". A realidade no entanto é que, a Universidade de Coimbra desce de novo no Ranking Mundial para o 387º lugar e para o 6º a nível ibérico. Esta classificação pode ser vista no "top 200" do site http://www.timeshighereducation.co.uk/hybrid.asp?typeCode=243&pubCode=1 .
A impressão que tenho é que este ranking não é muito diferente da também famosa lista elaborada pela Universidade de Xangai. Uma classificação deste género vale mais do que uma mera explicação para o consumo local e merece uma análise mais aprofundada. Assim constatei com contentamento - provavelmente motivado por algum chauvinismo latente da minha parte - a excelente prestação das Universidades Neerlandófonas. De facto, nas primeiras 200 classificadas encontramos nem mais nem menos, do que 14 institutos de expressão neerlandesa ( dos Países Baixos e da parte Flamenga da Bélgica, ou seja um universo linguístico com apenas 22 milhões de praticantes). Comparada com a Francofonía (8 classificadas), o mundo Hispânico (3 classificadas) ou a Lusofonia (só representada pela Universidade de São Paulo) é caso de um resultado extraordinário. Neste contexto, seria injusto omitir os êxitos também notáveis de alguns outros pequenos países como a Dinamarca, a Suíça, a Suécia ou Israel. Uma coisa esta fora de discussão: a qualidade do ensino universitário não está minimamente relacionada com importância numérica de uma ou outra zona linguística. Não disponho de autoridade nenhuma para interpretar estes dados, todavia tenho as minhas opiniões como cidadão. Sendo assim, não creio que a pletora de "universidadezinhas" em Portugal - que crescem como cogumelos por todo lado -, seja propicia ao incremento do nível do ensino superior; não só porque não cria quaisquer estímulos de competitividade intelectual como também desvia meios financeiros do objectivo principal que deveria continuar a ser em exclusivo as universidades "a sério". Além disso estou convencido que deveríamos mudar um pouco de mentalidade: fanfarronar menos sobre Grandeza, Prestigio e Mundos, e dedicar-nos mais ao trabalho assíduo, exigente e silencioso. Há bastantes cientistas que funcionam nestes moldes em Portugal, mas estes - excepto em alguns esplêndidos programas da RTP2 - têm raramente a oportunidade de aproximar-se dos microfones...
Het is toch merkwaardig dat in de World University Ranking bij de top-200 veertien (14) nederlandstalige ( Nl+Be) universiteiten zijn, meer dan frans-, spaans-, en portugeestalige samen. Er is dus zeker geen verband tussen het aantal sprekers van een taal en de kwaliteit van het hoger onderwijs in diezelfde taal.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Casamentos gays: por favor, não discriminar os heterossexuais….


Em Portugal o casamento dos homossexuais é – além da crise financeira global e do desemprego galopante – um problema político da actualidade. Compreendo perfeitamente que estes cidadãos querem também poder oficializar as suas relações. Todavia admito que me confunde um pouco constatar que há sempre mais casais heterossexuais que desistem do casamento para reclamar direitos numa situação de convivência em comum não-oficializada enquanto no mundo dos gays e das lésbicas a luta é na direcção contrária. Os dois movimentos opostos do mesmo pêndulo?
Não me parece bem entrar demasiadamente no assunto, se não poderíamos chegar a reflexões incómodas. Explico-me com um exemplo: dois heterossexuais do mesmo sexo poderão casar-se, admitindo que não nutrem qualquer atracção sexual o um pelo o outro? Imaginamos dois viúvos que querem viver juntos por motivos práticos: para poupar dinheiro (água, electricidade, renda, etc.) e porque um não gosta de cozinhar e o outro detesta lavar a roupa. Querem oficializar administrativamente a sua relação não sentimental: será permitido ou devem dar mesmo uma prova do S.P.A.C.? Na história há inúmeros casos conhecidos de situações contrárias: homossexuais que entraram num matrimónio heterossexual, bem conscientes da sua condição. Então, neste contexto não seria discriminatório definir o casamento entre pessoas do mesmo sexo como um privilégio reservado às comunidades gays e lésbicas…Confuso, não?
In Portugal staat het homo-huwelijk in de politieke aktualiteit. Een nadenkertje: zullen heterosexuelen van hetzelfde geslacht die samenwonen ook mogen huwen, bv om administratieve of budgettaire redenen?

sexta-feira, outubro 03, 2008

Sofro de banco-nojo incurável...

