segunda-feira, agosto 26, 2013

As autárquicas em Penela (1): Que mensagem gostaria de deixar aos Penelenses

 

(publicado no 
Jornal "Região do Castelo" )

Mais uma vez o eleitor será submetido aos cantos das sereias dos dois grandes partidos. Uma máquina de propaganda poderosa não hesitará em usar todos os meios – crise ou não – para perpetuar a sua posição dominante. Nestes tempos difíceis podemos optar por um outro caminho que consiste – seguindo a lógica do Presidente da República – na junção de todas as forças vivas políticas, também em Penela. Se for eleito, garanto que irei fazer todos esforços possíveis para incluir todos os Penelenses de todos os partidos na governação do Município. Não haverá mais vereadores sem pelouro. Bom senso e sinceridade podem e devem ultrapassar os preconceitos inerentes ao sectarismo partidário. Dêem-nos uma “chance” para servir de hífen entre as diferentes facções da população de Penela porque afinal o Amor às Pessoas pode ser tão decisivo como o à Terra. Unidos iremos mais depressa e mais longe. Uma mudança de mentalidade impõe-se, também a nível autárquico, para garantir a nossa permanência na Comunidade Europeia e, no nosso concelho, isto é só possível mediante uma alternância democrática. Fala-se muito de orgulho, mas a realidade é que no dia de hoje uma troika estrangeira tomou as rédeas do país. A nossa Penela não repetirá os erros do passado e colaborará activamente na restauração da independência financeira e económica de Portugal. Sim nesta Penela e neste Portugal terei e teremos ainda mais orgulho.

segunda-feira, agosto 12, 2013

Lei da pureza em Penela...


Há na Alemanha uma velha Lei, ainda em vigor, (das Reinheitsgebot de 1516) que define que só pode ser denominada cerveja a bebida que resulta da fermentação de água, cevada e lúpulo, um regulamento que dificulta a comercialização de cervejas estrangeiras naquele pais como por exemplo as nossas que contêm também milho ou arroz.
Definir critérios de pureza ou de autenticidade foi sempre um método para justificar exclusões não só a nível comercial mas também na política.
Assim, na altura das eleições autárquicas surge sempre no microcosmo político de Penela um certo discurso parecido com a velha Lei referida: existe algures (e sabemos todos onde) um Penelense mais puro do que os outros e só ele tem capacidade para gerir Penela, só ele tem a exclusividade do Amor Sincero à Terra, só este ser humano ideal conhece a fundo Penela, cada instituição, cada pessoa, cada galinha, cada arbusto, cada m2 e só esta criatura, quase mítica, pode resolver os problemas do concelho (se porventura ainda sobrasse algum…). Dom Sebastião, Superman e o Pai Natal estão bem vivos e visivelmente entre nós.
