quinta-feira, julho 24, 2008

Le roi Óscar est mort, vive la Reine Bonnie...


Há alguns meses faleceu o nosso Óscar. Um laço de amizade de vários anos foi bruscamente cortado.
Deus tenha a sua grande alma porcina, mas a vida continua e agora entrou na nossa órbita a Bonnie. Uma jovem alegre e bem disposta, que além de um cansaço crónico, sofre de uma fome insaciável. A Bonnie nunca foi a Fátima, mas mesmo assim fez uma promessa: a de nunca dar tréguas às toupeiras. Assim com o seu focinho forte e hábil abre buracos na terra abortando todos os projectos destas canalhas subterrâneas para construir túneis e outras catacumbas. Admitimos que por vezes a Bonnie toca - com mais ou menos cuidado - numa flor ou noutra planta decorativa, mas paciência, nem os porcos sabem fazer omeletas sem partir ovos. Seja como for, a Bonnie é um animal politicamente correcto porque é um exemplo do multiculturalismo bem sucedido. De facto, nascida no Alentejo de uma família oriunda da Ásia, ela é toda preta; vive em Portugal, país latino mas só executa (quando lhe apetece) ordens expressas em flamengo, língua germânica. Finalmente, mesmo no plano sexual ela é progressista porque o seu namorado é um cão…
Na het heengaan van Oscar, is Bonnie is ons nieuwe gezelschapsvarken. Een echt multicultureel beest: Vietnamese roots, zwart, geboren in Alentejo-Portugal, (soms) gehoorzamend aan Nederlandstalige bevelen en verliefd op een hond..

quarta-feira, julho 23, 2008

Os bares-de-apoio-às-festas: a solução para o Interior ?


No interior do país há sempre menos maternidades, urgências e escolas.
Tudo isto cheira à desertificação institucionalmente induzida (um pouco como o aborto), mas não é. Muito pelo contrário, existem incentivos e recompensas para os indivíduos que conseguem sobreviver a todas estas desgraças: são as Festas! É a Festa que é o pulmão, o fígado e a bexiga do nosso povo do Interior.
Qualquer Festa-que-se-respeita deve evidentemente dispor dum bar-de-apoio. Este bar-de-apoio serve para arrumar as grades de cerveja (em Portugal invariavelmente Super Bock ou Sagres) e a aparelhagem de som. Por vezes há também um fogão para aquecer o caldo verde
Ninguém tem duvidas que um bar-de-apoio em alvenaria dá mais prestigio à uma aldeia do que uma simples barraca temporária em madeira: exactamente como um crucifixo no cemitério nos lembra que mais tarde vai haver ressurreição, este bar-de-apoio quase sempre fechado recorda-nos que vai haver Festa no Verão.
Além disso, neste período de crise a construção deste tipo de edifícios pode contribuir para reduzir o desemprego. Pode criar postos de trabalho, principalmente na indústria do cimento: se considerarmos – como na minha terra – que necessitamos dum bar-de-apoio para cada 100 habitantes, então Portugal precisa de 100.000 destas construções.
Então supondo que falta ainda construir metade, são no mínimo 30 milhões de blocos de cimento a adquirir e não sei quantos sacos de cimento. Nem falamos de telhas ou azulejos. Depois são ainda necessárias estradas, rotundas etc. para permitir que o cidadão se desloque com alguma celeridade de uma Festa para Outra.
O caminho da modernização do país é por vezes mais fácil do que imaginámos…
Depois se fosse mesmo muito necessário, uma grávida não podia dar à luz aí? Quando o progresso bate à porta, não podemos ser esquisitos…
In Portugal is in het binnenland geen geld voor scholen of materniteiten, wel voor afschuwelijke bouwsels als dit : een cementen bar voor 3 dagen feest per jaar !

segunda-feira, julho 21, 2008

Les Lusophones et leur chien...


Nesta época estão em todo lado. Em geral deslocam-se de Renault ou de Citroen, mas também pode ser de Mercedes. Os homens vestem-se de calções e de camisas com manga-curta e as mulheres de saias floridas. As suas crianças são choramingas como todas as crianças que sofrem do calor e da confusão. Andam em grupinhos de 4-5 pessoas e por vezes têm a companhia de 1 ou 2 estrangeiros que querem aprender “o Portugal profundo”. E pois ouvimos estas conversas alucinantes no supermercado:
" Eh mãe, on va faire une sardinhada ce soir?
Não sei querida, demande à votre pèreil en a envie..
Pai, pai, à noite, on va manger des sardines?
Pode ser, avec de la broa et du vin blanc frais".

