quinta-feira, abril 30, 2009

A Gripe suína: obrigado queridas aves!


A Gripe mexicana, que os órgãos de comunicação social continuam a chamar teimosamente de "Gripe suína", continua na actualidade. Para os jornalistas nacionais, o facto de não existir ainda nenhum caso em Portugal, começa a tornar-se um pouco decepcionante : temos o Ronaldo como melhor jogador do Mundo, temos a nossa versão masculina de "JeanneArc" , o Nuno Álvares Pereira, nos altares, mas ainda não temos um mártir da Gripe suína. Compreendo a impaciência da comunicação social porque já falhámos neste sentido há poucos anos, na altura da Gripe das aves. Lembro-me ainda desta cena lamentável dos carros dos canais da televisão estacionados em frente da casa de um velhote, que sofreu de sintomas respiratórios em simultaneamente aos habitantes da sua capoeira. Imagine-se o anticlimax para os hienas da informação : não era nada, recuperaram todos bem, o homem e as suas galinhas. Se continuar assim, teremos um Português na Lua antes de termos uma vítima séria da Gripe na Lusitânia. Mesmo assim, temos de agradecer as aves, porque a sua ameaça com uma pandemia de Gripe (das aves) devastadora, obrigou os responsáveis pela saúde pública a prepararem-se para tais eventos, um tipo de simulacro que se averigua ser muito útil no dia de hoje. Entretanto, não obstante as declarações dos cientistas que não atribuem aos suínos qualquer papel na propagação galopante do surto referido, o Egipto decretou o abate obrigatório de todos os porcos no seu território : é uma realidade que os seguidores do Profeta nunca gostaram muito destes animais "impuros" e presenta-se agora uma boa oportunidade para fazer uma limpeza étnica. A mim tudo isso não me toca muito : à hora de almoço vou comer um pouco de leitão e à noite vou dar uma guloseima extra a Bonnie, a minha Vietnamita preta. São momentos perturbadores para todos nós.
De "Varkensgriep" is gesneden brood voor de journalisten. Hier ten lande wachten de verslaggevers nerveus op het eerste slachtoffer : krijgen we er nu een , ja of neen? Dat men in Egypte alle varkens afslacht, zal wel een religieus ondergrondje hebben...

sexta-feira, abril 24, 2009

Pois é, Major Otelo...


Hoje de manha ouvi falar o Major Otelo na radio. Considerando que em Portugal há 2 milhões de pobres, 1 milhão de analfabetos e meio-milhão de desempregados, ele chega à conclusão que a Revolução de 25-4-1974 ainda não atingiu os seus objectivos . De facto, não é preciso ser vidente para ver que somos um caso único na Europa : como explicar que países que vêm de muito longe atrás de nós, em poucos anos ultrapassam alegremente Portugal em todos os aspectos. Talvez a revolução tenha alguma coisa a ver com isso : não será que na primeira década pós-revolucionaria foram feitas muitas opções erradas e contra-produtivas, que hipotecaram o país até ao dia de hoje? A liberdade é o bem mais precioso que temos nesta Terra, mas não é tudo, é preciso muito mais para ser feliz..

segunda-feira, abril 13, 2009

O futebol em Portugal: álgebra especial


O futebol é diferente em Portugal. Ao contrario do que se passa no Resto do Mundo, onde o resultado é decidido por um jogo entre duas equipas de 11 jogadores, neste país as regras são outras. Em Portugal há três intervenientes em cada jogo e cada um tem quase o mesmo grau de influencia sobre o resultado final : a equipa A, a equipa B e a equipa C (a de arbitragem). O que os atletas fazem de bom ou de mal no relvado pode ser interessante, no entanto não é decisivo para o resultado final : de facto temos de admitir que é o terceiro interveniente, sendo a equipa de arbitragem, que tem a voz mais preponderante e sem recurso possível. Enquanto os membros das equipas A e B podem ser castigados ou mesmo expulsos, os da equipa C, dispõem de uma imunidade quase diplomática. Mas a complexidade do futebol Português não pára aqui: são possíveis diversas combinações : a equipa C pode apoiar a equipa A ou B segundo a disponibilidade de relógios em ouro ou damas de vida fácil. A tarefa mais difícil é sem dúvida para os apostadores da Bwin : a aposta torna-se quase num excercio de álgebra : nalguns casos vemos que A+C > B, não é no entanto de excluir que B+C > A . Especialmente na condição de B-Rolex = C+Rolex . Muito raramente somos confrontados com a equação A+B>C, só se os membros da equipa C forem mesmo burros ou ignorantes.
In Portugal is het voetbal anders: het gaat hier niet om een wedstrijd tussen 2 ploegen van 11, maar wel om een treffen met 3 ploegen: hier speelt immers het scheidsrechterteam vaak een doorslaggevende rol.

quarta-feira, abril 01, 2009

Os analistas da Áustria do papá-avô Fritzl

Compreendemos que os jornais são diariamente confrontados com o terrível desafio de encher dezenas de páginas virginalmente brancas e que por isso são extremamente bem vindos os comentários dos analistas que se debruçam sobre todos os problemas . Para além disso, os textos referidos atribuem ao jornal onde estão inseridos, um inegável toque de intelectualismo. O analista é por natureza uma pessoa sábia (ou pedante?) que não somente tem a tarefa dura de produzir frases (consideradas) sensatas sobre os mais diversos assuntos, como também deve afixar continuamente a sua imagem de pensador superior e perspicaz. Vemos o caso da figura triste do papà-violador-sequestrador na Áustria, o senhor Joseph Fritzl. O comum mortal poderia estimar que o velho Joseph não passa de um indivíduo monstruosamente imoral que não merece mais do que uma pena pesada para além do nosso desprezo profundo.., mas os nossos analistas, que têm o dom de poder ver claramente o que se passou nos bastidores da história, têm muito mais para dizer. Para eles, o nojento Fritzl é nem mais nem menos um produto típico da sociedade austríaca que, como se fosse um cogumelo em estrume de cavalo, só se pôde desenvolver aí : só aquele ambiente de pequena burguesia conservadora era capaz de engendrar um monstro destes. E a quem podemos apontar o dedo ? : sem dúvidas ao defunto império austro-húngaro (à Sissi incluída), à Igreja católica e evidentemente aos nazis. Há 15 dias apareceu uma cópia do Fritzl na Itália e esta semana outra na Colômbia. Para um analista profissional não deve ser muito complicado explicar um Fritzl italiano . Temos ali pertinho o Vaticano, temos a neta do Duce e porque não o Gianfranco Fini. No caso colombiano, já não é tão fácil: talvez sirvam de bode expiatório os colonialistas espanhóis ou as folhas de coca . Finalmente, rezamos pra que nunca surja um Fritzl português, para se fazer uma analise jornalística deveríamos logo desenterrar o Salazar e a irmã Lúcia...
Enkele tijd terug kwamen vele kranten-analysten tot het besluit dat Fritzl, de incestueuze verkrachter uit Amstetten, een typisch product was van de Oostenrijkse maatschappij. Nu werd onlangs ook een soortgelijk geval vastgesteld in Italie en eveneens in Colombie. Ben benieuwd om de kommentaren en analyses te lezen van de alleswetende journalisten.