segunda-feira, dezembro 28, 2009

Gastronomia: ser ou não ser...

Reina em muitas cabeças deste país uma confusão sobre o significado da palavra "gastronomia" : qualquer petisco que tenha alguma ligação tradicional com uma ou outra região, cidade ou vila é logo intitulado como sendo um produto da "gastronomia local ou regional". Sem falsa modéstia posso afirmar que tenho alguma experiência em gastronomia, não só pelo facto de ter visitado bastantes restaurantes com boa classificação na área da gastronomia (Michelin, Gault-Millau, etc.) como também por ter ganho na década dos '80 dois primeiros prémios nacionais na Bélgica na qualidade de cozinheiro não-profissional . O problema é que em Portugal apelida-se "gastronomia" a tudo o que é supostamente bom e que tem alguma ligação à tradição, ao tipo de comida que nos outros países é simplesmente chamado a culinária regional, tradicional ou "du terroir". A gastronomia é uma arte que consiste em cozinhar de maneira criativa à base de produtos de óptima qualidade num ambiente agradável (o que não é sinónimo de luxo). A gastronomia é caminhar para a perfeição, procurar a originalidade com audácia , celebrar o bom gosto em tudo, e não se reduz a uma tentativa de imitar a saudosa cozinha da avó. As chamadas "tascas típicas" nas festas populares onde vemos jovens bombeiros ou futebolistas cozinhar em grandes panelas de alumínio atrás de um biombo improvisado, produzem de certeza uma excelente comida (que adoro) mas que não tem nada a ver com gastronomia: matam as saudades da culinária do passado mas não trazem nada de novo; é a diferença entre pintar uma porta e pintar um Rembrandt, ambas são actividades louváveis, mas uma delas é Arte e a outra não. Servir como "couvert" "pães de bico" moles com paté enlatado ou mayonaise de "delícias" não é gastronomia. Servir - como tantas vezes se faz - um belíssimo leitão com alfaçe murcha e batatas fritas gordurosas e frias não é gastronomia. Servir uma dose chanfana recém-descongelada e quase desfeita, acompanhada por um "vinho do lavrador" (na realidade proveniente de um garrafão de um produtor comercial) não é gastronomia. Servir "Mousse de Chocolate caseira" que de facto é feito em casa, mas à base de pó industrial da Alsa com adição de margarina não é gastronomia. Os operadores turísticos, as Câmaras e os restaurantes deveriam aprender a conter a sua exuberância verbal e utilizar os termos correctos para cada situação. Para provar a minha objectividade menciono que a minha mãe preparava magistralmente pratos tipicamente flamengos como "Waterzooi de Gent" ou "Hennepot de Poperinge", todavia ninguém alguma vez chamar-lhe-ia gastronomia, era comida tradicional fantástica e pronto...
À sua pergunta, se comi nos últimos tempos qualquer coisa notável que possa definir como gastronomia, respondo : sim Senhor, um altíssimo lombo de bacalhau ornamentado com algumas pérolas de açúcar caramelizado, banhado num azeite verde virgem (de prensa mecânica) e acompanhado por um vinho do Douro (neste caso do Douro Espanhol). Um pão saboroso com casca estaladiça. O restaurante era quente e requintado e o serviço amável. São estes os momentos que se gravam no disco duro da nossa memória.
Al te veel verwart men in Portugal de term "gastronomie" met "traditionele of regionale keuken".

sexta-feira, dezembro 11, 2009

A Doutora B.C.B.G.


Não conheço em concreto a observação do deputado Ricardo Gonçalves que provocou tanto a ira da Dra. Maria José Nogueira Pinto, mas uma coisa é certa, não é a primeira vez que a Doutora se perde em ofensas e insultos. No Conselho Nacional do CDS-PP que decorreu em Óbidos em Março 2007, a mesma Doutora B.C.B.G. também se destacou : não só pelo estilo irritante, autoritário e parcial com qual lidou os trabalhos, mas principalmente pelo insulto de "cães de fila" que lançou à cara dos apoiantes de Paulo Portas. No que diz respeito à resposta final do deputado socialista, creio que não passa de uma mera descrição do currículo político da Dra. Maria José, que de facto é caracterizado por um vaivém entre o PSD e o CDS. É sempre um espectáculo lamentável quando pessoas que se acham oriundos do "Beau Monde" perdem o seu auto-controlo e provam que não são melhores do que o resto dos mortais.

segunda-feira, dezembro 07, 2009

Fernando Ruas, o salvador do Homo portucalensis?

Num tom de populismo anti-ambientalistico do nível "taberna-onde-cheira-ao-tintol-e-ao-bagaço ", já considerado como extinto pelos especialistas nos meados do século anterior, o Dr. Fernando Ruas, Presidente da Associação Nacional de Municipios Portugueses intitulou os protectores dos morcegos, dos lobos do Leomil ou das gralhas-de-bico-vermelho como (cito) "fundamentalistas bacocos que parecem esquecer que a primeira espécie que nos cumpre defender é a humana".
Nada de surpreendente porque a atitude retrograda do Dr. Ruas personifica perfeitamente a mentalidade que reina na maior parte das nossas Câmaras : tudo que tem a ver com a natureza e o ambiente é visto com um brinquedo na moda que implica a plantação de alguns arbustos nas rotundas que ornamentam as nossas cidades "modernas" (como Viseu), um discurso muito "verde" no Dia da Árvore, um canil municipal para cães abandonados, uma ETAR aqui e ali e ... já está, estamos actualizados e apresentáveis ao Mundo inteiro. Todavia a verdadeira paixão pela Natureza e pelo Ambiente, baseada em convicções sinceras ainda não chegou à massa cinzenta da maior parte dos nossos autarcas onde o lobo continua a ser um monstro que come ovelhas e o morcego um diabo voante que assusta as crianças.
Ontem, no Dia Internacional contra a Corrupção, Ban Ki-moon , o Secretário-Geral da ONU apontou a corrupção como um entrave ao desenvolvimento e o Dr. Guilherme d´Oliveira do Conselho de Prevenção da Corrupção pediu mais medidas na luta contra a mesma praga que manifestamente grassa no nosso país. Afinal, o Dr. Ruas não defenderia melhor a espécie humana em Portugal, empenhando-se na guerra à corrupção que quase de certeza infectou também alguns membros da organização que dirige e que neste país também trava o desenvolvimento. Ou será que se vê mesmo como o chefe-de-fila do Homem portucalensis na sua luta neandertalesca com o Canis lupus sinatus, com o Pyrrhocorax pyrrhocorax e com a ordem Chiroptera inteira ?
De Voorzitter van de Vereniging der Portugese Gemeenten verklaarde onlangs dat de beschermers van de Iberische wolf en van de vleermuizen fundamentalisten zijn die vergeten dat juist "de mens" de soort is die in de eerste plaats moet verdedigd worden. Ja dat zegt wel iets over de mentaliteit in die kringen. Zou deze heer niet beter de raad op volgen van Ban Ki-moon en de corruptie helpen bestrijden die in Portugal veel meer de voorutigang remt dan een paar eenzame wolven.

quinta-feira, novembro 19, 2009

Pensando em muros...