Dizer que é um caso de xenofobia “soft” a nível paroquial seria talvez exagerado, mas que consta de uma atitude latente de discriminação mental, uma tradução suave da doutrina “Blut und Boden”, de certeza é: respeitamos os de “fora” e tratamo-los bem, mas na profundez da nossa alma estamos convencidos que somos de longe, de muito longe, os melhores de todos em tudo.
Assim atinge-se o cúmulo do sofismo:
1. quem viveu sempre neste concelho é melhor do que os outros;
2. só o melhor serve para dirigir este concelho;
3. só alguém que viveu sempre em Penela é capaz de ser Presidente deste concelho.
Para os especialistas em “empreendorismo” e “gestão” que abundam nesta Terra, não será segredo que muitas empresas grandes e sérias façam exactamente o contrário: para preencher vagas no topo, recorrem sem hesitar a elementos de fora, frequentemente sem qualquer ligação a ou experiencia no ramo, a fim de introduzir ideias frescas e novos impulsos dinamizadores e para se libertar de comportamentos estereotípicos e de vícios instalados. Dispor de um campo de visão largo não pode ser unicamente o resultado de algumas deslocações, leituras ou participações em congressos, não, depende basicamente de experiências interiorizadas  e adquiridas mediante trabalho a sério, inserido numa sociedade competitiva. De facto -se não fosse assim - os peixes de aquário seriam seres muito mais inteligentes, pois observam dia após dia, anos após ano, a vida humana na sala de estar dos seus donos. Para além disso, estas mesmas pessoas devem ter ficado muito indignadas (claro, só interiormente) quando num passado recente foram confrontadas com candidaturas paraquedistas como a de Santana Lopes na Figueira e devem estar diariamente enjoadas (claro, só interiormente) quando observam no dia de hoje como alguns trocam de concelho, como nós mudamos de calças: Ílhavo por Aveiro, Sintra por Lisboa ou Gaia por Porto…
Honestamente, não gosto da ostracização pública e “a priori” de candidatos para as eleições autárquicas que – supostamente - não disponham de um certificado de origem adequado: a exigência para a endogeneidade absoluta pode ser justificada para chouriços, vinhos e queijos, mas para o futebol e a política não é tão manifesto.
Tudo isto deveria ser ainda mais evidente num país gerido há dois anos – a convite do Governo de Portugal - pelos puríssimos estrangeiros da Tróika, que além de ter a tarefa de (tentar) endireitar – mais uma vez - as finanças de Portugal, servem de “bode expiatório” perfeito para canalizar e absorver a ira pública contra os cortes, a austeridade e a pobreza.
Ao contrário do que querem fazer crer ao Povo, é exactamente a hibridização, a introdução de elementos alheios, que vitaliza e dinamiza. Por tudo isso digo em voz alta: bem-vindo à diversificação, à pluralidade, à heterogeneidade; não abram só as portas, mas também as janelas, puxem os autoclismos e liguem ventiladores e exaustores...
Para bom entendedor meia palavra basta.

