terça-feira, dezembro 30, 2008

Ananismo jornalistico...

No dia 7 de Novembro publiquei aqui um texto relacionado com o impacto negativo dos veículos todo-o-terreno sobre o ambiente, seja directa ou indirectamente. Estou convicto que não existem quaisquer argumentos para pôr em duvida esta afirmação e é uma realidade que nos países “ambientalisticamente” desenvolvidos tomam-se sempre mais medidas, não só para defender a natureza contra invasões motorizadas indesejáveis como também para travar a proliferação deste tipo de veiculos. O Diário As Beiras na sua edição de 27-12-08, referiu-se ao meu texto “recente” (!), julgando necessário mencionar as minhas opções políticas. Não conheço nem o nome nem as tendências politicas do Sr. Jornalista, todavia acho o seu mini-artigo uma demonstração de futilidade: de facto, limita-se a mencionar a última frase do meu artigo, frase que dava num tom de humor negro algumas dicas para diminuir os impulsos hormonais de certos “pilotos” de 4x4 ; sobre o cerne do problema, nenhuma palavra!
No entanto quem detem o minimo de informação sobre o assunto, sabe que a minha afirmação é inteiramente verídica : é um facto inegável que, para certos homens, conduzir um carro potente corresponde a um exercício de poder machista e é consequentemente o resultado de influências hormonais. A expressão " ao contrario do feminismo, o machismo já matou muita gente" surgiu exactamente neste contexto. O Diário As Beiras perdeu uma bela oportunidade para iniciar uma discussão alargada sobre o assunto e para sensibilizar os seus leitores, incluindo certos autarcas, para o facto de que organizar raids do tipo "vroum...vroum...vroum " nas matas, nos campos e nas florestas consta de um acto francamente hostil à natureza. Não é nenhum sinal de modernidade, bem ao contrario é uma manifestação de atraso ambientalistico lamentável. Sabemos que a imprensa local ou regional é obrigada a lamber muitas botas para poder sobreviver, todavia cremos que há ainda um futuro para um jornalismo isento, independente e investigador. Um dia, esta faceta do ambientalismo estará também no centro das atenções em Portugal; mas quando, em 2015 ou em 2020? "En attendant" a malta considera-se fixe quando mete o capacete e acredita que está "pilotando" na ponta do progresso. Será que a gajada vai se babar toda?
Een lokale krant neemt mijn blog-artikel van 7-11-08 op de korrel omdat ik op ironische toon wat middelen aan de hand doe om het testosteron-gehalte in het bloed der terreinwagen-fanaten wat te doen dalen. Over de grond van de zaak niets : belijkbaar is het nog te vroeg om te beseffen dat "terreinwagens" en "natuur" 2 tegengestelde begrippen zijn.

quarta-feira, dezembro 24, 2008

Na Bélgica : "a queda de um anjo"


O Senhor Yves Leterme, ex-Primeiro Ministro da Bélgica deve ser um Homem amargado. Até há pouco tempo, tinha um currículo perfeito e imaculado como ministro-presidente do Governo Regional da Flandres : ainda não havia crise económica e a Flandres prosperava como nunca antes. Não tenham dúvidas : Yves Leterme era um politico bem sucedido e muito popular. Mas, no maldito ano de 2007, achou que tinha chegado o momento para saltar mais alto e entrar na política federal. Apresentou-se às eleições federais de 2007, como cabeça de lista do principal partido da Flandres, o Cristão-Democrata. Foi o canto do cisne do Yves : ganhou as eleições de uma maneira fulgurante e foi quase plebiscitado para ser 1º Ministro; conseguiu o tacho, mas a partir daí, a sua carreira começou a descer a pique. Yves nunca foi muito querido entre os francófonos porque pareceu personificar o flamengo emancipado, consciente dos seus direitos , que eles não apreciam minimamente. Mas agora, quando Yves começou a engolir uma promessa básica do seu programa eleitoral, para fazer num apice (sic) a reforma do estado no sentido exigido pela opinião flamenga (e também pelo Tribunal Supremo belga), afastou, não só o NVA, um pequeno partido seu aliado, mas também uma parte substancial da sua base eleitoral, a maioria silenciosa do povo flamengo. Para além disso, tornou-se o Rei das gaffes, quando, no dia nacional da Bélgica, cantou, em frente das televisões, a Marseillaise, confundindo-a com o hino belga . Como chefe do governo, Yves mostrou duas facetas contraditórias : a de pessoa insegura , instável e a de teimosa, irredutível. Apresentou num curto lapso de tempo 3 vezes a sua demissão, sempre recusada pelo Rei Alberto. Finalmente o escândalo das pressões exercidas pelo seu governo sobre o sistema judiciário, em relação com a venda precipitada do banco Fortis, empurrou Yves para o abismo político. Exit. Quantas vezes já vimos esta imagem de pessoas que querem ser maiores do que a sua sombra : Yves podia ter sido o politico mais poderoso na Flandres durante muitos anos , mas preferiu mergulhar no lago de águas turvas do governo federal belga. Um lago cheio de crocodilos e piranhas...
Yves Leterme had alles om gedurende vele jaren de onaantastbare Minister-President van Vlaanderen te zijn. Maar hij verkoos te zwemmen in de troebele vijver van de federale Belgische politiek, een vijver vol met krokodillen en piranhas...