Nesta época de crise no mundo dos bancos, revoltam-me algumas declarações de dirigentes de bancos ou outras instituições financeiras na TV e nos meios de comunicação social.
Estes Senhores – com uma cara passada a ferro – vêm dizer que os cidadãos são uns estúpidos, culpados pela sua própria desgraça, porque recorrem a crédito para viagens exóticas acima dos seus meios, para carros com cilindradas demasiadamente altas e para casas excessivamente luxuosas. Talvez tenham razão e o freguês pouco inteligente pouparia de facto muito dinheiro continuando a viver na sua barraca, passando ferias no quintal e deslocando-se em bicicleta. Todavia o que é extremamente hipócrita é que as referidas instituições gastam milhões de euros em publicidade para seduzir o Zé Povo a endividar-se e a contrair aqueles empréstimos asfixiantes. Para esta finalidade não hesitam em contratar vedetas do mundo do desporto e do pequeno ecrã e oferecer a torto e direito prendas e brindes. A publicidade para produtos financeiras é na realidade tão amoral como para cigarros ou álcool e nesta lógica deveria ser proibida: também empurra milhares de famílias para o abismo sem suportar qualquer tipo de responsabilidade; pior ainda, quando o sistema está em crise os cidadãos são convidados através de diversas construções elaboradas por políticos coniventes a contribuir para tapar os buracos dos senhores banqueiros. Em palavras simples e directas: os cidadãos, através dos seus impostos, dão dinheiro aos mesmos que lhes estão a vender credito. O verdadeiro ovo de Colombo!
Não tenham muito pena: quando uma alta patente do banco se demite (ou se for demitido) não se afunda na miséria, nem deve ir ao fundo do desemprego: aterra confortavelmente com um pára-quedas em ouro que nunca vale menos de 1, 2 ou 3 milhões de euros: outra situação socialmente e humanamente indefensável...
Op TV komen de bankiers thans verklaren dat de gewone man een dommerik is die teveel leningen aangaat maar al de andere kant spenderen ze miljoenen aan publiciteit juist om de burger aan te zetten tot lenen. Dergelijke pub zou moeten verboden worden, net als die voor alcohol en sigaretten.

sexta-feira, setembro 26, 2008

TAP: para ser ainda um bocadinho melhor...

Um destes dias tive de deslocar-me a Bruxelas. Optei pela TAP uma vez que as outras companhias estavam cheias, muito caras ou a horários humanamente inaceitáveis. Honestamente um alivio após tantos anos de "low cost". Todos os meus órgãos e músculos agradeceram : os joelhos porque podiam se desdobrar de vez em quando, o estômago porque viu entrar um petisco quente e apetitoso no lugar destas sandes-algodão compradas a preço de ouro e os meus nervos porque não tive de lutar para obter um lugar vantajoso ou para arrumar a minha bagagem. Parabéns. Neste contexto, não devem interpretar a minha mensagem como uma critica mas sim como uma ideia construtiva para melhorar ainda o serviço e ganhar uns clientes extra. Nos aviões temos o costume de ouvir os tradicionais anúncios (sobre a segurança, sobre o percurso, sobre as vendas a bordo,..) em Inglês e na língua oficial da companhia : neste caso concreto o Português. Mas neste voo TAP604 todas as comunicações foram também feitas em Francês, sem duvida uma cortesia na direcção dos clientes oriundos do pais de destino, a Bélgica (o que também acontece em voos para a Alemanha, França, etc.). Todavia existe um pequeno pormenor : a língua oficial da maioria da população Belga é o Neerlandês e no voo referido era bem visível que grande parte dos clientes belgas a bordo eram efectivamente Flamengos. Ninguém tem duvidas que nesta situação a TAP peca por "ignorância" e não por maldade, mas seria uma pequena atenção muito apreciada se pudesse também recorrer ao Neerlandês em aviões com destino Bruxelas. Para isso podem utilizar gravações ou mesmo ler directamente um texto pre-escrito : a pronuncia do francês que ouvi no voo TAP604 também estava longe da perfeição...
E pois podem lançar este slogan : a TAP onde também os Flamengos se sentem en casa.
Op de vluchten van en naar Brussel worden door de Portugese luchtvaartmaatschappij meededelingen gedaan in Engels, Portugees en Frans. Dit laatste dan als attentie voor de Belgische klanten. Het zou een extra toetje zijn voor de Vlaamse reizigers zo ook de taal der grootste bevolkingsgroep in Belgie gebruikt werd. TAP waar ook Vlamingen zich thuisvoelen.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Comida anti-portuguesa ...

Passei uma noite em Lisboa e tentei obter na recepção do hotel uma dica para um restaurante bom nos arredores. A ajuda não podia ser mais eficaz: entregaram-me imediatamente um cartão de visita dum estabelecimento na Avenida Garcia Elias, repetindo efusivamente que era "a cozinha tipicamente portuguesa e além disso que não era muito caro". Por norma - ou será por ingenuidade? - confio nos conselhos dos moradores dum sitio e fui jantar no restaurante sugerido. Ai mama mia, que ratoeira para turistas... Sobre o ambiente não há nada a dizer : bastante requintado (paredes ornamentadas com diversas colecções de azulejos, moedas, bandeiras, etc.), pessoal ultra-charmoso e brincalhão e uma ementa sedutora. Pedimos um vinho branco fresco e - se calhar devido à nossa aparência lusófona- o empregado veio nos sussurrar ao ouvido que para nos era 2 euro mais barato do que estava marcado na lista. Estranho,não? Escolhemos 2 pratos típicos portugueses : polvo à lagareiro e carne de porco alentejana. O polvo que de facto era um único tentáculo dum polvito qualquer, era servido com 6 batatinhas a murro, um pouco de couve e um punhado de uvas brancas. O outro prato era composto por algumas poucas batatas, uns 8 pedacinhos de carne ultra-dura ( dos quais metade incomestível porque só nervos e tendões), couve, arroz , uma rodela de laranja e outro punhado de uvas. De coentro nem vestígios. Como a fome nos ainda apertava, o meu companheiro pediu uma dose de Queijo da Serra, que veio de forma impecável, mas mal acompanhado por bolachas moles e doces; eu optei para uma "especialidade da casa", um "biquíni", na realidade uma coisa infecta baseada em natas misturadas com alguns pedaços de fruta já fora do prazo e -adivinhou - também as indispensáveis uvas brancas). Todos os esforços dos empregados - visivelmente treinados para o efeito- para atenuar a nossa decepção com a oferta dum mini-mini-copo de ginja foram em vão : nunca mais ! Só me preocupam os muitos turistas que andavam la. De certeza nunca mais voltarão, mas devem ter uma ideia bastante negativa sobre a gastronomia portuguesa. Lamento a existência deste tipo de combinações enganadoras entre hotéis e restaurantes que contrariam toda a publicidade feita para a boa cozinha portuguesa. E a final : era barato? Nem por isso, para a qualidade e quantidade oferecida, bastante caro...
Soms bestaan er in Lissabon (maar wellicht overal ter wereld) afspraken tussen hotels en restaurants om de niets vermoedende toerist naar bepaalde "typische" eetgelegenheden te lokken waar hij dan meer met folklore dan met lekker eten gekonfronteerd wordt.