terça-feira, agosto 06, 2013

"A Febre Autárquica" em Penela (1)

No dia 28 de Julho - em plena época de férias - passei na fonte chamada Bica do Frade (na estrada de Podentes para Chão de Lamas) onde existe uma zona de piquenique e constatei que estava tudo num estado lastimável, sujo e poluído.(foto à esq.). Cinco dias mais tarde voltei e notei que o sitio foi entretanto limpo e pintado (foto em baixo). Neste caso parece o calendário das eleições é mais importante do que o calendário da temporada turística.

segunda-feira, julho 01, 2013

Desprezar os Flamengos, a maneira errada de "vender" Portugal...


Nos dias 29 e 30 de junho 2013 organizou-se em Bruxelas, capital da Bélgica, no Parque do Cinquentenário (Parque du Cinquantenaire - Jubelpark) , um evento, chamado " Le meilleur de Portugal", com a intenção de promover a cultura, serviços e produtos Portugueses. Segundo o cartaz os organizadores eram o eurodeputado do CDS-PP, Nuno Melo, a CAP e a Ponte, uma Associação para a Promoção da Cultura Lusófona na Bélgica; a iniciativa era apoiada -entre outros- pelo Governo de Portugal e pela Embaixada de Portugal em Bruxelas. Diversas empresas Portuguesas deram o seu contributo.
A Bélgica é um país com um equilíbrio linguístico delicado: de facto, após um século de domínio cultural, político e económico dos francófonos, a Flandres - onde vive 3/5 da população belga - conseguiu libertar-se do jugo francófono e obter o reconhecimento da sua identidade cultural. Assim a Bélgica tornou-se num estado federal com basicamente uma zona unilíngue néerlandófona (a Flandres, no Norte), uma zona unilíngue francófona  (a Valónia, no Sul) e uma zona oficialmente bilíngue, a capital Bruxelas.
Para a pequena história, devemos mencionar que a Flandres produz aproximadamente 2/3 do PIB belga, tem as suas contas globalmente em ordem e subvenciona há décadas - com enormes transferes de dinheiro - o Sul, sempre deficitário mas, mesmo assim, teimosamente socialista há mais de um século..
Quem é hospede da Bélgica deveria conhecer estas realidades e tomá-las em conta quando quer promover naquele país a cultura e os produtos Portugueses: ignorar a língua oficial da grande maioria dos Belgas é sem duvida uma falta grave de educação e constitui uma ofensa para os Flamengos.
Claro, pode muito bem ser que a Super Bock, o café Delta, a TAP e as outras empresas participantes não tenham a mínima vontade de comercializar os seus serviços e produtos na parte economicamente mais forte, mais povoada e com mais poder de compra da Bélgica , e - se for esta a estratégia - estão no bom caminho e agiram bem.
Todavia, seria bom que alguém explicasse aos responsáveis Portugueses em Bruxelas que o desrespeito pela língua de 6 milhões de Belgas dentro das suas próprias fronteiras é sentido como uma provocação e causa antipatias, especialmente quando oriundo de um país que é extremamente exigente - e com todo o direito - em relação ao uso do idioma nacional no seu próprio território.
Tenho conhecimento que os muitos Portugueses que habitam hoje em Flandres e que frequentemente têm o Néerlandês como segunda língua e não o Francês, concordam plenamente com este ponto de vista.
Para além disso, não é uma das regras básicas de qualquer actividade comercial, tentar criar no potencial cliente empatia e simpatia, evitando de irritá-lo desde o primeiro contacto?

Finalmente, para ser completo, quero mencionar que contactei várias vezes o gabinete do eurodeputado Nuno Melo, com mais de um mês de antecedência ao evento e só recebi - mesmo insistindo - respostas evasivas, sem a mínima vontade real de remediar esta situação. Hoje conversei  também com o Sr. Carvalho, da Associação a Ponte, que também só utilizou subterfúgios para explicar o acontecido. Igualmente contactado hoje, o representante da CAP em Bruxelas, teve a reacção mais sensata e construtiva, prometendo que para o próximo ano ia recorrer à minha ajuda para traduzir o cartaz.
Amigos Portugueses, quem quer ainda aplicar na Bélgica o slogan "et pour les Flamands la même chose" vive na época errada e é bom que soubesse que na altura a resposta à esta provocação era: " Geen Vlaams, geen centen", o que em tradução livre significa "Quem despreza a nossa língua, não merece o nosso dinheiro". 

"Minha pátria é minha língua", não foi o que disse o maior poeta Português de todos os tempos?

(Podem eventualmente reagir nos e-mails abaixo mencionados)

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Op 29 en 20 juni 2013 werd in het Jubelpark in Brussel een "event" georganiseerd met de bedoeling de Portugese cultuur, diensten en produkten beter bekend te maken. Jammer genoeg werd alle voorafgaande promotie alleen gevoerd in het Frans (en natuurlijk Portugees). Ik kontakteerde de organisatoren en wees hen erop dat de meerderheid der Belgen Nederlands spreekt en dat Brussel officieel tweetalig is. Één antwoordde met uitvluchten, een andere stelde dat  hij alleen Frans en Engels nodig heeft om in ons land handel te drijven, de derde (CAP = Portugese Boerenbond) beloofde beterschap. Wie mijn standpunt deelt kan, op beleefde en vriendelijke wijze, zijn mening meedelen aan
nuno.melo-office@europarl.europa.eu 
infos@ponte.be 
cap.bxl@skynet.be






quinta-feira, junho 13, 2013

Há muito para fazer - ou - haveria um erro nas minhas contas?

