sexta-feira, setembro 26, 2008

TAP: para ser ainda um bocadinho melhor...

Um destes dias tive de deslocar-me a Bruxelas. Optei pela TAP uma vez que as outras companhias estavam cheias, muito caras ou a horários humanamente inaceitáveis. Honestamente um alivio após tantos anos de "low cost". Todos os meus órgãos e músculos agradeceram : os joelhos porque podiam se desdobrar de vez em quando, o estômago porque viu entrar um petisco quente e apetitoso no lugar destas sandes-algodão compradas a preço de ouro e os meus nervos porque não tive de lutar para obter um lugar vantajoso ou para arrumar a minha bagagem. Parabéns. Neste contexto, não devem interpretar a minha mensagem como uma critica mas sim como uma ideia construtiva para melhorar ainda o serviço e ganhar uns clientes extra. Nos aviões temos o costume de ouvir os tradicionais anúncios (sobre a segurança, sobre o percurso, sobre as vendas a bordo,..) em Inglês e na língua oficial da companhia : neste caso concreto o Português. Mas neste voo TAP604 todas as comunicações foram também feitas em Francês, sem duvida uma cortesia na direcção dos clientes oriundos do pais de destino, a Bélgica (o que também acontece em voos para a Alemanha, França, etc.). Todavia existe um pequeno pormenor : a língua oficial da maioria da população Belga é o Neerlandês e no voo referido era bem visível que grande parte dos clientes belgas a bordo eram efectivamente Flamengos. Ninguém tem duvidas que nesta situação a TAP peca por "ignorância" e não por maldade, mas seria uma pequena atenção muito apreciada se pudesse também recorrer ao Neerlandês em aviões com destino Bruxelas. Para isso podem utilizar gravações ou mesmo ler directamente um texto pre-escrito : a pronuncia do francês que ouvi no voo TAP604 também estava longe da perfeição...
E pois podem lançar este slogan : a TAP onde também os Flamengos se sentem en casa.
Op de vluchten van en naar Brussel worden door de Portugese luchtvaartmaatschappij meededelingen gedaan in Engels, Portugees en Frans. Dit laatste dan als attentie voor de Belgische klanten. Het zou een extra toetje zijn voor de Vlaamse reizigers zo ook de taal der grootste bevolkingsgroep in Belgie gebruikt werd. TAP waar ook Vlamingen zich thuisvoelen.

quinta-feira, setembro 25, 2008

Comida anti-portuguesa ...

Passei uma noite em Lisboa e tentei obter na recepção do hotel uma dica para um restaurante bom nos arredores. A ajuda não podia ser mais eficaz: entregaram-me imediatamente um cartão de visita dum estabelecimento na Avenida Garcia Elias, repetindo efusivamente que era "a cozinha tipicamente portuguesa e além disso que não era muito caro". Por norma - ou será por ingenuidade? - confio nos conselhos dos moradores dum sitio e fui jantar no restaurante sugerido. Ai mama mia, que ratoeira para turistas... Sobre o ambiente não há nada a dizer : bastante requintado (paredes ornamentadas com diversas colecções de azulejos, moedas, bandeiras, etc.), pessoal ultra-charmoso e brincalhão e uma ementa sedutora. Pedimos um vinho branco fresco e - se calhar devido à nossa aparência lusófona- o empregado veio nos sussurrar ao ouvido que para nos era 2 euro mais barato do que estava marcado na lista. Estranho,não? Escolhemos 2 pratos típicos portugueses : polvo à lagareiro e carne de porco alentejana. O polvo que de facto era um único tentáculo dum polvito qualquer, era servido com 6 batatinhas a murro, um pouco de couve e um punhado de uvas brancas. O outro prato era composto por algumas poucas batatas, uns 8 pedacinhos de carne ultra-dura ( dos quais metade incomestível porque só nervos e tendões), couve, arroz , uma rodela de laranja e outro punhado de uvas. De coentro nem vestígios. Como a fome nos ainda apertava, o meu companheiro pediu uma dose de Queijo da Serra, que veio de forma impecável, mas mal acompanhado por bolachas moles e doces; eu optei para uma "especialidade da casa", um "biquíni", na realidade uma coisa infecta baseada em natas misturadas com alguns pedaços de fruta já fora do prazo e -adivinhou - também as indispensáveis uvas brancas). Todos os esforços dos empregados - visivelmente treinados para o efeito- para atenuar a nossa decepção com a oferta dum mini-mini-copo de ginja foram em vão : nunca mais ! Só me preocupam os muitos turistas que andavam la. De certeza nunca mais voltarão, mas devem ter uma ideia bastante negativa sobre a gastronomia portuguesa. Lamento a existência deste tipo de combinações enganadoras entre hotéis e restaurantes que contrariam toda a publicidade feita para a boa cozinha portuguesa. E a final : era barato? Nem por isso, para a qualidade e quantidade oferecida, bastante caro...
Soms bestaan er in Lissabon (maar wellicht overal ter wereld) afspraken tussen hotels en restaurants om de niets vermoedende toerist naar bepaalde "typische" eetgelegenheden te lokken waar hij dan meer met folklore dan met lekker eten gekonfronteerd wordt.