A comemoração da queda do Muro de Berlim deu lugar a alguns exercícios de acrobacia intelectual e algumas piruetas de moral política. Por exemplo, quase nunca foi referido de maneira explícita o muro sofisticado e novinho em folha que separa os Palestianos da sua Terra de origem. Não pode ser só coincidência que se baseie nos mesmos argumentos defensivos do que o seu "homólogo" germânico : autoprotecção e sobrevivência... Também foram dados - e com razão - bastante pontapés nos cadáveres da velha RDA e da URSS , mas ninguém teve a coragem de denunciar a atitude dos líderes das grandes "democracias ocidentais" que entregaram - com um sorriso diplomático nos lábios - metade da Europa ao Sr. José Estaline, condenando assim dezenas de milhões de europeus a viver durante mais de 1/2 século sob a bota da ditadura soviética. Se o não prestar assistência à pessoas em perigo é considerado crime, então como devemos definir a entrega da metade da população de um continente a um regime devidamente identificado como sanguinário nas décadas anteriores? Ouvímos também o nosso Durão Barroso proclamar que o processo que induziu ao derrube do Muro foi inspirado na revolução do 25 de Abril. Desculpem, mas receio que esta comparação peque um pouco por exagero. Na Alemanha, tratava-se de um movimento popular real e visível que "empurrou" o Muro, enquanto em Portugal foram "os capitães de Abril" que acabaram com o regime com uma intervenção militar. Também é sabido que o regime do qual os Alemães de Leste se queriam livrar, foi um modelo de inspiração para alguns revolucionários em Portugal. Neste contexto, interrogo-me se no dia 25-04-1974 o jovem Dr. Barroso não estava ainda na sua "era" de simpatia para com as filosofias promovidas pelos construtores da "obra" que dividiu as 2 Alemanhas ... Mais o mais importante, nisto tudo, é reflectir sobre o nosso Muro aqui em Portugal : o nosso próprio Muro da vergonha que continua inalteravelmente em pé, firmo e hirto : o Muro da vergonha que mantém os Portugueses afastados das médias europeias nos índices de bem-estar, o Muro da corrupção, das fugas ao fisco, do tráfico de cunhas e influências. Um Muro tão invisível e impalpável que nem a Justiça o consegue demolir. Um Muro que talvez só o povo unido - como na RDA -será capaz de deitar a baixo ...
Over de muur van Berlijn gesproken : waarom werd tijdens de herdenkingen zelden expliciet gesproken over de muur tussen Israel en Palestina? En ook niet over de Westerse leiders die de helft der Europeanen voor een halve eeuw aan het sovjetregime overgeleverd hebben? Ondertussen hebben wij in Portugal onze eigen onzichtbare muur: de muur der corruptie die aan de Portugese bevolking de toegang belemmert tot de welstand een Europees land waardig...

quarta-feira, novembro 18, 2009

Barbaridades da boca de um ex-procurador

Há uma semana, falando sobre a operação "face oculta", Cunha Rodrigues, o ex-procurador da República, veio dizer aos meios de comunicação social que a corrupção é uma das características das sociedades desenvolvidas e deu como exemplo a Espanha e os países de Leste. Ouvindo esta declaração, senti-me mesmo burro, porque estava convencido que o conceito de "desenvolvimento" tinha a ver com alfabetização, cultura, cuidados de saúde e rendimento mínimo. Não é nada assim : segundo a teoria do Dr. Rodrigues, pode-se avaliar o nível de desenvolvimento de um país medindo o seu grau de corrupção. Por exemplo, os países pobres de África são tão atrasados que quase não têm qualquer índice de corrupção e - por outro lado - o Canada e os países Escandinavos, bastante evoluídos, estão cheios de corruptos. Este método é tão bom que é mesmo utilizável dentro de um país para detectar diferenças locais : assim constata-se na Itália que o desenvolvimento é muito maior nas regiões onde a "maffia" ou a "camorra" têm uma influência forte do que nas outras. Agora a sério : não posso imaginar que o nosso ex-procurador nunca tenha tido acesso ao ranking internacional da corrupção (simplesmente disponível na Internet) que prova exactamente o contrário : maior o desenvolvimento, maior o sentido ético e menor a corrupção. Então porquê esta declaração barbara? Será que foi vítima de uma insolação outonal?
Volgens de ex-procurador van de Republiek zou de corruptie een karakteristiek zijn van de ontwikkelde landen? Wat? Hoe zo? Zwart Afrika vrij van korruptie en Skandinavie vol? Toch wel een ingewikkelde hersenkronkel.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Poluição luminosa em Podentes (2)


No dia 16-09-2009 publiquei aqui um texto sobre um caso manifesto de poluição luminosa em Podentes, que complica dia após dia a minha vida e a dos meus familiares. Há poucos dias e por pura coincidência, ouvi um dos melhores jornalistas de Portugal falar sobre o assunto na sua rubrica "Sinais" na TSF. Podem ouvir e apreciar no site http://tsf.sapo.pt/programas/programa.aspx?content_id=903681 .
De facto, no seu programa, Fernando Alves, o mágico da palavra pura e da ideia densa, refere-se à recente iniciativa francesa de 24-10-09 – na qual participaram 177 cidades – para devolver à Noite os seus direitos (mais detalhes em http://www.jourdelanuit.fr/ )
Esta iniciativa foi apoiada por um grande número de instituições prestigiadas entre as quais o Ministério Francês do Ambiente. Por isto, creio ter demonstrado que não sou um extravagante qualquer, mas sim um cidadão preocupado com o ambiente e - admito-o sem reservas - com o meu próprio bem-estar. Será que neste contexto Penela pode tomar uma atitude protagonista em Portugal ou será – mais uma vez – sonhar a alta voz? Seria uma iniciativa prestigiante, quase sem custos, amigo do ambiente e "tourist friendly"... Não são sempre as fanfarras que fazem mais barulho que tocam a melhor música...
In Frankrijk werd onlangs in 177 steden de nacht van de duisternis gevierd. Misschien wel het imiteren waard in ons dorp, Penela...

segunda-feira, novembro 02, 2009

O "juiz belga", uma espécie inexistente em Portugal

Domingo passado, o anterior PM da Bélgica e actual Ministro de Negócios Estrangeiros, Yves Leterme, declarou em frente às câmaras da Televisão Pública que não tem mais confiança na Justiça do seu país. De facto, uma afirmação gravíssima vindo de um dos dignitários máximos do regime. Disse ainda " ... não sou o único a nutrir este tipo de desconfiança, muitos cidadãos também se questionam e eu tenho serias duvidas sobre o comportamento de alguns magistrados". Na realidade, naquele pais rebentaram recentemente vários escândalos nas altas esferas da magistratura. Alguns têm a ver com manipulações relacionadas com a autorização judicial para a venda do banco Fortis quando este estava em apuros : provou-se que vários Juízes tomaram decisões em sintonia com "as indicações " recebidas dos políticos. Outro caso é o da juíza De Tandt que em diversos julgamentos supostamente favoreceu uma empresa à qual deve dezenas de milhares de euros e para além disso teve um papel duvidoso no caso da falência da Sabena. Em outros casos fala-se de chantagem, fraude e extorsão. Resumindo: na Bélgica, os delegados terrestres da deusa Themis têm algumas manchas de caca de pombo nos seus majestosos hábitos negros e não andam de olhos vedados, sabem perfeitamente distinguir uma nota de 500 euros de uma de 200. No final são simples mortais como tu e eu; alguns são honestos, outros são burlões.
Todavia, para a sua tranquilidade, devo dizer que tudo isto só se passa em terras remotas, longe de Portugal. Claro que temos aqui também alguns políticos um bocadinho corruptos - antes, durante ou depois da sua carreira -, existem talvez aqui alguns laços duvidosos entre o mundo empresarial e os partidos, é possível que algumas câmaras guardem algumas poupanças num saco azul em conjunto com um ou outro Senhor do futebol , mas no fim do ciclo, esta lá sempre imutável, como uma rocha nas ondas, a nossa Justiça pronta para fiscalizar, punir e castigar os impuros. Felizmente para nós, na nossa Justiça e nos nossos Tribunais reina a Imparcialidade isenta e a Neutralidade absoluta, não existe qualquer distinção entre ricos e pobres e trabalha-se dia e noite, num ritmo acelerado, para fazer vencer rápida e implacavelmente o Direito. Por vezes, sonho que me chamo Alice e que vivo no País das Maravilhas. E...tenho medo de acordar.
Terwijl in Belgie allerlei schandalen opduiken in verband met de Justitie, denken wij nog altijd het beste van ons gerechtssysteem : alles is wellicht een beetje rot, maar de Justitie is puur...Of ben ik Alice in Wonderland ?