quarta-feira, setembro 17, 2008

A inexplicável atracção do café menos higiénico da Bélgica

Na pacata aldeia de Hansbeke – Flandres Oriental visitámos o café provavelmente mais sujo da Bélgica. Mas exactamente por isso é também um dos mais atraentes. O café chama-se De Reisduif (o Pombo-Correio) e é gerido por Léon um sexagenário valente e antigo columbófilo. O Léon soube transformar características que normalmente só causam repugnância e desgosto em pólos de atracção. O estabelecimento onde o Léon governa sem contestação encontra-se num estado lastimável: degradado, podre e sujo,
O caminho de acesso laminoso é só utilizável graças aos milhares de caricas aí depositadas ao longo dos anos. O pátio está repleto de velhas garrafas, cadeiras plásticas cobertos de musgo e tendas em desequilíbrio. Dezenas de pombos dormitam no telhado, só interrompendo ocasionalmente esta nobre actividade para defecar “ad libitum”. No interior notámos papel de parede sem cor definida a cair, um mini-balcão ruído pelos vermes e um fogão vetusto a carvão mineral. Porque não há copos, Léon só serve bebidas de garrafa que – como também não tem frigorifico – saem directamente da grade. Inserindo uma moeda num juke-box da época, pode ouvir musica pimba dos anos ´70. Entre os clientes – jovens e velhos – reina a boa disposição: uma mini-sociedade sem classes, unida pelo lixo. Depois de beber uma ou duas cervejas e de escutar as sempiternamente mesmas piadas do Léon, cada um volta à sua vida: uns com bicicleta, outros com Mercedes ou BMW…Em Portugal a ciclópica ASAE toparia imediatamente o “De Reisduif”, mas creio que na Flandres fecham os olhos, considerando que – mesmo que os biliões de micróbios, bactérias e fungos que abundam mo negocio do Léon não sejam o ideal para a nossa saúde – alguns momentos passados na companhia do velho columbófilo são excelentes para o nosso bem-estar psíquico. E quem sabe: permanecer uma meia hora circundado por tantos agentes patogénicos pode ter algum valor preventivo, um tipo de vacina múltipla; imagine-se só um momento que os clientes de Léon se tornem mais resistentes às tão temidas infecções hospitalares…
Em todo este contexto, não é nada de estranhar que a intervenção cirúrgica à qual Léon foi submetido há alguns meses, obteve um lugar importante no noticiário da TV flamenga: de facto, o património cultural é um assunto para todos.
Tijdens het vorig weekend bezochten we het legendarische café De Reisduif, waar een herboren Léon de plak zwaait.

terça-feira, setembro 16, 2008

Discriminação da maioria Flamenga na Bélgica (1)


As Finanças belgas tratam de maneira injusta e discriminatória os contribuintes flamengos. A esta conclusão chega o ex-ministro do Orçamento, Johan Vande Lanotte (Partido Socialista)com base nos seguintes numeros.
Na Flandres a percentagem dos contribuintes que não pagaram os seus impostos no último ano e que ainda não foram incomodados pelos serviços competentes do Estado oscila entre os 6,5% (Antuérpia) e 11,6% (Louvania); na parte francófona do pais, a situação é bastante diferente: entre 26% (Namur) e 46,6% (Charleroi) dos contribuintes em falta ainda não foram intimidados pelo fisco.
Autorizando estas diferenças intoleráveis, o Estado belga patrocina outra vez uma transferência injustificável de dinheiros da Flandres para a Valonia.
Qousque tandem, Bélgica,abutere patientia nostra?
Wie binnen zijn belastingen niet betaalt wordt vooral in Vlaanderen daar binnen het jaar voor lastig gevallen door de fiskus. In Wallonie is dat veel minder. Weer wat discriminatie...

segunda-feira, setembro 08, 2008

Temos a prova: não é preciso limpar….