Hoje, o governo da Região Autónoma da Flandres publicou um relatório sobre as exportações agrícolas em 2012. Segundo Kris Peeters, o Presidente daquela  Região, as exportações agrícolas (no sentido largo da palavra) cresceram com 8% em 2012 . Assim as exportações da agricultura flamenga atingiram  80% das exportações totais da Bélgica neste sector (aproximadamente 30 mil milhões de um total de 38,4 mil milhões de euros). A Flandres tem uma superfície de 13.600 km2, um pouco mais do que a metade do Alentejo (26.150 km2) com uma população de aproximadamente 6 milhões de habitantes, o que significa que não existem aí muitos espaços abertos.
Segundo o  INE a agricultura Portuguesa exportou em 2011 2.225 milhões de euros (um crescimento de 13% em relação a 2010). As duas fontes abaixo mencionadas indicam mais ou menos o mesmo valor

http://www.dinheirovivo.pt/Economia/Artigo/CIECO057622.html
http://www.mundoportugues.org/content/1/11370/sector-primario-portugal-dominado-pela-agricultura-vale-mil-milhoes-euros/

Podemos concluir que a tarefa básica de Portugal existe antes de tudo em trabalhar, desenvolver, estudar, criar, inovar e menos em gritar, manifestar, fazer greve, erguer punhos ou cantar "Grândola..." ou então - outra alternativa - pode sair de uma Comunidade Económica onde os resultados  contam e sempre vão contar. Para ficar mais uma vez "orgulhosamente só..."

PS. Por motivos de honestidade intelectual devemos mencionar que os números apresentados da Flandres incluem produtos transformados da agricultura  como são a cerveja ou o chocolate, facto  que pode alterar de algum modo a diferença entre Portugal e a Flandres.

sexta-feira, junho 07, 2013

Engenharia espanhola: o submarino que se afunda...

 
O novo submarino espanhol tem peso a mais. Especialistas temem que no momento do seu lançamento, o submarino irá logo afundar-se. O Ministério espanhol da Defesa pediu a ajuda de uma empresa americana para resolver o problema. O "Isaac Peral" é o primeiro de uma série de 4 novos submarinos destinados à "Armada" espanhola. O projecto custou até agora 2,7 mil milhões de dólares. O "Isaac Peral" estava quase pronto quando o problema foi detectado. O barco com comprimento de 71 metros e uma tripulação de 40 homens, tem um sobrepeso de setenta toneladas.  Nos cálculos iniciais foi feito um erro, que depois nunca mais foi detectado.
A Electric Boat, uma empresa americana, foi chamada para procurar uma solução. A "Armada" espanhola recusa diminuir o peso do submarino por meio da redução de infra-estructuras ou de armamento. Pondera-se agora "alargar" o navio com mais 5 ou 6 metros. A adaptação do submarino demorará no mínimo 2 anos. O Ministério da Defesa espanhol afirmou que problemas destes são normais em projectos deste género. A Electric Boat planeia cobrar para o seu trabalho 14 milhões de dólares, pagáveis em 3 anos.
Mais em: http://politica.elpais.com/politica/2013/05/08/actualidad/1368033966_797022.html

segunda-feira, junho 03, 2013

Embaixador em Portugal de uma das melhores cervejas do Mundo



Foi para mim uma grande honra, ser eleito "Embaixador em Portugal para 2013" de uma das melhores cervejas do Mundo, a "Gulden Draak". A "Gulden Draak" é uma cerveja belga de fermentação alta e deliciosamente aromática, produzida numa fábrica de cerveja familiar e tradicional situada em Ertvelde, uma aldeia no coração da Flandres, mais concretamente nos arredores da cidade de Gent (Gand). O símbolo desta cerveja, que vemos nos copos e nas garrafas, é o Dragão Dourado, estátua emblemática colocada na ponta do campanário do Belfort da cidade referida. Para ser completo, publico aqui uma ficha técnica desta maravilha engarrafada. Atenção, esta ficha não foi elaborada por mim!

quinta-feira, maio 16, 2013

Aperfeiçoar a nossa democracia imperfeita

(texto publicado no n º 103 do jornal "Região do Castelo")
 
Durante o debate sobre o “Estado Social”, organizado por este jornal, foi especulado durante alguns momentos sobre o eventual perigo que corre a democracia com o agravamento da actual crise financeira e económica.

