sexta-feira, outubro 31, 2008

Oh Meu Deus, tire-me isto das ondas…


Por motivos profissionais devo viajar muito de carro e por isso tornei-me um pouco radio-dependente. Todavia, cada dia há um trio na TSF e na Antena 1 que me consegue irritar profundamente. Estou a falar do Bruno Nogueira, do Herman José e da Maria Rueff, não tanto as pessoas em si, mas bem as suas vozes infantilmente alteradas.
Não há realmente ninguém que lhes possa sussurrar aos ouvidos – sem os magoar psicologicamente – que num programa destes na rádio é antes de tudo o conteúdo do texto que é supostamente humorístico e não a vozinha em falsete que o recita?
Só o Bruno começa a berregar que nem uma ovelha gaga nas ondas e já o meu lanche tenta subir ao esófago; enquanto o Herman imita com muitos exageros um estrangeiro a falar português, a minha mão fica instintivamente fora de controlo e muda de canal e – mais grave ainda – quando a Rueffezinha começa a discursar como uma doméstica tonta, então, sim senhores, tenho logo vontade de atropelar a minha mulher a dias. Demais é demais.
Não quero – nestes tempos de crise – que estes forçados da radiofonia sejam despedidos e restringidos ao vencimento mínimo nacional, não, só quero que se requalifiquem um pouco, tirem um ou outro curso de formação e tentem produzir textos realmente capazes de provocar um sorriso discreto nos meus lábios, sem a necessidade de recorrer a uma ginástica ridícula das cordas vocais. Assim os condutores que me ultrapassam e que olham para a minha cara, vão compreender que estou em paz e feliz de ouvir algumas coisas que me desviam da realidade dura da vida diária. Porque, acreditem, ela é dura...
Het irriteert me sommige radio-komieken te horen die op kinderachtige wijze hun stem veranderen; ik ben van mening dat op de radio vooral hun teksten op zich moet humoristisch zijn en niet hun artificieel stemgeluid.

quinta-feira, outubro 23, 2008

Não podemos nascer doutor?

Quando ouvi falar pela primeira vez das novas oportunidades (para obter um diploma) achei uma boa iniciativa : oferecer às pessoas que não o puderam fazer durante a sua juventude, a oportunidade de finalizarem o seu curso seja do ensino básico, secundário ou superior. Uma primeira grande surpresa foi para mim o facto de que -segundo parece - algumas empresas começam a seleccionar os candidatos para uma vaga com uma pergunta deste género: "as habilitações que apresenta, foram obtidas no seu percurso escolar normal ou são fruto do programa das novas oportunidades ? " Parece que várias entidades patronais demonstram uma nítida preferência pelo sistema clássico, alegando que o referido programa facilita demasiadamente, pois existiria a intenção oficiosa de "regalar" um diploma a cada um afim de melhorar as estatísticas do país. Bem, bem. Depois fui confrontado com as queixas amargas de alguns possuidores de diplomas "normais": "estudei dia após dia durante tantos anos , os meus pais fizeram grandes sacrifícios para me permitir tirar o curso, à noite trabalhei como um louco para pagar os livros e agora... qualquer malandro obtém um diploma fazendo alguns cursitos à noite ou entregando um trabalhito qualquer : é profundamente injusto...
A um estrangeiro desconhecedor de todos os elementos que interferem neste assunto não compete ter uma opinião neste caso. Todavia, se for verdadeiramente a vontade do governo aumentar o numero de diplomados em Portugal, tenho um remédio simples, talvez um pouco psicadélico:
a. um Decreto-Lei define que todos os bebés recebam no seu dia de nascimento o título de "doutor" ou "engenheiro"e a cada um deles será entregue um livrete com 10 pontos-valores
b. Durante a sua vida o cidadão "doutor" ou "engenheiro" será fiscalizado e pode perder os pontos que constam do livrete referido no caso de fazer os seguintes asneiras :
1º escrever Lizboa com um "Z" e baca com um "B"
2º situar a ilha da Madeira em frente de Peniche.
3º afirmar que Fernando Pessoa é o pseudónimo do ciclista Ricardo Reis que ganhou a Volta à França .
4º achar que Sócrates é um filósofo grego que sobreviveu até ao dia de hoje
5º cantar a Internacional como sendo o Hino de Portugal
6º pensar que Fernão Magalhães é um inventor de brinquedos informáticos para crianças
7º ter a convicção que o Mirandês é a língua oficial da Espanha
8º julgar que o colesterol é um aperitivo exótico com pouco álcool
9º estimar que a arte rupestre é o jeito de lavar roupa à maneira campestre
10º confundir os deputados no Parlamento com alguns imputados no Barlavento
Em todos estes casos as autoridades serão implacáveis e degradarão os indivíduos em causa.
c. Considerando que somos todos iguais, especialmente na hora da Despedida, será concedida uma amnistia culturo-intelectual a todos os moribundos, de tal maneira que morreremos exactamente como nascemos , "doutor" ou "engenheiro". Viva a igualdade total!
Thans is hier een systeem in voege, genaamd "nieuwe opportuniteiten", dat aan mensen, die daar in hun jeugd niet in slaagden, toelaat op alternatieve wijze een diploma te behalen (zij het lager, middelbaar of hoger onderwijs). Sommige kritikeren dit systeem met de bewering dat het te gemakkelijk is en dat het alleen de bedoeling is om de statistieken van het land wat op te fleuren.