terça-feira, outubro 27, 2009

Há 2000 anos : uma batalha decisiva para a história Europeia

Em vários países da Europa ocidental observamos um fenómeno estranho : alguns chefes ou reis tribais que, na época romana, falharam em repelir o invasor romano e que consequentemente perderam a sua independência, obtiveram o estatuto de " herói nacional". Falamos entre outros de Vercingetorix em França, de Viriato em Portugal, de Ambiorix na Bélgica, da "rainha" Boudica na Ingelaterra. Existe no entanto uma excepção, a do Arminio (Hermann) o valoroso guerreiro da tribo germânica dos Cherusci que há exactamente dois mil anos definiu pelas armas o aspecto actual da Europa. No inicio da nossa era, Arminio, aliou-se às tribos dos Marsi, Bructeri e Chatti para defender a Germânia da conquista romana. Em Setembro do ano 9, a sua táctica astuciosa de emboscadas resultou na destruição completa das 3 legiões que se tinham infiltrado no interior da Germânia Inferior sob o comando de Publis Quinctilius Varus. A batalha, que se desenrolou perto do monte "Kalkriese Berg" nos arredores da actual Osnabruck, significou a derrota completa dos Romanos nesta região e causou uma mudança radical na politica imperial que resultou finalmente no abandono do Norte e do Centro da Germânia pelo imperador Tiberio em 17 AD : assim o Reno tornou-se uma fronteira definitiva entre dois mundos. A vitoria obtida por Arminio nesta batalha ("der Varusschlacht" ) tem uma importância histórica que dificilmente pode ser sobrestimada : evitou uma romanização iminente dos povos germânicos na Europa (como aconteceu aos Gauleses e aos Ibéricos) e préprogramou a queda de Roma alguns séculos mais tarde. Sem Arminio provavelmente a Alemanha nunca teria existido, os Britânicos nunca teriam falado uma língua anglo-saxónia, os Visigodos nunca teriam invadido a Lusitânia : quem sabe se império romano ocidental - exactamente como o Bizantino - não teria durado mais um milénio? É bom recordar que há 2000 anos, nas florestas escuras do além-Reno, um jovem "bárbaro" moldou com a sua espada sangrenta a história da Europa e do Mundo para sempre. http://www.imperium-konflikt-mythos.de/
2000 jaar geleden betekende de "Varusschlacht" de verdeling van West-Europa in een Latijnse en een Germaanse invloedszone.

terça-feira, outubro 20, 2009

Saramago, a Bíblia e os maus costumes

O idoso mais famoso de Portugal adora provocar e nisso está no seu pleno direito. Todavia o que disse na altura do lançamento do seu novo livro "Caim" está longe de ser original. Inúmeros artigos já foram escritos sobre o mesmo assunto: a Bíblia é uma amalgama de textos profundamente humanos - e consequentemente poucos divinos - cheios de violência, crueldade e injustiças. Por outras palavras, José Saramago mastiga chicletes já antes exaustivamente mastigadas. Não compreendo como conseguiu ainda mobilizar o clero para reagir de tal modo, com as mesmas respostas "déjà vu e entendu" de sempre. Segundo eles, os textos litigiosos não devem ser interpretados literalmente mas sim de maneira simbólica no quadro da sua época, no entanto as passagens que tratam de paz, amor, fraternidade e mais coisas simpáticas, sim, estas são para o consumo directo. É sem dúvida um raciocínio "passe-partout", fácil e barato, especificamente quando tomamos em consideração que a santa Bíblia é provavelmente a primeira publicação de âmbito universal que faz uma distinção discriminativa entre "povos eleitos" e "povos não eleitos", uma atitude com consequências dramáticas até ao dia de hoje. De qualquer modo, o Saramago tem sorte ou então é mesmo muito esperto: se tivesse feito o mesmo tipo de declarações sobre outros livros sagrados, teria agora de desaparecer na clandestinidade com a cabeça a prémio. Resta uma última tarefa para o nosso corajoso nonagenário : analisar meticulosamente os livros, manifestos e dogmas que estão na base da doutrina que o caracteriza. Considerando que os documentos referidos cheiram ao mofo do "gulag" e que de algumas páginas pingam gotas de sangue, também devem conter um ou outro parágrafo que incita aos "maus costumes ". Realmente, setenta ou oitenta milhões de vitimas não é canja... "Gnooti seauton" disseram os velhos gregos...
Nobelprijswinnaar Saramago kritikeert de Bijbel als zijnde een boek dat slechte manieren aanleert. Gelijk heeft hij wellicht, maar als communist van de oude garde, zou hij toch ook eens voor eigen deur moeten vegen.

quarta-feira, outubro 14, 2009

O futebol português: reconquista e descobrimentos

Hoje está mobilizada a nação lusitana para derrotar o inimigo maltês. Em todos os canais da radio e televisão ouvimos apelos patrióticos para dar apoio à selecção que vai travar uma batalha heróica contra a equipa da referida ilha mediterrânea. Guimarães, o berço da nação, onde sonambula o espírito do D. Afonso Henriques vai ser o palco privilegiado desta nova epopeia. Será que ninguém tem a coragem suficiente para informar os adeptos da selecção que afinal, Malta é um pequeno país composto por algumas ilhas minúsculas ( total 300 km2= metade da Madeira) no meio do mar, com uma população estimada em 400.000 pessoas; são uns 50 clubes e clubezinhos que compõem este mini-universo futebolistico. Os jogadores malteses aplicam à letra o lema do Barão de Coubertin : "participam sempre sem alguma vez sonhar em ganhar" . Resumindo, hoje, a selecção de Portugal altamente profissional e cheia de vedetas entra em campo com uma equipa que perde com todos; não ganhar este jogo significaria mesmo que Portugal não merece ir ao Mundial. Para além disso, aqui a prova de que "o ridículo não mata" : hoje o treinador Manuel José declarou na TVI, " Portugal tem 500 anos de África, ficava mal não ir ao Mundial". Falta ainda navegar rumo África do Sul a bordo duma caravela com o Queiroz ao leme, à chegada plantar um pelouro no estádio da Cidade do Cabo e à volta - porque não - trazer o título, algumas toneladas de especiarias e um par de escravos...

sexta-feira, outubro 09, 2009

A equipa belga de futebol : a farsa da união


O anterior treinador da equipa belga, Frankie Vercauteren, deu em 6-10-2009 uma entrevista a um conhecido semanário e falou sobre o ambiente que reina entre os "Diabos Vermelhos" . Lembramos que Frank Vercauteren foi um jogador famoso do Anderlecht e entrou muitas vezes na selecção nacional. Falando sobre os almoços e jantares com a selecção disse o seguinte : " à mesa os Francófonos juntam-se aos Francófonos e os Flamengos aos Flamengos. Sempre foi assim. O que se pode fazer neste caso? Pouca coisa. Mas recentemente vi uma situação ainda mais caricata. Tinham posto 2 pratos a mais na mesa. E o que se passou? Ninguém se sentou em frente dos pratos no meio: havia literalmente uma linha de demarcação entre os Flamengos e os Francófonos." Para completar a sua informação : 1º o lema nacional da Bélgica é " A União faz a força", 2º os resultados da equipa nacional belga são péssimas a todos os níveis...
Frankie Vercauteren, ex-trainer van de Belgische ploeg verklaarde in een recent interview dat de Vlaamse en Franstalige spelers tijdens de maaltijden strikt gescheiden zitten aan tafel...