A palavra “democracia” é um toldo muito grande e muito elástico capaz de cobrir muitos conteúdos diferentes. Para a maior parte de nós, a ideia de democracia está conectada à “soberania do povo” e consequentemente à“liberdade” e - assim sendo - será que a democracia Portuguesa de hoje corresponde perfeitamente a estes requisitos básicos? A resposta é curta e simples: só parcialmente.

O 25 de Abril entregou o poder - após um período de hesitações turbulentas – não ao conjunto de todos os cidadãos que formam o povo, mas sim aos partidos políticos; assim estamos de facto numa “partidocracia”, conceito em vários pontos restritivo da “soberania do povo inteiro” porque limita obrigatoriamente a diversidade do pensamento individual a cinco, seis ou oito correntes dominantes: quem não se enquadra nelas, não conta. Por exemplo, para quem aprova as escolhas económicas de um partido mas rejeita as suas opções morais (por exemplo, no caso do aborto ou do casamento gay), não existe solução: aceita-se o pacote global ou então abstém-se. Ainda mais frustrante é a situação do eleitor que votou por um partido à base do programa eleitoral apresentado, para depois assistir a uma governação contrária às promessas feitas: ficará impotente para reagir até à próxima ida às urnas.

No lugar da palavra feia “partidocracia” usa-se preferencialmente o eufemismo lisonjeiro “democracia representativa”, uma terminologia bonita que todavia não consegue esconder que aquela fórmula não corresponde ao ideal que a humanidade procura há milénios. Vemos de facto, que neste sistema, a intervenção do povo é limitada a um convite quadrienal para se pronunciar sobre listas cozinhadas dentro dos cenáculos dos partidos e publicitadas com grandes operações de marketing (em parte pagos pelos contribuintes): e aqui acaba o direito de intervenção do cidadão. Em Portugal -ao contrário do que se passa noutros países -, o cidadão independente não pode aspirar a conquistar um assento no parlamento se não for através de uma lista partidária, facto que significa evidentemente um sério esvaziamento do conceito da“cidadania”. Para além disso, também em Portugal, um eleitor não dispõe de qualquer mecanismo para alterar a sequência dos candidatos nas listas como imposta pelos partidos: na realidade, votamos em partidos e não em pessoas. Isto faz com que é quem domina o aparelho do partido que decide quem e em que posição estará na linha de partida para a corrida às cadeiras parlamentares. Assim é compreensível que dentro destes partidos sejam continuamente travadas duras guerras“fratricidas” e que aí floresçam “grupos de pressão”, “correntes”, ”alas” “clãs”, “barões”; todos sabemos que existem abertamente à luz do dia “dinastias familiares ” que se perpetuam às renas de vários partidos e onde os pais, filhos, primos, netos se sucedam de geração em geração, como se tratasse de linhas genéticas superdotadas para representar o povo. Surpreende-me sempre como certos povos optaram por um regime republicano abolindo a existência de castas privilegiadas para depois tolerar o surgimento de “novas nobrezas hereditárias”seja a nível nacional, seja a nível europeu. Há outra atitude pouco democrática em uso nos partidos – quase sempre em conexão com decisões importantes a tomar– que consiste na imposição da famosa “disciplina partidária” que em geral acaba no voto unânime: um atentado intencional à liberdade pessoal.

Tudo isso faz com que o caminho certo para conseguir uma carreira política bem-sucedida seja integrar-se desde jovem nas fileiras de uma ou outra Jota: são na realidade comunidades onde jovens ambiciosos, de algum modo imaturos, são suavemente endoutrinados e formados em “política profissional” sem ter adquirido sérias experiencias da vida real: É sintomático neste contexto que Portugal tenha actualmente tanto como PM ou como chefe da oposição, um elemento oriundo deste microcosmo de predestinação politica, que num passado muito recente também nos legou um José Sócrates e um Miguel Relvas.