quinta-feira, outubro 16, 2008

Quando a Igreja ainda salvava os banqueiros do Inferno...

Na altura do 2º concilio de Macon nos anos 600, a Igreja proibiu aos padres de ter cães em casa. O motivo era que o cão é um animal muito libidinoso que podia dar aos religiosos “ideias” incompatíveis com o celibato. De facto quem olha na rua para estes bandos de carnívoros depravados que andam, sem vergonha, em grupos à volta das cadelas com cio, com a língua – e não só – de fora, conclui imediatamente que a preocupação principal daqueles animais consiste em – além de comer – fornicar o mais frequentemente possível. Assim não é difícil de entender a medida referida por parte da Nossa Santa Mãe, a Igreja Católica.
Outros documentos antigos contam que a um certo momento as-damas-da-vida-fácil foram obrigadas pela mesma Instituição a vestir roupa interior de cor amarela. Isto também tinha alguma lógica preventiva: naquela situação delicada, o “apaixonado” podia ver imediatamente que a donzela-dos-seus-sonhos-dum-momento era de facto uma profissional e que neste contexto era talvez mais do que indicado recorrer a um destes pequenos-estojos-de-forma-anatómica feitos em intestino-de-borrego (os preservativos de então) para se proteger contra comichões prolongadas.
Tudo isso nos leva a pensar que a Igreja tinha também a intenção de proteger alguém ou alguma coisa, quando durante muito tempo negou aos católicos o direito de ser banqueiro ou - em outras palavras - de viver dos lucros ganhos pelo empréstimo de dinheiro a outros seres humanos necessitados : neste caso, era de certeza a alma dos banqueiros, porque se trata duma actividade radicalmente oposta à prática do amor do próximo, um pecado que dá automaticamente direito à queima eterna no Inferno.
Onze Moeder de H.Kerk legde eertijds de pastoors een hondenverbod op, verplichtte de hoertjes om geel ondergoed te dragen en ontzegde aan katholieken het recht om bankier te zijn. Dit laatste voor het zieleheil van de kandidaat-bankiers.

terça-feira, outubro 14, 2008

Ranking de Universidades

O Diário "As Beiras" publicou ontem um artigo sobre a classificação da Universidade de Coimbra no World University Ranking, com um título principal ligeiramente enganador, a saber: "Coimbra continua a ser a melhor". A realidade no entanto é que, a Universidade de Coimbra desce de novo no Ranking Mundial para o 387º lugar e para o 6º a nível ibérico. Esta classificação pode ser vista no "top 200" do site http://www.timeshighereducation.co.uk/hybrid.asp?typeCode=243&pubCode=1 .
A impressão que tenho é que este ranking não é muito diferente da também famosa lista elaborada pela Universidade de Xangai. Uma classificação deste género vale mais do que uma mera explicação para o consumo local e merece uma análise mais aprofundada. Assim constatei com contentamento - provavelmente motivado por algum chauvinismo latente da minha parte - a excelente prestação das Universidades Neerlandófonas. De facto, nas primeiras 200 classificadas encontramos nem mais nem menos, do que 14 institutos de expressão neerlandesa ( dos Países Baixos e da parte Flamenga da Bélgica, ou seja um universo linguístico com apenas 22 milhões de praticantes). Comparada com a Francofonía (8 classificadas), o mundo Hispânico (3 classificadas) ou a Lusofonia (só representada pela Universidade de São Paulo) é caso de um resultado extraordinário. Neste contexto, seria injusto omitir os êxitos também notáveis de alguns outros pequenos países como a Dinamarca, a Suíça, a Suécia ou Israel. Uma coisa esta fora de discussão: a qualidade do ensino universitário não está minimamente relacionada com importância numérica de uma ou outra zona linguística. Não disponho de autoridade nenhuma para interpretar estes dados, todavia tenho as minhas opiniões como cidadão. Sendo assim, não creio que a pletora de "universidadezinhas" em Portugal - que crescem como cogumelos por todo lado -, seja propicia ao incremento do nível do ensino superior; não só porque não cria quaisquer estímulos de competitividade intelectual como também desvia meios financeiros do objectivo principal que deveria continuar a ser em exclusivo as universidades "a sério". Além disso estou convencido que deveríamos mudar um pouco de mentalidade: fanfarronar menos sobre Grandeza, Prestigio e Mundos, e dedicar-nos mais ao trabalho assíduo, exigente e silencioso. Há bastantes cientistas que funcionam nestes moldes em Portugal, mas estes - excepto em alguns esplêndidos programas da RTP2 - têm raramente a oportunidade de aproximar-se dos microfones...
Het is toch merkwaardig dat in de World University Ranking bij de top-200 veertien (14) nederlandstalige ( Nl+Be) universiteiten zijn, meer dan frans-, spaans-, en portugeestalige samen. Er is dus zeker geen verband tussen het aantal sprekers van een taal en de kwaliteit van het hoger onderwijs in diezelfde taal.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Casamentos gays: por favor, não discriminar os heterossexuais….