terça-feira, outubro 06, 2009

Eleições autarquicas em Penela

Como cidadão com o direito a votar, tenho todo o interesse em ser esclarecido sobre as posições defendidas pelos partidos que aspiram ao poder, neste caso concreto o PSD e o PS.
Vi alguns programas que - se não pecam por originalidade - estão francamente optimistas e repletos de promessas; até me parece já ter visto algumas delas há 4 ou 8 anos...
É evidente que alguns assuntos me tocam mais do que outros e por isso quero formular as seguintes questões.
1º "As novas tecnologias" é sem duvida um dos palavrões chiques e mais queridos dos políticos portugueses (como empreendorismo, produtos endógenos, acessibilidade, gastronomia local, défice democrático, etc.) que adoram usar como passe-partout em qualquer circunstancia. No entanto, no que diz respeito às tecnologias referidas, a situação não é tão brilhante como se podia esperar. Vivemos no país do Magalhães, do Simplex e dos cabos ópticos, mas a apenas 20 km de Coimbra, a uns escassos 4 km do centro de Vila, não temos acesso a banda larga da Internet. Não podemos fazer pagamentos electrónicos, não podemos entrar em contacto com a nossa empresa nem com os nossos clientes, os nossos estudantes não podem consultar a Net ; em poucas palavras , uma situação algo terceiro-mundista. É evidente que não somos os únicos nesta situação e isto não se passa só em Penela : todavia na minha situação pessoal, gostaria de saber se os candidatos locais têm alguma proposta concreta para tentar solucionar esta discriminação informática.
2º No último Domingo um jornal local em Coimbra fez menção da contestação crescente naquela cidade contra o ruído excessivo que condiciona o repouso das pessoas durante a noite. É um facto que milhares de pessoas no país inteiro estão vitimizados com problemas destes e lenta mas seguramente retumba a revolta . Todavia, nós que vivemos em pleno campo, sofremos do mesmo inconveniente: as festas anuais impedem-nos durante 3 dias de dormir e descansar. No entanto existe uma legislação adequada e gostaria neste contexto de conhecer a posição dos candidatos em relação com à Lei referida : preferem - como até agora - numa demonstração de populismo barato pactuar com ilegalidades, sacrificando alegremente o bem-estar de alguns poucos cidadãos ou estão decididos - como é o seu dever - a fazer cumprir a Lei no que diz respeito ao horário (até 02 h) e à intensidade (max. 45 decibéis) do barulho produzido ?
3º Mesmo que por vezes tenha de esperar algum tempo num deposito, o conteúdo das sanitas de Podentes nunca falha em encontrar o seu caminho para a ribeira do mesmo nome para depois desaguar no rio Dueça. Todos sabemos que materiais fecais em cursos de agua com pouco débito são um risco para a saúde em todos os aspectos: todo o tipo de doenças contagiosas pode ser propagado através de moscas e melgas e o próprio contacto com a agua contaminada é perigoso para animais e seres humanos. Para além disso, quem produz tanta retórica sobre o assunto, deve estar ciente que um ambiente puro e o turismo em meio rural estão intimamente ligados. Aqui vai a minha última pergunta: o que foi feito nos últimos 4-8 anos para remediar esta situação e que será feito num futuro próximo? As eventuais respostas serão publicadas aqui.
Zondag a.s. hebben hier gemeenteraadsverkiezingen: ik zou de mening willen kennen der kandidaten over geluidsoverlast, de moeilijkheden om Internetverbinding te krijgen, de bevuiling der plaatselijke beken .

quarta-feira, setembro 30, 2009

Cavaco e Sócrates : a falência do modelo Português

Ninguém pode negar que o semi-presidencialismo em vigor em Portugal não funciona bem : aquele "patchwork" híbrido composto por cópias parciais de modelos existentes noutros países não é - como deveria ser -um factor de unidade ou de estabilidade no país, bem pelo contrario : as turbulências dos últimos dias são a prova eloquente desta afirmação.
Quando comparamos o modelo nacional com os que são presidencialistas no sentido verdadeiro da palavra - com presidentes que governam como em França ou nos EUA - vemos que os poderes presidenciais em Portugal são bastante limitados : não permitem definir políticas, nem dar orientações decisivas ao governo.
Mais grave ainda : o poder circonscrito do qual dispõe o Presidente, tem na opinião pública uma consonância preponderantemente negativa: é considerado um mecanismo-de-travão-institucional. Assim, o emposse de governos, a promulgação de leis ou a proferição de alocuções moralizantes são entendidos como "faits divers" que passam de modo silencioso quase na indiferença, no entanto, actos mais polémicos como vetar leis, demitir governos ou formular críticas explícitas, saltam logo para o centro das atenções e provocam discussão, irritação e contestação.
Também é negativo para a imagem da instituição presidencial que mesmo após a sua eleição, o povo persiste em identificar os seus presidentes - tanto Mário Soares, como Jorge Sampaio ou Cavaco Silva - com a sua família política de origem, de tal modo que todos os seus actos são quase automaticamente interpretados nesta perspectiva. É uma situação francamente redutora : o Presidente de todos os Portugueses continua a ser visto como um socialista ou um social-democrata, com outras palavras, como o homem de um partido.
Só existem duas soluções : ou reformar drasticamente o sistema político existente e incrementar o poder presidencial como nos países anteriormente referidos, ou diminuir e restringi-lo a uma função simbólica, cerimonial, como na Alemanha ou na Irlanda.
Neste momento em que a República se está quase a tornar centenária é provavelmente um sinal de mau gosto sugerir que uma monarquia constitucional resolveria tudo isso...
De wrijvingen tussen de President en de Regeringspartij bewijzen dat het presidentieel regime in Portugal niet op punt staat. Ofwel moet de presidientiele macht versterkt worden (zoals in Frankrijk) ofwel verkleind (zoals in Duitsland). Misschien voelen de Portugezen wel iets voor een constitutionele monarchie, wie weet?

segunda-feira, setembro 28, 2009

Vitória de Pirro ?