quarta-feira, setembro 17, 2008

A inexplicável atracção do café menos higiénico da Bélgica

Na pacata aldeia de Hansbeke – Flandres Oriental visitámos o café provavelmente mais sujo da Bélgica. Mas exactamente por isso é também um dos mais atraentes. O café chama-se De Reisduif (o Pombo-Correio) e é gerido por Léon um sexagenário valente e antigo columbófilo. O Léon soube transformar características que normalmente só causam repugnância e desgosto em pólos de atracção. O estabelecimento onde o Léon governa sem contestação encontra-se num estado lastimável: degradado, podre e sujo,
O caminho de acesso laminoso é só utilizável graças aos milhares de caricas aí depositadas ao longo dos anos. O pátio está repleto de velhas garrafas, cadeiras plásticas cobertos de musgo e tendas em desequilíbrio. Dezenas de pombos dormitam no telhado, só interrompendo ocasionalmente esta nobre actividade para defecar “ad libitum”. No interior notámos papel de parede sem cor definida a cair, um mini-balcão ruído pelos vermes e um fogão vetusto a carvão mineral. Porque não há copos, Léon só serve bebidas de garrafa que – como também não tem frigorifico – saem directamente da grade. Inserindo uma moeda num juke-box da época, pode ouvir musica pimba dos anos ´70. Entre os clientes – jovens e velhos – reina a boa disposição: uma mini-sociedade sem classes, unida pelo lixo. Depois de beber uma ou duas cervejas e de escutar as sempiternamente mesmas piadas do Léon, cada um volta à sua vida: uns com bicicleta, outros com Mercedes ou BMW…Em Portugal a ciclópica ASAE toparia imediatamente o “De Reisduif”, mas creio que na Flandres fecham os olhos, considerando que – mesmo que os biliões de micróbios, bactérias e fungos que abundam mo negocio do Léon não sejam o ideal para a nossa saúde – alguns momentos passados na companhia do velho columbófilo são excelentes para o nosso bem-estar psíquico. E quem sabe: permanecer uma meia hora circundado por tantos agentes patogénicos pode ter algum valor preventivo, um tipo de vacina múltipla; imagine-se só um momento que os clientes de Léon se tornem mais resistentes às tão temidas infecções hospitalares…
Em todo este contexto, não é nada de estranhar que a intervenção cirúrgica à qual Léon foi submetido há alguns meses, obteve um lugar importante no noticiário da TV flamenga: de facto, o património cultural é um assunto para todos.
Tijdens het vorig weekend bezochten we het legendarische café De Reisduif, waar een herboren Léon de plak zwaait.

terça-feira, setembro 16, 2008

Discriminação da maioria Flamenga na Bélgica (1)


As Finanças belgas tratam de maneira injusta e discriminatória os contribuintes flamengos. A esta conclusão chega o ex-ministro do Orçamento, Johan Vande Lanotte (Partido Socialista)com base nos seguintes numeros.
Na Flandres a percentagem dos contribuintes que não pagaram os seus impostos no último ano e que ainda não foram incomodados pelos serviços competentes do Estado oscila entre os 6,5% (Antuérpia) e 11,6% (Louvania); na parte francófona do pais, a situação é bastante diferente: entre 26% (Namur) e 46,6% (Charleroi) dos contribuintes em falta ainda não foram intimidados pelo fisco.
Autorizando estas diferenças intoleráveis, o Estado belga patrocina outra vez uma transferência injustificável de dinheiros da Flandres para a Valonia.
Qousque tandem, Bélgica,abutere patientia nostra?
Wie binnen zijn belastingen niet betaalt wordt vooral in Vlaanderen daar binnen het jaar voor lastig gevallen door de fiskus. In Wallonie is dat veel minder. Weer wat discriminatie...

segunda-feira, setembro 08, 2008

Temos a prova: não é preciso limpar….

Na nossa povoação organizou-se há umas 3 semanas uma festa tradicional em honra do Santo António. Bem, bem tradicional, no sentido de fluxos imparáveis de música pimba e muito barulho nocturno. Parece que quanto mais são os decibéis, melhor será a qualidade do divertimento popular.
A Junta da Freguesia que se empenhou tanto na construção dum enorme bunker “bar-de-apoio”, não cumpriu a sua promessa de instalar casas de banho, de tal modo que a tradição respeitável da defecação campestre foi entusiasticamente mantida.
Enquanto os preparativos do evento demoraram varias semanas, a sua finalização foi muito mais rápida, não sobrando qualquer tempo para limpar o papel, plástico, latas e outras porcarias abandonados no sitio.
No final isso não foi necessário: alguns cães vadios, centenas de moscas , um par de aguaceiros e um vento forte resolveram o problema. Hoje tirei umas fotografias e podem ver a veracidade das minhas afirmações: os excrementos diluíram-se, o lixo espalhou-se: dentro de 3-4 meses esta terra estará limpinha como antes. Viva a natureza…
In ons dorp organiseert men feesten, maar nadien vertikt men het de boel nadien op te ruimen. De natuur doet het dan maar zelf : wind en regen met de hulp van vliegen en loslopende honden...