Na nossa povoação organizou-se há umas 3 semanas uma festa tradicional em honra do Santo António. Bem, bem tradicional, no sentido de fluxos imparáveis de música pimba e muito barulho nocturno. Parece que quanto mais são os decibéis, melhor será a qualidade do divertimento popular.
A Junta da Freguesia que se empenhou tanto na construção dum enorme bunker “bar-de-apoio”, não cumpriu a sua promessa de instalar casas de banho, de tal modo que a tradição respeitável da defecação campestre foi entusiasticamente mantida.
Enquanto os preparativos do evento demoraram varias semanas, a sua finalização foi muito mais rápida, não sobrando qualquer tempo para limpar o papel, plástico, latas e outras porcarias abandonados no sitio.
No final isso não foi necessário: alguns cães vadios, centenas de moscas , um par de aguaceiros e um vento forte resolveram o problema. Hoje tirei umas fotografias e podem ver a veracidade das minhas afirmações: os excrementos diluíram-se, o lixo espalhou-se: dentro de 3-4 meses esta terra estará limpinha como antes. Viva a natureza…
In ons dorp organiseert men feesten, maar nadien vertikt men het de boel nadien op te ruimen. De natuur doet het dan maar zelf : wind en regen met de hulp van vliegen en loslopende honden...

De Gordel, a Cintura Sagrada que circunda Bruxelas….


Ninguém tem dúvidas sobre a origem flamenga de Bruxelas.
Todavia aquela cidade, da qual o nome significa (casa no pântano = broek-seele), foi submetida a uma “francofonização” sistemática por parte do Estado belga unitário, de tal maneira que os Flamengos actualmente só formam uma minoria na capital do reino belga (talvez 10% dos citadinos). Deve ser um facto único no mundo que uma grande maioria (60%) da população que produz 70% do PIB do seu país, deve chamar à capital uma cidade onde dificilmente pode ser entendida na sua própria língua.
Assim, Bruxelas constitui hoje em dia uma ilha multilinguística (mas prepronderantemente francófona), circundada por território flamengo. Nos últimos 50 anos, muitos francófonos mudaram para a circunferência flamenga de Bruxelas, uma zona evidentemente mais rural e mais verde do que a capital, recusando desde o inicio adaptar-se à cultura existente. São basicamente motivados pela mesma arrogância cultural que incitou Charles Maurras nos anos ’30 a chamar o Português “um dialecto” em comparação com a nobre língua francesa. Na Flandres todos os imigrantes – Turcos, Russos, Italianos, Polacos ou Portugueses – adaptam-se à realidade administrativa e cultural da Terra onde foram acolhidos, os francófonos não. Utilizam sempre o mesmo estratagema: juntam-se, isolam-se, criam partidos e tentam tomar o poder politico nas aldeias onde lhes apetece e depois… começam a reclamar privilégios linguísticos para finalmente exigir o recorte daquele município do mapa da Flandres. É como se no concelho de Albufeira ou Loulé houvesse uma maioria de residentes Espanhóis (ou Ingleses) que após ter ganho as eleições contra a população autóctone, começasse a recusar a aplicação da legislação sobre o uso do Português na administração e no ensino e exigir a integração daquele município na Espanha (ou no Reino Unido).
Para deixar bem claro que nunca vão abdicar dos seus direitos sobre aquelas vilas e aldeias da Cintura de Bruxelas, a comunidade flamenga organiza cada ano uma volta a Bruxelas em bicicleta para cicloturistas. Uma manifestação desportiva, lúdica e pacífica que conta em média com uma participação de 50 a 80.000 pessoas.
Foi ontem e – mais intolerantes do que nunca – os francófonos tentaram boicotar a manifestação arrancando postos de sinalização e semeando pioneses nas estradas.
De facto queriam impossibilitar que os Flamengos passeassem nas terras que há 1500 anos lhes pertencem e que foram imortalizadas nas pinturas de dezenas de mestres entre os quais os 3 Breughel são certamente os mais conhecidos.
De Gordel - een fietsmanifestatie rond Brussel - is een duidelijk signaal dat aantoont dat de Vlamingen niet van plan zijn deze oer-Vlaamse dorpen los te laten.

segunda-feira, setembro 01, 2008

Há ainda bom gosto: por exemplo em Alfafar…(2)


Alfafar é uma povoação que pertence à freguesia de Podentes. Tem fama, não só pelos vinhos aí produzidos (Terra de Sicó), mas também pelas festas, mesmo que a vizinhança imediata do IP3 constitua um factor complicador para aquela actividade . Os Alfafarenses demonstraram este fim-de-semana mais uma vez o seu bom gosto e a sua paixão pela tradição. Quando noutras povoações de Podentes – com muito menos habitantes – julgam necessário construir mastodontes em blocos de cimento para albergar as grades de cerveja, os tremoços e as fogaças, os de Alfafar honraram os velhos costumes usando para o efeito construções desmontáveis, tradicionais e de boa estética popular. Pavilhões simples ornamentados com ramos verdes naturais e um quiosque artesanal elegante à imagem da simplicidade e autenticidade das populações do interior de Portugal, são estas as coisas que aprecia o freguês e que procura o turista. O resto só serve para envilecer o país e originar um encolher de ombros por tanta mediocridade.
In het dorpje Alafafar bouwt men feestjes zonder het milieu geweld aan te doen en de oude tradities in ere houdend...