Na interpretação das eleições de ontem, existe uma clara contradição entre a politica e a matemática. Para a matemática, a ciência exacta por excelência, só um único partido com representação nacional perdeu votos, nomeadamente o PS que foi sangrado em meio milhão de votos, ficando com só um pouco mais de 1/3 do eleitorado que optou pelo seu projecto. Isto implica que quase 2/3 dos votantes - obviamente às vezes por motivos diametralmente opostos - recusaram o Eng. Sócrates para governar o país. Todos os outros partidos avançam, mesmo o PSD pós-Satanista. A matemática só indica dois grandes vencedores, o CDS-PP e o BE que ambos duplicam mais ou menos o número dos seus deputados, o PSD e a CDU avançam um pouco, mas falham estrondosamente os seus objectivos. Do ponto de vista politico, a situação é algo diferente : o PS continua a ser - e com grande avanço - o partido mais votado e por isso terá direito a (tentar) formar o governo. Há muitas prendas envenenadas : o CDS-PP e o BE só podem fazer qualquer coisa útil com a sua votação tão espectacularmente acrescida, em combinação com José Sócrates; no entanto podemos supor que o seu eleitorado é por convicção ferozmente oposto à figura do PM : assim, colaborar a grande escala com Sócrates de certeza afugentará os eleitores recém-conquistos, mas por outro lado manter-se numa oposição estéril provará a "inutilidade prática " dos seus assentos parlamentares obtidos.
Mesmo assim, considero que os resultados de domingo têm um aspecto positivo para a democracia : deixou de existir a supremacia inabalável dos dois grandes partidos que reduziram a política portuguesa a um jogo de alternância, asfixiando todos as outras correntes políticas . O eleitor - exactamente como no resto da Europa - afastou-se do "melting pot" central e perdeu o medo de andar por outros caminhos, mostrando o seu interesse por projectos mais nítidos, mais claros, mais compreensíveis. Caberá aos nossos políticos provar - como é habito adquirido em muitos outros países da CE - que são capazes de dialogar e de assumir compromissos para o bem da nação : se não, daqui a 1-2 anos seremos outra vez chamados às urnas. E... atenção, mais "uma vitória extraordinária" destas e o PS estará ao nível do PSD da Manuela: a memória do Rei Pirro está omnipresente.
De verkiezingen in Portugal gaven een eigenaardig resultaat : de regerende PS verloor als enige van alle in het parlement zetelende partijen stemmen - een half miljoen dan nog wel -maar behaalde toch veruit het meeste stemmen en zal dus de nieuwe regering vormen. Gaan sterk vooruit de meer linkse (BE) en de meer rechtse (CDS/PP) partijen. De centrale liberale PSD kon zijn zwakke positie hoegenaamd niet verbeteren.

sexta-feira, setembro 25, 2009

Em breve : arqueologia política viva em Portugal?

Existem rumores que predizem a entrada do BE e/ou da CDU num eventual próximo governo PS. É um dado bastante interessante porque transformaria o nosso país num laboratório ao ar livre para os politólogos do mundo inteiro; um tipo de ilhas Galapagos onde os Darwins da actualidade podiam estudar 3 formas do socialismo em plena convivência : o autodenominado socialismo democrático, o Estalinismo à moda de papá e o Trotskismo de colar branco mas sem gravata. E dizer que alguns especialistas julgaram já as duas últimas espécies como extintas. Enfim, além das Pegadas dos Dinossauros na Serra de Aire , os turistas vão ter ainda mais um motivo para nos visitar e se foram muitos - vamos ter de pensar mesmo a sério - na instauração de uma linha de TGV e de um novo aeroporto... Ou vamos optar pelos Trabant e as bicicletas chineses?
Er doen geruchten de ronde dat we na de verkiezingen alhier een coalitieregering zouden krijgen van socialisten, communisten en het Linkse Blok (Trotskist). Dit zou dan Portugal veranderen in een een openluchtmuseum van voorbijgestreefde doctrines.

quarta-feira, setembro 16, 2009

O atraso ambiento-cultural iluminado em Podentes


A poluição luminosa é o tipo de poluição ocasionada pela luz excessiva criada por humanos. A poluição luminosa interfere nos ecossistemas, causa efeitos negativos à saúde, ilumina a atmosfera das povoações, reduzindo a visibilidade das estrelas. Alguns processos naturais só podem acontecer durante a noite na escuridão, como por exemplo, repouso, reparação, predação ou recarga dos sistemas. Por esta razão, a escuridão possui igual importância como a luz do dia. É indispensável para um funcionamento saudável dos organismos e de todo o ecossistema. A perturbação dos padrões naturais de luz e escuridão influencia vários aspectos do comportamento animal. A poluição luminosa pode confundir a navegação animal, alterar interacções de competição, alterar relações entre presas e predadores e afectar a fisiologia do animal. Enquanto que o aumento da claridade do céu nocturno representa o efeito mais familiar, outros aspectos alarmantes ainda se encontram por contabilizar, como por exemplo, o facto de a poluição luminosa conduzir a um maior gasto de energia eléctrica. Numa escala global, aproximadamente 19% de toda a electricidade utilizada serve para produzir luz à noite (gerada pela carbonização de combustíveis fosseis, responsáveis para a descarga dos gases culpados do aquecimento global e pela exaustão dos recursos-não-renováveis.). A poluição luminosa produz muitos outros impactos no ambiente. Efeitos perigosos envolvem o reino animal, o reino vegetal e a humanidade. Para além de ser eminentemente deteriorativa para aos animais nocturnos, migratórios e para os animais em voo, a poluição luminosa produz também riscos nas plantas. Na maior parte dos casos a poluição luminosa é provocada pela industria, todavia em Vendas de Podentes, Penela, é devido ao atraso ambiento-cultural de algumas pessoas que acham que colocar dois postes de iluminação com três lâmpadas potentes num pequeno lugar onde só vivem 4 pessoas e onde praticamente não há transito, como uma prova de sua modernidade : estragam o ambiente, diminuem a qualidade de vida dos inquilinos e ...o contribuinte paga. Não seria honesto omitir aqui a compreensão e o apoio recebido da parte do vereador responsável da Câmara Municipal de Penela; para além disso, parece que aquela iniciativa infeliz e retrograda não é oriunda da Câmara nem da EDP...
PS. Na semana anterior visitei algumas cidades na Alemanha e na Holanda: não encontrei nenhum espaço público com tanto intensidade luminosa como aquela pobre-praçeta-particular nas Vendas...
Bij de kapel, in ons 2-huizen gehucht, werden drie felle straatlampen geinstalleerd (op een 5 meter van elkaar) zodat het nooit meer echt donker wordt. Dit is niet aleen slecht voor het milieu maar ook voor de 4 omwonenden wier bioritme fel gestoord wordt. Ter info : er komen daar 3-4 wagens per dag voorbij...

quarta-feira, setembro 09, 2009

A competitividade portuguesa e as avestruzes-que-recusam-de-ver-a-realidade


Hoje (09-09) referiu-se nos meios da comunicação social o relatório do Foro Económico Mundial sobre a Competitividade Global. Ouvi na TSF uma reportagem bastante objectiva analisando com frieza os vários aspectos da posição de Portugal; também o título do Público tem qualidade informativa : "apesar das medidas de simplificação, Portugal não melhorou no ranking do BM, que mede as condições oferecidas ao funcionamento das empresas". Por outro lado, o Diário As Beiras, publica sob o titulo " Portugal mantem-se na 43ª posição" (uma frase que pode sugerir alguma resistência heroíca contra as adversidades) um texto muito suave, admitindo de certeza recuos em algumas classificações, mas antes de tudo focando nos bons resultados obtidos em diversos rankings específicos; para isso recorre às declarações do Prof. Carlos Zorrinho, Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico e - por pura coincidência - um socialista notório. Parece-me intelectualmente incorrecto maquilhar a verdade, mesmo que ela seja feia e desagradável. O facto de não ter subido neste ranking global é sem dúvida negativo para Portugal e, estando naturalmente satisfeitos com os factores que melhoraram, não podemos ignorar o que nos afunda no ranking: segundo 26 critérios, Portugal esta na segunda metade daquela classificação mundial. Muitos deles têm a ver com a ineficácia de varias legislações, com a falta de transparência das políticas do governo, os défices, o sistema educacional e a qualidade do ensino em ciências e matemática, o alto custo das políticas agrícolas, a rigidez dos vencimentos, os altos custos de despedimento, etc. ( dossié completo em http://www.weforum.org/pdf/GCR09/GCR20092010fullreport.pdf ).
Creio que meter a cabeça na areia sob o lema - "aqui só há boas noticias" - e tentar esconder ao cidadão a realidade em nada brilhante, constam duma burla intelectual; pelo contrário estou convencido que a dureza deste tipo de informação poderia servir como estímulo para arregaçar ainda mais as mangas afim de sairmos deste marasmo. Ultima observação : não é um pouco infantil mencionar que Portugal lidera no que toca à incidência da malária - quando se sabe que dezenas de outros países estão ex-aequo na mesma posição - , no mesmo tempo omitindo que estamos muito mal no que diz respeito à tuberculose e à HIV?