A velha “boutade” de Churchill, em que disse que a democracia não é perfeita mas que mesmo assim é o melhor sistema de governação disponível, corresponde provavelmente à verdade. Todavia, em tempos atribulados como os que correm, arrisca-se a ver o cidadão saturado desta democracia parcial e incompleta que não lhe consegue garantir as liberdades básicas, inerentes ao estado social, como são o direito ao trabalho, à habitação, à saúde e ao acesso à justiça e educação. O cidadão em apuros que vê a sua família sofrer dia após dia, mês após mês, pode muito bem sucumbir à tentação de dar ouvidos a figuras messiânicas que pregam outros modelos de governação, especialmente quando estes profetas, além de se perfilarem mais justos, mais honestos e tecnicamente mais competentes também podem projectar uma sociedade com empregos, casas, escolas e hospitais de qualidade e um estado a funcionar. Será que - em situações de desespero-importa muito se a receita para a salvação implica mais autoritarismo e menos liberdade? Existem diversos sinais que testemunham o descontentamento popular para com o sistema em vigor. Vemos sinais negativos como são as grandes percentagens de eleitores que abdicam da sua ida às urnas ou os votos de protesto que resultam na eleição de palhaços (como na Itália ou no Brasil); todavia também há reacções positivas e construtivas como observamos aqui no nosso país e que demostram um empenho cívico acrescido: menciono só a petição pública organizada pelo MIRE (Movimento Independente para a Representatividade Eleitoral), que quer possibilitar candidaturas independentes (não-partidárias) ao parlamento e o Movimento “Revolução Branca” que zela pela interpretação eticamente mais pura e dura da lei de limitação de mandatos para autarcas.

Qualquer estagnação no aprofundamento da democracia origina retrogressão ou desvios e imperativamente a democracia terá de evoluir no sentido da sua definição original: o poder político nas mãos do povo inteiro, sem intermediários nem condicionantes, por outras palavras, a “democracia directa”.É óbvio que um sistema destes implica um povo culto, educado, interessado, informado e imune aos apelos dos manipuladores e populistas, mas no entanto é possível: não só funcionava na antiga Grécia mas também funciona em países bastante evoluídos como a Suíça (a nível nacional) ou na Alemanha (a nível de vários “Länder”).Também alguns estados dos EUA aplicam a democracia directa, o que contrasta bastante com o modelo caricato de democracia aí em vigor a nível federal: há dois séculos, dois partidos, abertamente financiados pelo grande capital e pelos lobbies, monopolizam o poder num regime de alternância.

Pode parecer utópico esforçar-se para a implantação da democracia directa, mas não é: a tecnologia está do nosso lado e é perfeitamente legítimo esperar que dentro de uma ou duas décadas a nossa sociedade seja completamente informatizada e toda a gente sem excepção estará quase continuamente ligada à Internet. Isto abrirá o caminho a uma E-democracia (também chamada DED – Democracia Electrónica Directa ou DDD – Democracia Directa Digital): dezenas de grupos de trabalho em muitos países (Austrália, Reino Unido, Suécia, EUA, etc.) já estão a preparar a transição para a democracia digital. Assim será possível ouvir a voz de todos em tempo real, assim será possível fiscalizar a governação em qualquer momento, assim aumentará a transparência e a qualidade da democracia.

