segunda-feira, julho 01, 2013

Desprezar os Flamengos, a maneira errada de "vender" Portugal...


Nos dias 29 e 30 de junho 2013 organizou-se em Bruxelas, capital da Bélgica, no Parque do Cinquentenário (Parque du Cinquantenaire - Jubelpark) , um evento, chamado " Le meilleur de Portugal", com a intenção de promover a cultura, serviços e produtos Portugueses. Segundo o cartaz os organizadores eram o eurodeputado do CDS-PP, Nuno Melo, a CAP e a Ponte, uma Associação para a Promoção da Cultura Lusófona na Bélgica; a iniciativa era apoiada -entre outros- pelo Governo de Portugal e pela Embaixada de Portugal em Bruxelas. Diversas empresas Portuguesas deram o seu contributo.
A Bélgica é um país com um equilíbrio linguístico delicado: de facto, após um século de domínio cultural, político e económico dos francófonos, a Flandres - onde vive 3/5 da população belga - conseguiu libertar-se do jugo francófono e obter o reconhecimento da sua identidade cultural. Assim a Bélgica tornou-se num estado federal com basicamente uma zona unilíngue néerlandófona (a Flandres, no Norte), uma zona unilíngue francófona  (a Valónia, no Sul) e uma zona oficialmente bilíngue, a capital Bruxelas.
Para a pequena história, devemos mencionar que a Flandres produz aproximadamente 2/3 do PIB belga, tem as suas contas globalmente em ordem e subvenciona há décadas - com enormes transferes de dinheiro - o Sul, sempre deficitário mas, mesmo assim, teimosamente socialista há mais de um século..
Quem é hospede da Bélgica deveria conhecer estas realidades e tomá-las em conta quando quer promover naquele país a cultura e os produtos Portugueses: ignorar a língua oficial da grande maioria dos Belgas é sem duvida uma falta grave de educação e constitui uma ofensa para os Flamengos.
Claro, pode muito bem ser que a Super Bock, o café Delta, a TAP e as outras empresas participantes não tenham a mínima vontade de comercializar os seus serviços e produtos na parte economicamente mais forte, mais povoada e com mais poder de compra da Bélgica , e - se for esta a estratégia - estão no bom caminho e agiram bem.
Todavia, seria bom que alguém explicasse aos responsáveis Portugueses em Bruxelas que o desrespeito pela língua de 6 milhões de Belgas dentro das suas próprias fronteiras é sentido como uma provocação e causa antipatias, especialmente quando oriundo de um país que é extremamente exigente - e com todo o direito - em relação ao uso do idioma nacional no seu próprio território.
Tenho conhecimento que os muitos Portugueses que habitam hoje em Flandres e que frequentemente têm o Néerlandês como segunda língua e não o Francês, concordam plenamente com este ponto de vista.
Para além disso, não é uma das regras básicas de qualquer actividade comercial, tentar criar no potencial cliente empatia e simpatia, evitando de irritá-lo desde o primeiro contacto?

Finalmente, para ser completo, quero mencionar que contactei várias vezes o gabinete do eurodeputado Nuno Melo, com mais de um mês de antecedência ao evento e só recebi - mesmo insistindo - respostas evasivas, sem a mínima vontade real de remediar esta situação. Hoje conversei  também com o Sr. Carvalho, da Associação a Ponte, que também só utilizou subterfúgios para explicar o acontecido. Igualmente contactado hoje, o representante da CAP em Bruxelas, teve a reacção mais sensata e construtiva, prometendo que para o próximo ano ia recorrer à minha ajuda para traduzir o cartaz.
Amigos Portugueses, quem quer ainda aplicar na Bélgica o slogan "et pour les Flamands la même chose" vive na época errada e é bom que soubesse que na altura a resposta à esta provocação era: " Geen Vlaams, geen centen", o que em tradução livre significa "Quem despreza a nossa língua, não merece o nosso dinheiro". 

"Minha pátria é minha língua", não foi o que disse o maior poeta Português de todos os tempos?

(Podem eventualmente reagir nos e-mails abaixo mencionados)

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Op 29 en 20 juni 2013 werd in het Jubelpark in Brussel een "event" georganiseerd met de bedoeling de Portugese cultuur, diensten en produkten beter bekend te maken. Jammer genoeg werd alle voorafgaande promotie alleen gevoerd in het Frans (en natuurlijk Portugees). Ik kontakteerde de organisatoren en wees hen erop dat de meerderheid der Belgen Nederlands spreekt en dat Brussel officieel tweetalig is. Één antwoordde met uitvluchten, een andere stelde dat  hij alleen Frans en Engels nodig heeft om in ons land handel te drijven, de derde (CAP = Portugese Boerenbond) beloofde beterschap. Wie mijn standpunt deelt kan, op beleefde en vriendelijke wijze, zijn mening meedelen aan
nuno.melo-office@europarl.europa.eu 
infos@ponte.be 
cap.bxl@skynet.be






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