De Gordel, a Cintura Sagrada que circunda Bruxelas….


Ninguém tem dúvidas sobre a origem flamenga de Bruxelas.
Todavia aquela cidade, da qual o nome significa (casa no pântano = broek-seele), foi submetida a uma “francofonização” sistemática por parte do Estado belga unitário, de tal maneira que os Flamengos actualmente só formam uma minoria na capital do reino belga (talvez 10% dos citadinos). Deve ser um facto único no mundo que uma grande maioria (60%) da população que produz 70% do PIB do seu país, deve chamar à capital uma cidade onde dificilmente pode ser entendida na sua própria língua.
Assim, Bruxelas constitui hoje em dia uma ilha multilinguística (mas prepronderantemente francófona), circundada por território flamengo. Nos últimos 50 anos, muitos francófonos mudaram para a circunferência flamenga de Bruxelas, uma zona evidentemente mais rural e mais verde do que a capital, recusando desde o inicio adaptar-se à cultura existente. São basicamente motivados pela mesma arrogância cultural que incitou Charles Maurras nos anos ’30 a chamar o Português “um dialecto” em comparação com a nobre língua francesa. Na Flandres todos os imigrantes – Turcos, Russos, Italianos, Polacos ou Portugueses – adaptam-se à realidade administrativa e cultural da Terra onde foram acolhidos, os francófonos não. Utilizam sempre o mesmo estratagema: juntam-se, isolam-se, criam partidos e tentam tomar o poder politico nas aldeias onde lhes apetece e depois… começam a reclamar privilégios linguísticos para finalmente exigir o recorte daquele município do mapa da Flandres. É como se no concelho de Albufeira ou Loulé houvesse uma maioria de residentes Espanhóis (ou Ingleses) que após ter ganho as eleições contra a população autóctone, começasse a recusar a aplicação da legislação sobre o uso do Português na administração e no ensino e exigir a integração daquele município na Espanha (ou no Reino Unido).
Para deixar bem claro que nunca vão abdicar dos seus direitos sobre aquelas vilas e aldeias da Cintura de Bruxelas, a comunidade flamenga organiza cada ano uma volta a Bruxelas em bicicleta para cicloturistas. Uma manifestação desportiva, lúdica e pacífica que conta em média com uma participação de 50 a 80.000 pessoas.
Foi ontem e – mais intolerantes do que nunca – os francófonos tentaram boicotar a manifestação arrancando postos de sinalização e semeando pioneses nas estradas.
De facto queriam impossibilitar que os Flamengos passeassem nas terras que há 1500 anos lhes pertencem e que foram imortalizadas nas pinturas de dezenas de mestres entre os quais os 3 Breughel são certamente os mais conhecidos.
De Gordel - een fietsmanifestatie rond Brussel - is een duidelijk signaal dat aantoont dat de Vlamingen niet van plan zijn deze oer-Vlaamse dorpen los te laten.

segunda-feira, setembro 01, 2008

Há ainda bom gosto: por exemplo em Alfafar…(2)


Alfafar é uma povoação que pertence à freguesia de Podentes. Tem fama, não só pelos vinhos aí produzidos (Terra de Sicó), mas também pelas festas, mesmo que a vizinhança imediata do IP3 constitua um factor complicador para aquela actividade . Os Alfafarenses demonstraram este fim-de-semana mais uma vez o seu bom gosto e a sua paixão pela tradição. Quando noutras povoações de Podentes – com muito menos habitantes – julgam necessário construir mastodontes em blocos de cimento para albergar as grades de cerveja, os tremoços e as fogaças, os de Alfafar honraram os velhos costumes usando para o efeito construções desmontáveis, tradicionais e de boa estética popular. Pavilhões simples ornamentados com ramos verdes naturais e um quiosque artesanal elegante à imagem da simplicidade e autenticidade das populações do interior de Portugal, são estas as coisas que aprecia o freguês e que procura o turista. O resto só serve para envilecer o país e originar um encolher de ombros por tanta mediocridade.
In het dorpje Alafafar bouwt men feestjes zonder het milieu geweld aan te doen en de oude tradities in ere houdend...

Há ainda bom gosto: por exemplo em Góis…(1)

Sempre gostei muito de Góis: parecia-me sempre um sítio relativamente bem preservado do modernismo banal e vulgarizador, tanto apreciado por grande parte dos nossos autarcas. No último Domingo passei uma tarde na Praia do Cerejal, uma praia fluvial situada à beira do rio Ceira – a escassos metros do centro da vila - e só posso confirmar a minha convicção anterior por meio de elogios. De facto, aquela praia situada ao lado duma magnífica ponte manuelina, dispõe das comodidades necessárias para satisfazer o turista: areia fina, águas cristalinas cheias de peixes, bons e eficazes serviços de apoio, bares e esplanadas feitos de madeira... Aqui não há lugar para palmeiras exógenas, música ensurdecedora ou fontainhas luminosas … Para aconselhar…
Het stadje Góis heeft - met goede smaak - een strandje ingericht aan de oevers van de rivier Ceira.