O mais complicado é ainda o cão, porque na maior parte dos casos é um francês puro :
"O Ringo, pouramour de Dieu tais-toi. Tais-toi, je te dis.
O pai, este fodelhoco nunca se cala…"
Wanneer de Portugese imigranten uit Frankrijk naar het moederland op vakantie komen, houden ze er in het algemeen van om te demonstreren dat ze de taal van Molière machtig zijn, en...ziet, zelfs de hond verstaat het...

quinta-feira, julho 17, 2008

Na matemática : o milagre aconteceu...


O ministério da Educação conseguiu um milagre esperado há décadas : transformar em apenas 12 meses, a juventude portuguesa - até agora pouco bem sucedida naquela matéria - em "cracks" da matemática. Não são bem todos os jovens, por enquanto só são os alunos do 9º e do 12º ano, nomeadamente os que fizeram as provas nacionais. Tudo isso não tem rigorosamente nada a ver com os exames extremamente fáceis deste ano. Simplesmente - segundo a ministra - são os alunos que trabalharam melhor ( . .. e nos outros anos, ...malandros?) , os professores que trabalharam melhor (...e nos outros anos, ...malandros?) e os melhores apoios ( .. e porque não nos outros anos, ...malandros?). De qualquer maneira, a comunidade cientifica internacional deve estar ansiosa por conhecer os métodos que originaram resultados tão espectaculares.

terça-feira, julho 15, 2008

A Flandres, 706 anos depois : a Bélgica vacila (2)

Hoje a Bélgica está mais perto da desintegração. O estado artificial criado com a ajuda das armas franceses e concebido para ser francófono ("la Belgique sera latine ou ne sera pas") chega ao seu término. Em 1830 uma revolução de opereta acabou com o Reino dos Países-Baixos formado pelos vencedores de Napoleão como uma réplica das históricas 17 Províncias. A seguir começou um século negro para a grande maioria da população, os Flamengos. Foram mais de 100 anos de opressão económico-cultural e de tentativas contínuas para irradiar a sua língua e cultura: dezenas de milhares de Flamengos foram "francofonizados" assim como Bruxelas e diversas aldeias e vilas. A justiça, o exército e o ensino secundário, tudo era obrigatoriamente em Francês. Só em 1930 foi permitido dar aulas em Neerlandês na Universidade de Gent e só em 1967 foi editada a primeira versão flamenga da Constituição belga. Mas entretanto a constelação económica-social da Bélgica tinha mudada. Assim na segunda parte do século XX, a Flandres - o prototipo duma sociedade fortemente influenciada pela democracia cristã - tornou-se numa das regiões mais prosperas da Europa. Ao mesmo tempo, o Sul francófono, vitima de 100 anos ininterruptos de socialismo, afogou-se num marasmo de corrupção, desemprego, excesso de função publica, falência crónica no sistema de saúde e no ensino e "aproveitadorismo" social.
Podemos indicar 2 causas concretas para a crise de hoje :
1º as enormes e incessantes transferências de dinheiro que vão anualmente da Flandres para o Sul, em combinação com a recusa dos francófonos de sanear as suas contas.
2º a rejeição sistemática dos francófonos que se instalam na Flandres de adaptarem-se à língua e cultura daquela região. A Flandres (exactamente como a Valónia) é definida pela Constituição belga como sendo uma zona unilingue.
Existem só 3 soluções duráveis para a Flandres : 1º a manutenção da Bélgica mas sob a forma dum estado confederal onde quase tudo é decido ao nível das regiões. 2º a independência (seria um país pequeno mas bastante rico com um PIB 23% superior à média da Europa). 3º uma fusão gradual com os Países Baixos (a unificação de todos os Neerlandófonos da Europa e em simultâneo um pais economicamente muito forte com 2 dos maiores portos do mar do mundo). Vamos ver e esperar.

sexta-feira, julho 11, 2008

Progresso imparável...(2)















EEm Podentes - Penela foram colocados 2 destes enormes paneis de sinalização a uma distância de apenas 10 metros um do outro, no centro desta pitoresca e pacata freguesia. A informação dada é correcta, todavia a mim parece-me uma violação das normas mais básicas da estética : numa terra que se quer ter uma vocação turística, encostar a estas casas de traço tradiconal português, uma sinalética de estilo auto-estrada em plástico e ferro, era mesmo a opção indicada?
Porque não recorrer a artesãos da região e utilizar uma matéria prima bem endógena, a madeira?
O exemplo alemão aqui representado mostra que é possível ser ao mesmo tempo eficaz e ter bom gosto...

quinta-feira, julho 10, 2008

11 de Julho : a Flandres, 706 anos depois (1).