quarta-feira, setembro 02, 2009

Der Pinkelstein und die Pinkelkapelle


As nossas bexigas, mesmo sendo bastante elásticas, não têm uma capacidade ilimitada, deste modo 'urinar' pertence intimamente à condição humana. Com um sentido de humor destacável, a aldeia de Raschala na Áustria aproveitou a mijadela duma figura ilustre para criar um monumento histórico único : a pedra contra a qual Wolfgang Amadeus Mozart fez chichi durante uma viagem para Praga. Esta foi conservada, estimada e até lhe foi colocada uma placa comemorativa.. É a "Pedra Chichi" (der Pinkelstein) de Raschala. Dificilmente uma brincadeira destas seria viável num Portugal muito mais pudico neste tipo de assuntos. Todavia em Podentes-Penela, concretamente nas Vendas, temos um fenómeno similar, a "Capela Chichi" (die Pinkelkapelle). Não merece tanto ser famosa pela notoriedade das pessoas que aí se aliviam mas antes pela quantidade : de facto, durante as festas anuais de Santo António, dezenas e dezenas de homens aflitos aspergem as paredes do santuário e arredores com os seus líquidos íntimos. Por natureza, as senhoras sendo mais discretas, afastam-se um pouco para satisfazer as suas necessidades, deixando no entanto por todo lado, nos campos, caminhos e bosques, os vestígios da sua passagem sob forma de papelinhos encaracolados, quase como as marcas num mapa da Google. As entidades locais estão actualmente empenhadas em tomar medidas preventivas contra a nova Gripe (está na moda) mas provavelmente nunca lhes chegou à massa cinzenta que espaços conspurcados também podem originar doenças: licenciar festas ou outros agrupamentos de pessoas sem prever a presença de instalações sanitárias, é um atentado aos princípios básicos da higiene. Infelizmente não podemos ouvir a opinião do bombo da festa, o Muy Santo António; contudo, se duvido que o Santo Homem aprecie muito a música pimba a altos berros que caracteriza a sua festa, tenho a certeza absoluta que detesta que a sua capela seja molhada até aos fundamentos desta maneira, mesmo 100% biológica.
Je hebt de Pinkelstein in Oostenrijk (waar Mozart pipi deed) en bij ons de Pinkelkapelle (de kapel van Sint Antonius, waar tientallen mannen die het dorpsfeest bijwonen, tegen urineren.

terça-feira, setembro 01, 2009

Quer Barack imitar o SNS do Zé?


Um destes dias, vi o Eng. José Sócrates declarar - com o tradicional sorriso triunfal no canto dos lábios - que os EUA , ao contrário de Portugal, não têm um Serviço Nacional de Saúde. É verdade que nós temos um Serviço de Saúde à disposição de todos, ricos e pobres, mesmo que tenha de admitir que raramente encontrei Amorins ou outros Belmiros a folhear velhas revistas na promiscuidade das salas de espera... Também não é nenhuma novidade da parte do PM indigitar - ainda que de maneira indirecto -os EUA, o auto denominado Farol da Liberdade no Mundo, como sendo um país sem grandes preocupações sociais. Já há mais de um século que se sabe que aquele país enraizado no capitalismo duro e puro tem princípios muito simples : sem dinheiro ou sem trabalho não há acesso ao mercado da saúde (nem ao do ensino), aí a liberdade consiste em pagar ou morrer. Todavia é pouco provável que algum dia Barack copie o sistema Português. A C.I.A. de certeza já o informou que na Europa existem serviços de saúde muito mais eficazes e funcionais do que o nosso, sendo isso uma das razões principais porque muitos imigrantes não querem voltar para a pátria após a sua aposentação. Além disso duvido que o Americano típico tenha a caracteristica primordial e imprescindível exigida ao doente português : uma paciência inesgotável . Ou talvez não : caricaturalmente no mesmo noticiário, o Presidente da Câmara de Vila Real de Santo António veio explicar porque tem de mandar centenas e centenas doentes a Cuba para serem operados e tratados. Bom, mas com Cuba ali ao lado, isto também constitua uma dica valiosa para Obama; da nossa parte podemos poupar talvez algum, combinando o transporte destes doentes com a dos reclusos de Guantánamo que vamos buscar à ilha do Fidel.
De Portugese premier vestigde er trots de aandacht op dat de USA over geen nationale gezondheidsdienst beschikt zoals hier in Portugal. Dat is wel zo, maar de vraag is zeer of Obama het Portugese systeem zou willen overnemen. Deze nationale gezondheidsdienst zit immers met zulke enorme wachtlijsten opgescheept zit, dat van hieruit vaak patienten naar Cuba gestuurd worden voor verzorging...

segunda-feira, agosto 31, 2009

Águas Romanas : não lhes disse?

Há apenas alguns dias exprimi neste "site" os meus receios em relação ao Parque de Águas Romanas em Penela, nestes termos " Não é uma solução de facilidade, um incentivo à preguiça intelectual, desviar os visitantes e os seus filhos para os aspectos lúdicos do tema, quando a uns escassos quilómetros têm à sua disposição os verdadeiros e grandiosos vestígios da civilização romana "em directo" e "em completo?".
Hoje mesmo (31-08-2009), o Diário As Beiras já justificou o meu medo, publicando os seguintes conselhos magníficos para a juventude portuguesa :
" Agora, para fazer o recuo ao século IV podem-se deixar os livros e os filmes de lado, o Parque de Águas Romanas é já ali ao lado". Sem comentários...
Wat ik vreesde is gebeurd: ipv de jongeren aan te sporen om de echte Romeinse ruines in Conimbriga of Rabaçal te bezoeken, schrijft een lokaal krantje stomweg: je hoeft geen boeken meer te lezen of films te bekijken, ga gewoon naar het Romeinse nep-speelplein in Penela....

sexta-feira, agosto 28, 2009

Romanos a preço de ouro em Penela...