Há ainda bom gosto: por exemplo em Góis…(1)

Sempre gostei muito de Góis: parecia-me sempre um sítio relativamente bem preservado do modernismo banal e vulgarizador, tanto apreciado por grande parte dos nossos autarcas. No último Domingo passei uma tarde na Praia do Cerejal, uma praia fluvial situada à beira do rio Ceira – a escassos metros do centro da vila - e só posso confirmar a minha convicção anterior por meio de elogios. De facto, aquela praia situada ao lado duma magnífica ponte manuelina, dispõe das comodidades necessárias para satisfazer o turista: areia fina, águas cristalinas cheias de peixes, bons e eficazes serviços de apoio, bares e esplanadas feitos de madeira... Aqui não há lugar para palmeiras exógenas, música ensurdecedora ou fontainhas luminosas … Para aconselhar…
Het stadje Góis heeft - met goede smaak - een strandje ingericht aan de oevers van de rivier Ceira.

sexta-feira, agosto 29, 2008

Um Património vivo desprezado em Portugal

No nosso país temos 4 raças próprias de pombos ornamentais. Ao contrário do que se passa em outros países onde todas as raças de animais domésticos autóctones são apreciadas, preservadas e apoiadas, mesmo que pertençam a espécies sem grande utilidade económica directa, em Portugal estas aves estão em via de desaparecimento. Não usufruem de nenhum incentivo oficial, não merecem qualquer interesse dos meios de comunicação social, são ignoradas pela opinião pública: o abandono total. No entanto, os referidos pombos fazem parte do património vivo deste país na mesma medida como o Burro de Miranda, o Porco Bisaro ou o Cão da Serra da Estrela. As origens do Mariola (2) (e obviamente também da sua forma anã, o Mariolinha (1)) recuam à época dos descobrimentos e deste modo deveriam ter um grande valor sentimental para cada Português: a triste realidade é que existe apenas um par de criadores em território nacional. O Criador Lusitano (4) é um pombo robusto e rústico que além de ser bonito podia ter interesse como produtor de carne para um sector onde estamos sempre à procura de produtos endógenos, todavia esta ave também se tornou raríssima. E finalmente temos o mais pequeno de todos, o cambalhota Português (3), capaz de fazer acrobacias ousadas no ar: uma raça muito apreciada no estrangeiro, tanto na Alemanha como nos EUA.
Honrar o passado é um orgulho para o presente, e neste domínio Portugal falha estrondosamente, claro exceptuando esta mão cheia de criadores nacionais corajosos e perseverantes.
Deze vier inheemse duivenrassen kunnen op weinig appreciatie rekenen in Portugal. Nochtans maken ze deel uit van het levend patrimonium.

segunda-feira, agosto 25, 2008

Apologia dum estilo : o da sobriedade e da contençao..

No momento de se demitir da liderança do PSD após um consulado bastante caótico, o Dr. Luís Filipe Menezes prometeu que nunca iria ser um guerrilheiro contra a nova direcção, nos moldes como lhe trataram "os outros vilões" do partido. Na realidade, não aguentou durante muito tempo : em plena época de férias, publicou no JN um artigo de opinião com fortes criticas a Manuela Ferreira Leite. No que diz respeito ao silencio da Dra. Ferreira Leite, creio que ela tem razão em não gastar saliva proferindo mensagens num momento em que a maioria dos Portuguesas está antes de tudo preocupada com a posição do seu chapéu de sol. Além disso, o velho proverbio "a palavra vale prata, mas o silêncio vale ouro" continua válido, pois Portugal já tem um numero suficiente de políticos que sofrem de verborreia crónica. Ou - ainda pior - que contradizem após alguns dias as suas próprias declarações, como era incontestavelmente a especialidade do Dr. Menezes.
Ao contrario do autarca de Gaia, acho que é muito positivo que o PSD tenha agora alguém nas lides que não precisa- como o oráculo de Delfos - "snifar" o fumo da sardinha assada para entrar em transe politico, nem necessita de participar em feijoadas colectivas para poder p--dar em sintonia com a plebe politica, não, creio que para a Dr. Ferreira Leite chegam o saber, as ideias, a experiência e a convicção para confrontar o eleitorado. Pois este decide se concorda ou não, de preferência com o cérebro e não com o estômago.
É estranho, mas sempre tive um fraco por políticos magros e secos como o Cavaco Silva, o Bagão Felix ou o Carlos Carvalhas . Será que o meu subconsciente ingénuo imagina que esta gente nunca come para se dedicar unicamente e a tempo inteiro ao bem-estar da pátria ?
E já agora, como estamos na hora das confissões, abordamos a castidade, não a verbal de LFM, mas a geral: sofro de alguma aberração por gostar mais na politica de senhoras com um aspecto casto e intocável como Margareth Thatcher, Angela Merkel ou Elisabete 1ª de Inglaterra do que de “babes” como Iulia Timochenko ou Cristina Kirchner? Admito, para mim, a ideia duma primeira dama sensual - talvez em biquíni -ao leme do Estado, é difícil de enfrentar : para esta actividade prefiro as de ferro do que as de carne e osso.
O meu diagnostico deve ser o mesmo do que o de LFM : Provavelmente existimos, logo pensamos que conseguimos pensar...
De nieuwe voorzitster van de 2de grootste Portugese partij ,de PSD is Mw. Manuela Ferreira Leite. Ze houdt er een sobre stijl op na, die haar voorganger niet apprecieert.