segunda-feira, dezembro 22, 2008

O estado como patrão do seculo 19.

No século dezanove, muitos patrões-capitalistas colocaram os seus operários numa situação de semi-escravatura económica. Para eles era só ganhar : não só pagavam vencimentos muito baixos, como também alugavam ao seu pessoal as casas que mandaram construir nos bairros "sociais" . Simultaneamente vendiam-lhes produtos alimentares e afins nas lojas dos quais eram geralmente os proprietários. Nestes tempos de crise contínua, os trabalhadores encontravam-se frequentemente numa situação de insolvência iminente e a fome apertava. Não havia problema: o patrão, dava credito fácil nas suas lojas, determinando ele-mesmo a taxa de juros e tendo como garantia o salário do súbdito. Assim o trabalhador era nem mais nem menos do que um refém do sistema, totalmente dependente do seu empregador e condenado à docilidade absoluta. Quando constamos que um governo no inicio dos anos 2000, oferece também empréstimos aos seus funcionários em dificuldade, deveremos analisar a situação. À primeira vista, esta medida pode constar de uma solução adequada para remediar a algumas situações urgentes. Todavia uma abundância de candidatos, significaria que o Estado falhou nas suas obrigações sociais e que os seus funcionários perderam tanto poder de compra, que chegaram a um nível de indecência económica. Parece verdade que "l´histoire se repète" mas infelizmente será que um governo de "griffe" socialista recorre aos velhos métodos paternalistas do capitalismo ? Observação final : os trabalhadores independentes com dificuldades serão discriminados e entregues à sua sorte?
De regering stelt leningen voor aan de staatsambtenaren die het economisch moeilijk hebben. Doet dat niet denken aan situaties uit de 19de eeuw : vooral als we weten dat diezelfde ambtenaren jaren aan een stuk hebben moeten in leveren...En wat voor de hardwerkende niet-ambtenaren, die het moeilijk hebben?

sábado, dezembro 06, 2008

Barulho caro e prestigio...

Segundo a imprensa, o custo da Casa da Música no Porto derrapou 78,2 milhões de euros. Qualquer investimento na Cultura é importante, louvável e necessário, todavia não significa que os gurus da cultura - neste caso concreto os da Obra no Porto - dispõem de uma "carte blanche" para tirar alegremente o dinheiro pela janela em nome do prestigio de Portugal. Alguém falhou estrondosamente e deve assumir as suas responsabilidades ou admitir publicamente a sua incompetência. Qual prestigio: o de não saber fazer contas? Estes quase 80 milhões de euros davam certamente para manter abertas algumas maternidades ou urgências no Interior. Anteontem passei ao lado do inútil Estádio do Algarve e no mesmo momento os meus pensamentos iam para uma jovem familiar que estava a fazer 150 km para poder dar a luz um bebé prematuro em condições aceitáveis. Qual prestigio? Há alguns meses fiz uma palestra no auditório duma escola publica : chuveu e no auditório estavam colocados vários baldes para recolher a água que pingava do tecto. Qual prestigio? O prestigio de um país é definido em primeiro lugar pelo bem-estar dos seus cidadãos e não por obras megalómanas que em muitos casos hipotecam a qualidade de vida diária do povo... Para falar de uma maneira pouco respeitosa : prestigio, my ass...
De muziektempel - a Casa da Música in Porto - heeft finaal bijna 80 miljoen euro meer gekost dan gepland. Terzelfdertijd ook denkend aan enkele nieuwe, nutteloze voetbalstadia: het prestige van een land wordt volgens mij meer bepaald door het welzijn van de burgers dan door megalomane constructies...