No 11 de Julho de 1302 um exército preponderantemente composto por populares flamengos e aliados conseguiu derrotar a fina-flor da nobreza francesa num vale pantanoso perto de Kortrijk. Esta batalha denominada “a Batalha dos esporões de ouro” (porque os Flamengos vitoriosos penduraram os esporões de ouro dos cavalheiros franceses no tecto da catedral de Kortrijk) tornou-se um símbolo para a confrontação quase milenar entre a França agressiva, expansionista e a pequena Flandres. Existem bastante semelhanças entre este confronto e a batalha de Aljubarrota uns 50 anos mais tarde: não só porque se trata da recusa armada dum pequeno povo com identidade própria em integrar-se à força num país maior, como o facto de ter ficado na memória colectiva o nome de alguns heróis populares: Portugal tem Brites de Almeida, a Padeira de Aljubarrota e os Flamengos recordam-se de Jan Breydel e Pieter De Koninck, um talhante e um escrivão.
A Flandres começou a sua história como condado em 862, mas 2 séculos antes já era mencionada em documentos da época.
São bem conhecidos os laços entre Portugal e a Flandres medieval.
No início da nacionalidade Portugal forneceu à Flandres uma duquesa (Teresa de Portugal 1183) e um duque (Fernando de Portugal 1211). Durante a reconquista na Peninsula os Flamengos participaram na libertação de Lisboa e um pouco mais tarde ajudaram a povoar os Açores. Todavia os contactos mais proveitosos situavam-se na área do comércio e dos negócios (as feitorias de Bruges e Antuérpia) e nas artes (pintura e tapeçaria artística).
O que talvez pouca gente saiba é que fomos durante uns 60 anos governados pela mesma dinastia, a dos Habsburgos espanhóis, a partir de 1580. Assim podemos dizer – com algum humor desfasado –, que os duques de Flandres (descendentes de Carlos Quinto, nascido em Gent e da sua esposa portuguesa) reinaram em Portugal durante a referida época. As guerras religiosas – em consequência ao surgimento do protestantismo – significaram o declínio da prosperidade nas Flandres e o deslocamento do centro de gravidade das 17 Províncias para o Norte, a actual Holanda.

(texto a continuar muito em breve)

quarta-feira, julho 09, 2008

Progresso imparável...(1)


Ao lado duma pequena mas elegante capela antiga, numa mini-localidade (+/-20 casas dispersadas no campo com ao máximo 80 habitantes) esta a ser construído esta "casa-de-apoio" para as festas ( +/- 2,5 dias por ano). A população apoia a iniciativa. Assim esta tudo em ordem. Talvez podemos dizer que o aspecto arquitectónico desta construção não peca por originalidade e que os blocos de cimento utilizados não são propriamente dito materiais endógenos. Sem discutir sobre a necessidade desta "obra", lamentamos a oportunidade perdida para manifestar algum bom gosto.

segunda-feira, julho 07, 2008

Santa Comba Dão e Budapeste : contrastes...


A autarquia de Santa Comba Dão pretende construir uma casa-museu em memória de Salazar que nasceu naquela terra e que faz irremediavelmente parte da história de Portugal. No parlamento a esquerda portuguesa condenou politicamente a iniciativa. Em Budapeste existe o Szobor Parque onde estão reunidas dezenas de estátuas da época comunista. O referido parque tornou - se em pouco tempo uma atracção turística importante e mostra como o povo húngaro conseguiu lidar de uma maneira inteligente, adulta e digna com o seu passado recente. Ninguém parece recear que a cara de Lenine provoque reacções saudosistas aos visitantes e - mesmo que fosse o caso - a democracia húngara confia suficientemente na sua própria solidez.

quinta-feira, julho 03, 2008

O "menino de ouro" e os outros "meninos" ibéricos

Em Portugal os meninos estão na política: além do “menino guerreiro” do PSD temos agora também o “menino de ouro” do PS. Uma observação de passagem : não será uma atitude um pouco narcísica deixar chamar-se assim “the golden boy"?
No país vizinho os meninos são mais activos no desporto e visivelmente com êxito: assim o”niño” – Fernando Torres – marcou o golo decisivo da selecção espanhola no campeonato europeu 2008. Cada um no seu lugar mas pessoalmente prefiro os “meninos” que actuam no futebol….

quarta-feira, julho 02, 2008

Trajano traído

Como estrangeiro, lamento profundamente o afastamento do Português da língua-raiz, o Latim. Para estrangeiros com formação clássica ou com conhecimento de outras línguas latinas, o paralelismo entre o Português e o Latim era um estimulo para aprender a língua de Camões. Não creio que o Português ganhe qualquer coisa com a “creolização” progressiva. E no sentido contrário : a manter algum vinculo com o Latim não se torna mais fácil para o aluno Português estudar a ortografia em Espanhol, Francês, Italiano e mesmo em Inglês. O primeiro imperador romano de origem lusitana não deve gostar da piada...