Admito que nunca entendi muito bem porque um parque infantil baseado na temática romana foi instalado na Vila de Penela a 7 km da freguesia do Rabaçal, onde teria sido um complemento natural e lógico da Villa Romana e do Museu aí existentes. Todavia, quando o "Diário as Beiras" de 28-08-2009 mencionou que o novo "Parque das Águas Romanas" custou um milhão de euros, comecei a pestanejar : investir 1 milhão de euros em tempo de crise num parque infantil num concelho pobre, endividado, onde falta tanta infra-estrutura básica (por exemplo o saneamento público em certas povoações) não é assim tão evidente. A Dra. Ferreira Leite que ontem em todos os canais de televisão afirmou que está, nesta época de crise, oposta aos investimentos públicos em obras megalómanas, teria de certeza a mesma opinião porque não tenho dúvidas que aquela economista de valor reconhecido defende os mesmos princípios, seja a nível nacional seja a nível autárquico. Não está em questão o valor estético do parque nem a sua (relativa) originalidade, sim o seu preço, a sua primordialidade, a sua oportunidade neste momento. Podem retorquir que a metade da obra é paga pelos fundos comunitários, pois é, mas será que os cidadãos estão conscientes do facto de que nalguns países membros da Comunidade Europeia começa a crescer uma contestação popular e politica contra o gasto "fácil" dos fundos referidos? Só para dar um exemplo : nas eleições europeias recentes, o segundo partido mais votado na Holanda, o PVV , virou-se radicalmente contra (e cito) "o dinheiro gasto em auto-estradas pouco utilizadas como em Portugal ou na Roménia"; pode não concordar com esta atitude mas devemos tomar em consideração que cada ano cada Holandês contribui para a CE com 387 € (um Belga com 416 € e um Português com 139 €).
Finalmente, não tendo qualquer autoridade no que diz respeito à metodologia educacional, arrisco-me no entanto a fazer algumas reflexões: não será antes de tudo essencial continuar a dirigir os interesses dos jovens para as majestosas ruínas de Conimbriga, as maiores romanas em território nacional? Não é uma solução de facilidade, um incentivo à preguiça intelectual, desviar os visitantes e os seus filhos para os aspectos lúdicos do tema, quando a uns escassos quilómetros têm à sua disposição os verdadeiros e grandiosos vestígios da civilização romana "em directo" e "em completo" ? Há pouco tempo ainda queixaram-se na imprensa de falta de verbas para trazer à luz a metade da cidade conimbricense ainda soterrada ou para comprar as propriedades onde estava situado o anfiteatro : 1 milhão de euros não teriam sido útil para avançar um pouco com um projecto de envergadura nacional, europeia, mundial ? De qualquer maneira, se um dia teria de escolher entre uma visita a Pompeios ou ao Parque Asterix, não hesitarei um único segundo....mesmo em companhia das minhas netinhas...
In Penela, op 10km van de befaamde ruines van Conimbriga, werd een speeltuin aangelegd voor kinderen met als thema de Romeinen : prijskaartje bijna 1 miljoen euro (waarvan meer dan de helft betaald door de CE-fondsen) . Conimbriga is de grootste Romeinse nederzetting in Portugal en ik vind het geen goed idee om de kinderen af te leiden van de echte ruines om te spelen in een mini-nep-dorp.

terça-feira, agosto 25, 2009

Uma dica para aumentar a produtividade em Portugal...

Um dos grandes problemas da economia Portuguesa é a fraca produtividade, muito abaixo da média europeia. As causas para o atraso português estão basicamente concentradas em dois dos cinco factores utilizados para avaliar a produtividade dum país : o nível do capital humano e o da capacidade de gestão. Não sou economista, mas tenho a impressão que conheço um método para aumentar a produtividade referida : começar a trabalhar às 9 horas em vez de às 9h e 15. Explico-me : sofrendo de um bioritmo bastante matinal, tenha a tendência de estar sempre à espera uma meia hora antes da abertura das repartições, empresas, escritórios e serviços que de costume começam às 9 horas. Assim tenho todo o tempo de mundo para uma observação pormenorizada de alguns hábitos laborais. O que se passa na realidade é o seguinte : os empregados começam a chegar por volta das 9 horas, passo a passo, gota a gota. Tiram o casaco, abrem os estores, colocam o lanche no frigorífico, bebem um cafézinho, vão fazer a sua mijadela, proliferam alguns comentários sobre a Gripa A e o Ronaldo, pousam delicadamente as nádegas na cadeira e finalmente ligam o computador. São 9h e 15, o trabalho pode começar. Ora bem, creio que neste momento exacto já estamos a perder em relação com os países com melhores índices de produtividade : são quinze minutos, concretamente 3,13% do horário laboral diário. Conclusão : quem consegue convencer os seus colaboradores a entrar no local de trabalho com uns 15 minutos de antecedência - todo o tempo necessário para executar os seus rituais matinais - presta um grande serviço a economia nacional...
Não quero mencionar aqui algumas aberrações tragicómicas às quais ja assisti : como o condutor de um autocarro dos transportes públicos que estaciona o seu veiculo cheio de pessoas, para ir tomar um café ou o chefe da estação dos CTT que fecha o seu estabelecimento colocando um cartaz "voltamos já" na janela, também por motivo da bica...
Als iedereeen stipt om 9h zou beginnen werken en niet om 9h 15 (na een koffietje, een plasje of een babbeltje) zou de productiviteitsindex van de lokale werknemers zeker stijgen...

sexta-feira, agosto 14, 2009

Pequenos paises, grandes exemplos...

Uma grande parte dos portugueses nem sempre tem uma ideia real sobre o que se passa no Mundo e neste contexto quero referir-me aqui ao relatório da W.T.O. (Wordl Trade Organisation) no que diz respeito ao comercio internacional, especificamente sobre as exportações de mercadorias em 2008. Quando consultamos o ranking dos países exportadores somos confrontados com algumas surpresas. Que a Alemanha (1º), a China, os E.U.A. e o Japão lideram a tabela não é de estranhar, mas o que achamos admirável é a quinta posição dos Países Baixos e a oitava da Bélgica, dois pequenos países que têm um território apenas um pouco maior do que o Alentejo. Contam-se 16 milhões de Holandeses e 10 milhões de Belgas. Alguém podia imaginar que a mini-Holanda exporta mais do que a França ou a Itália e a anã Belga mais do que o Reino Unido, a Espanha ou o Brasil ? Continuamos com o exemplo belga: é líder mundial na exportação de tapetes e diamantes, é segundo no chocolate, na margarina e nas fibras naturais, ocupa o terceiro lugar no vidro e o quarto nos automóveis, ovos e bebidas não-alcoólicas... Fazendo as contas "per capita", vemos que o Belga é simplesmente o maior exportador do mundo. Por uma parte podemos sem dúvida atribuir este bom resultado ao altíssimo nível de produtividade atingido pelos trabalhadores daquele país : a mais alta do Mundo a seguir aos E.U.A. e o Luxemburgo (de facto um país atípico). Não seria bom que os nossos políticos se inspirassem mais neste tipo de exemplos de sucesso discreto do que sempre optar para o faraónico quer seja em palavras quer seja em projectos. Finalmente para os que sonham com a reunificação de todos os Neerlandófonos (Flamengos e Holandeses) num estado único : seria simplesmente a quarta potência exportadora do Mundo...
Nederland is de vijfde exporteur ter wereld en Belgie de achtste. Deze toch kleine landen zijn toch een schitterend voorbeeld voor Portugal, niet?

quinta-feira, julho 30, 2009

Disseram "estimular a natalidade" ?


João Platão, do Partido Português dos Incómodos fintou magistralmente a proposta do PS sobre " os 200 euros para incrementar a natalidade". Assim - e após ter obtido a bênção do cardeal-patriarca de Lisboa - o líder daquele pequeno partido extremista propõe estimular a natalidade de maneira concreta e directa: cada casal que pratica o amor carnal, sem qualquer tipo de preservativo, terá direito a 10 cêntimos por acto. Esta medida seria muito mais eficaz do que a sugerida pelo PS porque produziria efeitos imediatos para o cidadão, pois o pagamento seria efectuado cada mês. Para além disso, são também de esperar repercussões sociais positivos, considerando que os desempregados possam ganhar um extra, esforçando-se simplesmente um pouco mais em casa. Deste modo um casal com uma actividade sexual moderada de - por exemplo - 300 copulações por ano, receberia a modesta quantia de 30 euros por ano, o que dava em 18 anos 540 euros, muito mais do que o puto ia alguma vez receber segundo esquema Sócrates. Todavia ficam duas questões em aberto: como vai reagir a comunidade gay sobre estes medidas que vão achar de certeza discriminatórias e -last but not least - quem fiscalizará os actos sexuais, pois segundo as últimas noticias o fuck-o-metro que a NASA desenvolveu ainda não é 100% fiável. Talvez ligando-o ao Magalhães que temos todos em casa?

quarta-feira, julho 29, 2009

200 euros em 2027, quando as galinhas tiverem dentes......


