quarta-feira, novembro 26, 2008

"Aportugesado", uma palavra com sentido pejorativo?

Há alguns dias um(a) funcionário(a) de um certo Ministério visitou (ou melhor ainda, fiscalizou) a empresa na qual exerço uma função directiva. Por norma não temos problemas com fiscalizações porque observamos a Lei na medida do humanamente possível e quando surgem eventualmente algumas observações, tratam-se sempre de detalhes insignificantes que escaparam à rotina do dia-a-dia e que podem ser resolvidos em 24 horas. É mais do que normal que os funcionários públicos tenham uma auto-estima bem desenvolvida e sublinhem os pequenos lapsos que detectam : é uma prova que trabalham com rigor e que nada escapa aos seus olhos de falcão. Bem haja! O que é menos normal é que o(a) Sr.(a) funcionário(a) comente nas costas do dito director da seguinte maneira venenosa: o vosso chefe, mesmo sendo estrangeiro, já é bastante aportuguesado porque constatei isso e isso... Por outras palavras, já sou bastante Português, mas se fizesse infracções mais graves ou mais frequentes, então poderia talvez chegar ao estatuto de Português inteiro e completo. Que "boca" sublime : então, o Estado Português tem pessoal na rua que comenta os estrangeiros utilizando termos depreciativos pelo seu próprio povo ? Será a manifestação de um luso-masoquismo latente "mais malandro és, mais serás parecido com um Português" ? Honestamente não sei como o cidadão comum pode tolerar este tipo de actuação por parte de pessoas pagas pelo seu bolso....
Volgende kommentaar gehoord van een staatsambtenaar wijzend op enkele mini-infracties: je bent al goed op weg om Portugees te worden....

sexta-feira, novembro 14, 2008

O Economista pratica a arte da autópsia económica.

Durante toda a minha vida, tive sempre um grande respeito pelos economistas. A leitura dos seus artigos na imprensa originava em mim uma profunda admiração por estas pessoas que eram capazes de prever - utilizando um vocabulário técnico-etérico - o futuro da nossa economia e que eram sempre dispostas a dar - a partir do seu púlpito - explicações e conselhos ao cidadão comum. As suas actuações nas televisões não comprometeram em nada esta imagem, muito pelo contrário, aquelas pessoas calmas e decididas, geralmente vestidas em fatos discretos de marca e falando com uma voz suave e contida , fortaleceram ainda a boa impressão criada dentro da minha cabeça. Os acontecimentos dos últimos meses abriram-me os olhos e de facto devemos admitir que os economistas funcionam melhor na sua condição de autopsiadores da economia e não como na de orientadores . Hoje em dia aparecem, tão convencidinhos como antes, nos nossos ecrãs para explicar o que se está a passar na economia, quando na realidade devíamos ter ouvido alertas,avisos e explicações há alguns meses atrás. As ocorrências recentes provaram mais uma vez que a economia não é uma ciência exacta como a matemática, física ou química, deve ser mais considerada com uma "ciência especulativa" porque é baseada em muitos factores impalpáveis e subjectivos (a confiança do consumidor, por exemplo). Além disso, a "ciência da economia" não é independente das ideologias políticas : cada ideologia tem economistas ao seu serviço e todos produzem ou produziram o mesmo tipo de retórica para defender o sistema económico no qual estão inseridos, quase sempre com argumentos contraditórios. São economistas que fundamentaram o sistema económico marxista, fascista ou capitalista e - se calhar - todas falharam. Conclusão : autopsiadores são necessários...mas não tantos....
Het lijkt me steeds duidelijker dat de economisten in feite meer een nabeschouwende functie hebben dan wel een orienterende of preventieve: het zijn in feite lijkschouwers van de economie en niet zozeer gidsen of leidinggevers. Daarbij hebben alle ideologische strekkingen economisten ter beschikking die met dezelfde welsprekendheid tegengestelde standpunten verdedigen.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Testosterona “on wheels”: os 4 x 4 e o ambiente….

No nosso país, organiza-se sempre mais actividades com motas e veículos todo-o- terreno. Nos fins-de-semana invadem os campos, matas e florestas. Muitas Câmaras deliciam-se em apoiar tais eventos, crendo que é uma manifestação incontestável da sua abertura ao mundo moderno. Quase sempre se sugere alguma interligação entre a natureza e as máquinas referidas, intitulando por exemplo um vulgar “raid” como um “passeio na natureza”. É urgente esclarecer aquela gente: as actividades referidas são verdadeiros atentados ao ambiente, pois implicam incursões de carácter violento com máquinas potentes na natureza, remoendo os caminhos em terra batida, destruindo plantas, afugentando animais, incomodando os outros cidadãos com o seu barulho e fumo. Além disso, incluem frequentemente no seu programa umas “provas especiais” nos riachos e nas ribeiras, destruindo alegremente as suas bermas e poluindo a água com lama.
Como é que alguém pode alguma vez considerar como “actividade ecológica” o gasto brutal de grandes quantidades de carburante de origem fóssil e com emissões de CO2 até 35% superiores à média só para divertimento? Em vários países europeus os tais”passeios” são regulamentados de maneira drástica e quase nunca incentivados. Também vale a pena notar que o próprio conceito do todo-o-terreno – excepto no caso de uso profissional – está em discussão: diversas cidades Holandesas interditam simplesmente o estacionamento a este tipo de veículos no seu perímetro, pois ocupam muito espaço, poluem enormemente e provocam no caso de acidente lesões muito mais graves. Conclusão: a promoção de actividades motorizadas na natureza não é uma prova de alguma sensibilidade ecológica, não é exactamente o oposto, é a demonstração eloquente dum atraso ambientalista dramático.
Mas quem são estes “pilotos” do sábado e domingo? Não há dúvidas que – em muitos casos – somos confrontadas com indivíduos que sofrem dum excesso de testosterona nas veias. Obrigados durante a semana a fazer uma vida de rato cinzento atrás duma secretária, põem durante o fim-de-semana o capacete, vestem um fato de astronauta, entram na sua máquina poderosa e – de repente – explodem sob a forma de um machista omnipotente.
Tenho dois conselhos para estes coitadinhos com tal desequilíbrio hormonal: os mais novos devem tomar com regularidade um duche frio ou então alistar-se nos paracomandos, os mais velhos devem reduzir a sua dose de Viagra ou então comprar uma boneca insuflável.
Steeds meer duiken tijdens de weekends terreinwagens op in onze velden en bossen, die eigenlijk een echte aanslag betekenen op het milieu. Vaak worden ze voorgesteld worden als natuurwandelingen terwijl ze juist wegen en planten vernielen en dieren verjagen. Vaak hebben de "piloten" machistische trekjes.