segunda-feira, agosto 18, 2008

Discriminação dos estudantes em Coimbra

Na Alta de Coimbra não é sempre fácil estacionar, porque as ruas estreitas da velha cidade não foram pensadas para o trânsito moderno. Assim foi necessário criar regras para regular o estacionamento e é mais do que evidente que foram atribuídas condições de prioridade aos residentes das zonas problemáticas. O que é menos evidente é que os estudantes que vivem em Coimbra, que estão inscritos na Universidade e que podem apresentar um contracto de aluguer dum quarto, não são considerados residentes da cidade, mesmo se passam aí 4-5 anos da sua vida e mesmo se eles e os seus pais contribuem monetariamente durante todo este tempo para o bem-estar económico da Lusatenas. A regra inflexível e – permita-me – perfeitamente ridícula exige que o estudante faça mudar o seu local de residência no seu B.I. e também o seu recenseamento como eleitor. Uma atitude no mínimo discriminatória e pouco “student friendly” da parte de Coimbra, a cidade estudantil por excelência.
In Coimbra - Universiteitsstad bij uitstek -worden de studenten beboet wanneer ze parkeren voor het gebouw waarin ze wonen. Zelfs wanneer ze een officieel huurcontract hebben, baat het niets. Ze moeten hun identiteiskaart wijzigen of...betalen.

Empreendedorismo individual à beira da estrada,sem apoios.

Se nos bosques da zona Centro anda sempre menos caça, isso todavia não impede que continue a existir, especialmente naquelas zonas verdes situadas à beira da estrada, um vaivém bastante intenso,
Não é difícil entender que as atenções dos “caçadores” que aí proliferam não vão propriamente dito para os javalis ou coelhos e que as armas aí apresentadas não funcionam à base de pólvora. Enquanto os caçadores “clássicos” gostam de alguma ostentação machista (roupa de camuflagem, botas tipo paracomando, boné estilo guerra colonial, óculos Rambo e quase sempre em companhia de alguns cães feios e barulhentos), estes outros amantes da natureza são muito mais discretos. No trânsito têm um comportamento bastante esquisito: seguem normalmente a fila e de repente, sem reduzir a velocidade ou sem dar sinal de pisca, desaparecem bruscamente num caminho de terra batida; outros ainda diminuem subitamente a sua velocidade até a uns 10 km/hora fixando de maneira obcecada a berma da estrada e dando aos outros condutores toda a liberdade para os ultrapassar.
Quem são?: são jovens no início da carreira carnal, são velhos buscando uma reanimação assistida, são solteiros fartos do manual, são pais de família saturados dos 100 kg da Mamã, são padres incógnitos à procura de cruzes menos religiosas…
A causa de toda esta irrequietude masculina não necessita de explicações, são as p.titas instaladas nesta franja fronteiriça entre o asfalto e a natureza. De longe parecem extremamente jovens, extremamente louras, extremamente bronzeadas ou então têm o aspecto destas gazelas extremamente esbeltas vindas directamente da savana africana.
Todavia a minha visão defeituosa (os meus óculos exigem sempre mais dioptrias) suspeita que andam aí também alguns elementos mais enrugados, menos frescos.
Cheguei à parte séria do meu exposto: de qualquer maneira, estas meninas – que frequentemente apenas acabaram de sair da adolescência – são também as filhas de alguém e devem ter direito a algum tipo de apoio. Se fosse autarca teria vergonha de saber que havia raparigas da minha terra – o da terra vizinha – obrigadas a prostituir-se, por qualquer motivo que seja. Será totalmente impossível acompanhar estas miúdas por equipas ambulantes de psicólogos, médicos ou assistentes sociais? Estou falando evidentemente dum acompanhamento activo no terreno e não duma assistência virtual submetida à lógica da burocracia…
Zou het niet goed zijn dat de hoertjes, vaak heel jonge meisjes, die aan de boord van de weg de "bos-prostitutie" beoefenen- op wat medische en sociale steun zouden kunnen rekenen?

quinta-feira, agosto 14, 2008

A grande notícia : a crise “mata” comércio tradicional!