Quando as eleições apertam, começam a chover as promessas. Agora e neste quadro, o PS quer-se afirmar como sendo um partido pro-natalista, quando na realidade é conhecido pelas suas atitudes instintivamente contrárias (só pensamos na Lei do aborto). Todavia o PS quando adapta, igual ao seu líder, uma pose nova , mostra-se bastante inábil e desconhecedor dos problemas das famílias. É o preço das fraldas, da alimentação do bebé, das creches, dos livros da escola, das rendas de casa, que afasta as famílias da procriação, não tanto a preocupação com o que o filho vai receber quando tiver 18 anos. O PS podia também ter-se inspirado da Suécia onde os pais podem ficar em casa durante 16 meses para tratar do recém-nascido, sem perda de vencimento. Ou da Noruega, da Estónia, da Lituânia, da Bulgária, etc. etc. Infelizmente o PS adapta as tácticas dum outro Instituto do qual também não gosta muito, a Igreja : prometendo um futuro melhor, claro neste caso não é o céu após a morte, mas sim 200 euros em 2027... Entretanto os bancos agradecem...
De Portugese PS heeft het ei van Colombus ontdekt om de nataliteit te aan te zwengelen: volgens haar programma zou iedere boorling 200 euro op zijn bankrekening krijgen, die hij dan 18 jaar later kan opnemen . Voor de papas en de mamas van vandaag : niets...

segunda-feira, julho 27, 2009

A Gripe e os exageros da WHO/OMS

O conhecido professor francês e deputado do UMP, Bernard Debré, declarou ontem numa entrevista ao "Journal du Dimanche" que a Gripe A/H1N1 ou "Gripe Mexicana"não é perigosa e que a mobilização mundial contra a pandemia não tem outra finalidade do que amedrontar as pessoas. Segundo este famoso urólogo de Paris , esta Gripe é talvez mesmo um pouco menos perigosa do que a Gripe que grassa habitualmente no inverno. "Sim, aquela Gripe se espalha muito rapidamente e pois...?, não passa duma "Gripezinha", não é um vírus Ébola ou de Marburgo". Debré critica a WHO (Organização Mundial de Saúde) dizendo que as autoridades já compreenderam e desistiram da luta e em muitos casos já não se faz o esforço de verificar se os doentes sofrem realmente da H1N1 , aconselhando-lhes simplesmente a tomar paracetamol. Debré opina que as autoridades não tinham outra solução do que adoptar um comportamento dracónico após os inúmeros comunicados diários alarmantes lançados pela WHO. Todavia os governos têm culpa por se terem inclinado com tanta facilidade antes da mediatização politica excessiva dos eventos. Parece -me evidente que os grandes ganhadores desta paranóia colectiva são os grandes grupos farmacêuticos...
De Franse professor Debré beweert dat de ganse Mexicaanse-griep-historie een opgeklopt verhaal is, vanwege de WHO, gewoon bedoeld om ons schrik aan te jagen. En wellicht wordt de farmaceutische industrie er - als enige - beter van...

terça-feira, julho 07, 2009

Mendigar ou pedir : quando a semântica assombrea a ética

No meu contributo neste blog de 08-05-09 ("Mendigar em prol da juventude...) tentei provocar uma consciencialização dos cidadãos no que diz respeito à obrigação moral das entidades locais (Podentes-Penela) de apoiar uma Associação empenhada em promover a pratica do desporto entre a juventude.
Não, no lugar disso, desenvolveu-se uma discussão supérflua sobre a definição da palavra "mendigar", que parece ter eventualmente um significado magoativo. No dicionário verifiquei que um mendigo é um pedinte, alguém (neste caso a Associação) que é pobre e que solicita esmolas (como eu faço para algumas organizações das quais sou membro) . Admito que me estranhou ver numa terra tão cristã a palavra "mendigar" ser interpretada desta maneira: na Igreja católica ser pobre e mendigo é nem mais nem menos uma virtude e só refiro as 6 ordens religiosas mendicantes (entre os quais os Franciscanos, Carmelitas, Dominicanos e Agostinianos), que existem no seio da Igreja e que deram dezenas de santos . Ninguém me dirá que o São Francisco de Assis ou o São Domingos de Gusmão são pessoas desprezáveis. Honestamente, da minha parte, não atribuo nenhum sentido denigrante à palavra "mendigar", mas quem sou eu para discutir com lusófonos de gema sobre o vocabulário Português: pronto, substituo a palavra em questão por "pedir" e no campo da semântica está tudo resolvido.
Agora - e finalmente -já podemos voltar ao essencial : uma Associação que proporciona actividades desportivas aos jovens, promovendo a sua saúde e afastando-os da droga e de outros vícios destes tempos, não deveria estar em primeiro lugar para receber apoios das entidades ? Por exemplo, com verbas que permitem a construção de balneários decentes...
Toen ik het had in een vorige blogbijdrage over het jammerlijke feit dat een sportvereniging niet op overheidssteun kon rekenen om haar sanitaire installaties wat te verbeteren, maar moet bedelen om geld bij bedrijven, brak hier een diskussie los : niet over de grond van de zaak zelf, maar over het feit of het woord "bedelen" al of niet kwetsend is...

sexta-feira, julho 03, 2009

Um ou dois chifres : eis aqui a questão...

Um gesto infeliz do agora ex-ministro da Economia na Assembleia , imitando um animal ruminante-herbívoro bem conhecido, provocou a sua queda. Se o Ministro tivesse utilizado só um dedo , poderia ainda ter dado a volta à historia, alegando que estava a comparar o seu interlocutor-deputado com o Unicórnio, o ser mítico que é o símbolo da pureza, esperança, amor e majestade, mas não foi, eram visivelmente os dois indicadores que estavam apontados na direcção de Bernardino Soares.
Admitindo que talvez não tenha a sensibilidade latina-ibérica necessária para interpretar o simbolismo de tal acto, por minha parte, não o acho tão grave: a linguagem gestual faz parte da vida diária na nossa sociedade, para o bem e para o mal. Quem ainda andava com a ideia que existisse uma camada superior de cidadãos imaculados na qual a mentira, a burla, o roubo, o insulto não existem, já deve ter mudado de opinião à luz dos acontecimentos dos últimos meses. Não, honestamente, se eu tivesse estado no lugar do deputado comunista, teria simplesmente ripostado com um grandioso pirete na direcção do Manuel Pinho, gritando de voz alta "toma-la cabr.." e ... acabava-se aqui a história. E a seguir - como em qualquer tasca de Portugal- íamos ter tomado juntos uma cerveja.
Há coisas muito mais sérias do que um par de chifres: por exemplo, na semana passada, o Ministro da Agricultura mentiu descaradamente no Parlamento sobre o "timing" da demissão de Carlos Guerra (Freeport), foi publicamente contradito pelo PM, no entanto fica tranquilamente em funções exibindo o seu pequeno sorriso sibilino de sempre. A mentira é menos grave para um Ministro do que uma imitação pálida dos cornos do macho caprino ?
De Minister van Economie is ontslagen omdat hij in het parlement een oppositielid beledigd had met het bekende hoorndrager-gebaar. In feite niet zo erg toch; verleden week nog loog een Minister in het Parlement ivm met een ambtenaar die in een corruptieschandaal verwikkeld zou zijn, werd door de Eerste Minister tegengesproken, maar bleef rustig op post. Liegen is minder erg voor een Minister dan met je 2 wijsvingers op je voorhoofd een geitebokje nabootsen...