Em Portugal o casamento dos homossexuais é – além da crise financeira global e do desemprego galopante – um problema político da actualidade. Compreendo perfeitamente que estes cidadãos querem também poder oficializar as suas relações. Todavia admito que me confunde um pouco constatar que há sempre mais casais heterossexuais que desistem do casamento para reclamar direitos numa situação de convivência em comum não-oficializada enquanto no mundo dos gays e das lésbicas a luta é na direcção contrária. Os dois movimentos opostos do mesmo pêndulo?
Não me parece bem entrar demasiadamente no assunto, se não poderíamos chegar a reflexões incómodas. Explico-me com um exemplo: dois heterossexuais do mesmo sexo poderão casar-se, admitindo que não nutrem qualquer atracção sexual o um pelo o outro? Imaginamos dois viúvos que querem viver juntos por motivos práticos: para poupar dinheiro (água, electricidade, renda, etc.) e porque um não gosta de cozinhar e o outro detesta lavar a roupa. Querem oficializar administrativamente a sua relação não sentimental: será permitido ou devem dar mesmo uma prova do S.P.A.C.? Na história há inúmeros casos conhecidos de situações contrárias: homossexuais que entraram num matrimónio heterossexual, bem conscientes da sua condição. Então, neste contexto não seria discriminatório definir o casamento entre pessoas do mesmo sexo como um privilégio reservado às comunidades gays e lésbicas…Confuso, não?
In Portugal staat het homo-huwelijk in de politieke aktualiteit. Een nadenkertje: zullen heterosexuelen van hetzelfde geslacht die samenwonen ook mogen huwen, bv om administratieve of budgettaire redenen?

sexta-feira, outubro 03, 2008

Sofro de banco-nojo incurável...

Nesta época de crise no mundo dos bancos, revoltam-me algumas declarações de dirigentes de bancos ou outras instituições financeiras na TV e nos meios de comunicação social.
Estes Senhores – com uma cara passada a ferro – vêm dizer que os cidadãos são uns estúpidos, culpados pela sua própria desgraça, porque recorrem a crédito para viagens exóticas acima dos seus meios, para carros com cilindradas demasiadamente altas e para casas excessivamente luxuosas. Talvez tenham razão e o freguês pouco inteligente pouparia de facto muito dinheiro continuando a viver na sua barraca, passando ferias no quintal e deslocando-se em bicicleta. Todavia o que é extremamente hipócrita é que as referidas instituições gastam milhões de euros em publicidade para seduzir o Zé Povo a endividar-se e a contrair aqueles empréstimos asfixiantes. Para esta finalidade não hesitam em contratar vedetas do mundo do desporto e do pequeno ecrã e oferecer a torto e direito prendas e brindes. A publicidade para produtos financeiras é na realidade tão amoral como para cigarros ou álcool e nesta lógica deveria ser proibida: também empurra milhares de famílias para o abismo sem suportar qualquer tipo de responsabilidade; pior ainda, quando o sistema está em crise os cidadãos são convidados através de diversas construções elaboradas por políticos coniventes a contribuir para tapar os buracos dos senhores banqueiros. Em palavras simples e directas: os cidadãos, através dos seus impostos, dão dinheiro aos mesmos que lhes estão a vender credito. O verdadeiro ovo de Colombo!
Não tenham muito pena: quando uma alta patente do banco se demite (ou se for demitido) não se afunda na miséria, nem deve ir ao fundo do desemprego: aterra confortavelmente com um pára-quedas em ouro que nunca vale menos de 1, 2 ou 3 milhões de euros: outra situação socialmente e humanamente indefensável...
Op TV komen de bankiers thans verklaren dat de gewone man een dommerik is die teveel leningen aangaat maar al de andere kant spenderen ze miljoenen aan publiciteit juist om de burger aan te zetten tot lenen. Dergelijke pub zou moeten verboden worden, net als die voor alcohol en sigaretten.