Esta era a grande notícia sobre Coimbra, na primeira página do Diário as Beiras de hoje, uma verdadeira revelação. Mas o jornalista também detecta, além da crise, outras possíveis causas deste desastre anunciado, nomeadamente os 3 grandes centros comerciais que existem naquela cidade relativamente pobre e sem grande indústria. É mais do que evidente que esta é a análise correcta e assim chegamos aos políticos que autorizaram a implantação de todos estes mastodontes. De facto são eles que têm culpa directa no descalabro do comércio no centro da cidade e que desta maneira têm a responsabilidade da degradação da Baixa. Enquanto em Portugal se continua a crer que um centro comercial é uma demonstração gigantesca de progresso e enquanto se acha que os estrangeiros são estupefactos por tanta modernidade (temos o melhor centro comercial da Europa, haha) não há nada a fazer, as zonas mais requintadas das nossas cidades vão continuar a “encanalhar-se”. Entretanto os filhos dos pequenos comerciantes podem – se têm sorte – encontrar um emprego nas caixas das grandes superfícies. E à hora do almoço podem comer um hambúrguer do Mac ou uma pizza na Hut. Somos mesmo gajos de vanguarda. Globalização ou fornicação global?
Een lokale krant in Coimbra is (nu pas) tot de bevinding gekomen dat het overaanbod van Supermarkten en Shopping Centers de oorzaak is van het wegkwijnen van de traditionele handel in Coimbra. Beter laat dan nooit...

segunda-feira, agosto 11, 2008

O Urso mandou a factura do Kosovo...

Os ingénuos que pensavam que o Kosovo era um assunto arrumado, já podem começar a mudar de ideias. Jamais o Urso Russo se esquecerá da humilhação à qual foi submetido o seu fiel e secular aliado, a Sérvia. Os princípios sacrossantos utilizados como pretexto para amputar à Sérvia da sua província histórica, o Kosovo, são integralmente aplicáveis aos territórios georgianos da Ossétia do Sul e da Abkházia. Com uma ironia apenas escondida os Russos usam a mesma linguagem que os Americanos e os seus acólitos utilizaram para justificar a suas intervenções nos Balcãs: enviam tropas ”para manter a paz”, fazem uma guerra (ou melhor uma "intervenção") preventiva, zelam para a autodeterminação dos povos, evitam um genocídio, etc. etc. Já está tudo definido: a Geórgia deverá engolir este sapo e perderá as duas regiões em disputa. Não foi muito esperto da parte duma pequena nação como a Geórgia, vizinha dum país gigante, escolher de maneira tão visível o lado da superpotência rival. Os Cubanos podem dizer alguma coisa sobre isso…
Rusland presenteerde de rekening van de zaak Kosovo, iets dat toch iedereen vooraf wist of niet?

terça-feira, agosto 05, 2008

Lazy Jet, Easy Shit…

Há duas semanas necessitava de me deslocar urgentemente a Girona para participar numa reunião importante. Era um imprevisto e assim na 3ª feira às 10 horas da manhã comprei via Internet a uma companhia “low-cost” bem conhecida, um voo Lisboa-Madrid (também comprei a outra companhia para a mesma tarde uma ligação Madrid-Girona e reservei um hotel em Girona). Recebi a confirmação da reserva e viajei imediatamente para Lisboa. Quando às 12h30 procurei o balcão do check-in, disseram-me laconicamente que o voo – que acabei de comprar apenas duas horas antes – tinha sido anulado e que tinha de me apresentar no guichet da companhia. Após ¾ horas de fila, a menina explicou-me friamente que só havia duas soluções: 1º optar pelo próximo voo a realizar-se 2 (dois!) dias mais tarde ou 2º pedir o reembolso do meu dinheiro.
E o voo de conexão perdido e o hotel marcado? A mesma voz congelada comunicou-me “não é da nossa responsabilidade…”
E ainda quando procurei informações sobre eventuais outros voos para o mesmo destino, ouvi murmurar do fundo do frigorífico: “não dispomos de informações sobre outras companhias”.
Conclusão: caro viajante ingénuo, pense duas vezes antes de viajar com companhias “low-cost”; não só pode constar duma experiência deprimente como lhe pode custar muito caro.
Wie zijn vlucht ziet annuleren door een bepaalde maatschappij moet niet op veel clementie rekenen. Trek je plan en draai zelf maar op voor een groot deel van de kosten...

segunda-feira, agosto 04, 2008

A praia do Osso da Baleia: como estragar alegremente a qualidade duma praia

A cidade de Pombal dispõe de uma única praia marítima, a do Osso da Baleia que todavia é uma das melhores da zona centro do país: uma imensa praia de areia fina encostada ao pinhal de Leiria, ainda não submetida à pressão imobiliária omni-destruidora. De facto ideal para pessoas a procura de sossego, calma e beleza natural. Decidimos deslocar-nos diariamente durante as nossas curtas férias de Agosto até este local virtualmente paradisíaco para recuperar dum ano de trabalho duro e cansativo. Assim, na manha do Sábado 2 de Agosto iniciámos o nosso programa chegando àquela “praia prometida”. Instalámo-nos com a nossa panóplia habitual: toalhas, chapéu-de-sol, loções bronzeadoras e bebidas geladas. Finalmente fechámos os olhos e deixámos flutuar a nossa mente na brisa iodada do oceano. Até às 11 horas da manha. Neste preciso momento entraram em acção os altifalantes da “animação de praia” largando um dilúvio de decibéis sobre os tímpanos dos pobres veraneantes: pessoas acordaram bruscamente, crianças começaram a chorar e nós – em companhia de algumas outras famílias – pegámos na nossa tralha e fugimos. Não foi possível verificar, mas segundo o que parece foram ordens emanadas da Câmara para “meter música na praia”.
Será que esta gente nunca ouviu falar “da poluição sonora” sempre condenável ainda mais quando serve para apagar o gritar das gaivotas e o murmuro das ondas?
Não sei se a atribuição da” Bandeira Azul” considera critérios de poluição sonora, mas de certeza deveria…
Een enorm strand, zonder drukte totdat een lawaaierige geluidsinstallatie door het gemeentebestuur aangevraagd om een handbaltornooi op te fleuren, de boel op stelten kwam zetten. Bye bye, rust...

sexta-feira, agosto 01, 2008

E isso que nos falta : as baionetas da Turquia...

Em 1998 o Sr. Recep Tayip Erdogan declarou : "as mesquitas são os nossos quartéis, as cúpulas são os nossos capacetes, os minaretes as nossas baionetas e os crentes os nossos soldados". O Senhor Erdogan não era um simples cidadão exaltado com uma linguagem um pouco fundamentalista, não, nestes tempos era simplesmente o Presidente da Câmara Municipal de Istambul. Actualmente o Sr. Erdogan é o Primeiro-Ministro da Turquia e quer a qualquer preço aderir à Comunidade Europeia. Para poder entrar livremente com todos os seus soldados e todas as suas baionetas?
In 1998 verklaarde de heer Erdogan ondermeer dat de minaretten de bajonetten van de gelovige moslims zijn. Juist...zo iemand hebben we nodig in onze Europese gemeenschap...

quinta-feira, julho 24, 2008

Le roi Óscar est mort, vive la Reine Bonnie...


Há alguns meses faleceu o nosso Óscar. Um laço de amizade de vários anos foi bruscamente cortado.
Deus tenha a sua grande alma porcina, mas a vida continua e agora entrou na nossa órbita a Bonnie. Uma jovem alegre e bem disposta, que além de um cansaço crónico, sofre de uma fome insaciável. A Bonnie nunca foi a Fátima, mas mesmo assim fez uma promessa: a de nunca dar tréguas às toupeiras. Assim com o seu focinho forte e hábil abre buracos na terra abortando todos os projectos destas canalhas subterrâneas para construir túneis e outras catacumbas. Admitimos que por vezes a Bonnie toca - com mais ou menos cuidado - numa flor ou noutra planta decorativa, mas paciência, nem os porcos sabem fazer omeletas sem partir ovos. Seja como for, a Bonnie é um animal politicamente correcto porque é um exemplo do multiculturalismo bem sucedido. De facto, nascida no Alentejo de uma família oriunda da Ásia, ela é toda preta; vive em Portugal, país latino mas só executa (quando lhe apetece) ordens expressas em flamengo, língua germânica. Finalmente, mesmo no plano sexual ela é progressista porque o seu namorado é um cão…
Na het heengaan van Oscar, is Bonnie is ons nieuwe gezelschapsvarken. Een echt multicultureel beest: Vietnamese roots, zwart, geboren in Alentejo-Portugal, (soms) gehoorzamend aan Nederlandstalige bevelen en verliefd op een hond..

quarta-feira, julho 23, 2008

Os bares-de-apoio-às-festas: a solução para o Interior ?


No interior do país há sempre menos maternidades, urgências e escolas.
Tudo isto cheira à desertificação institucionalmente induzida (um pouco como o aborto), mas não é. Muito pelo contrário, existem incentivos e recompensas para os indivíduos que conseguem sobreviver a todas estas desgraças: são as Festas! É a Festa que é o pulmão, o fígado e a bexiga do nosso povo do Interior.
Qualquer Festa-que-se-respeita deve evidentemente dispor dum bar-de-apoio. Este bar-de-apoio serve para arrumar as grades de cerveja (em Portugal invariavelmente Super Bock ou Sagres) e a aparelhagem de som. Por vezes há também um fogão para aquecer o caldo verde
Ninguém tem duvidas que um bar-de-apoio em alvenaria dá mais prestigio à uma aldeia do que uma simples barraca temporária em madeira: exactamente como um crucifixo no cemitério nos lembra que mais tarde vai haver ressurreição, este bar-de-apoio quase sempre fechado recorda-nos que vai haver Festa no Verão.
Além disso, neste período de crise a construção deste tipo de edifícios pode contribuir para reduzir o desemprego. Pode criar postos de trabalho, principalmente na indústria do cimento: se considerarmos – como na minha terra – que necessitamos dum bar-de-apoio para cada 100 habitantes, então Portugal precisa de 100.000 destas construções.
Então supondo que falta ainda construir metade, são no mínimo 30 milhões de blocos de cimento a adquirir e não sei quantos sacos de cimento. Nem falamos de telhas ou azulejos. Depois são ainda necessárias estradas, rotundas etc. para permitir que o cidadão se desloque com alguma celeridade de uma Festa para Outra.
O caminho da modernização do país é por vezes mais fácil do que imaginámos…
Depois se fosse mesmo muito necessário, uma grávida não podia dar à luz aí? Quando o progresso bate à porta, não podemos ser esquisitos…
In Portugal is in het binnenland geen geld voor scholen of materniteiten, wel voor afschuwelijke bouwsels als dit : een cementen bar voor 3 dagen feest per jaar !