Para terminar, uma última observação ligada à actualidade, sobre um lado algo masoquista de uma parte da sociedade Portuguesa. De facto, consternados e de boca aberta, notamos que se torna um hábito convidar políticos politicamente falhados para serem “comentadores” nos meios de comunicação social. Por outras palavras, é oferecido a pessoas que chumbaram no seu próprio partido ou que foram derrotados nas urnas, um “tempo de antena”para se debruçar sobre a actualidade política, tempo que utilizam efusivamente para explicar o seu falhar e para freneticamente ajustar contas com os seus rivais dentro e fora do partido. E se chamássemos empresários falidos para explicar o empreendorismo ou generais derrotados para filosofar sobre a defesa nacional … Entende quem pode.

terça-feira, abril 23, 2013

Odete Santos : dois autogolos numa semana

 


DOMINGO ABRIL 14, 2013: ODETE SANTOS NO SEU PIOR
A propósito do primeiro Centenário de Nascimento de Álvaro Cunhal veio à Guarda a antiga deputada comunista Odete Santos. Para falar de um livro que Cunhal escreveu sobre Arte. A intervenção de Odete foi, para mim (e, acredito que para mais alguns presentes), não só uma decepção mas, quase, um desperdício de tempo. É que a oradora apresentou-se bastante mal preparada, cometendo erros e sendo leviana em determinadas apreciações. Ao mesmo tempo parecia cansada e até enfadada. Porém, o assunto e a evocação de Cunhal mereceriam que Odete se informasse melhor e estruturasse a apresentação. Preferiu transmitir as suas opiniões (em geral mal fundamentadas) sobre a arte ao serviço de determinada ideologia do que apresentar o livro de Cunhal. Não sei se ela terá pensado que ... "para quem é bacalhau basta". Sei é que me senti ofendido (como elemento de uma plateia que deve ser tratada com respeito e não com displicência). Foi pena! O que valeu é que ao lado de Odete estava alguém que, nitidamente, tinha mais informação acerca da obra. E que, diplomaticamente, ajudou a que a sessão não tivesse sido um desastre completo. (publicado no Blogue "Café Mondego" de Américo Rodrigues)
SÁBADO ABRIL 20, 2013: ODETE SANTOS NO SEU PIOR
A propósito de um debate organizado pelo Jornal "Região do Castelo" veio à Penela a antiga deputada comunista Odete Santos. Para debater e falar sobre "Os valores da democracia" . A intervenção de Odete foi, para mim (e, acredito que para mais alguns presentes), não só uma decepção mas, quase, um desperdício de tempo. É que a oradora apresentou-se bastante mal preparada, cometendo erros e sendo leviana em determinadas apreciações. Ao mesmo tempo parecia cansada e até enfadada. Porém, o assunto mereceria que Odete se informasse melhor e estruturasse a apresentação. Preferiu transmitir as suas opiniões (em geral mal fundamentadas) sobre a Troika, falando sempre ao serviço de determinada ideologia do que aprofundar o assunto do debate. Não sei se ela terá pensado que ... "para quem é bacalhau basta". Sei é que me senti ofendido no lugar do outro elemento da plateia que devia ter sido tratado com respeito e não com displicência). Foi pena! O que valeu é que ao lado de Odete estava alguém que, nitidamente, tinha mais ideias acerca da democracia. E que, diplomaticamente, ajudou a que a sessão não tivesse sido um desastre completo.






 
 

quarta-feira, março 20, 2013

Há 10 anos...



Há dez anos, em Terra Portuguesa, 4 Senhores mentirosos decidiram agredir o Iraque, enganando a opinião pública com histórias sobre Armas de Destruição Maciça no poder de Saddam Hussein. Resultado : 150.000 mortos civis, 500.000 feridos, milhões de fugitivos e deslocados, um pais  destruído e desde então completamente destabilizado. Do lado Português existe todavia um grande vencedor: o Sr. Durão Barroso ganhou a Presidência da Comissão Europeia e nesta função pude receber o Prémio Nobel para a Paz. Os 4 Senhores sanguinários são todos muito religiosos e assim - no dia 19-03-2013 - o Sr. Barroso esteve na Praça de São Pedro para assistir à entronização do novo papa.

Pergunta final: o banco dos inculpados no Tribunal da Haia não seria um lugar mais apropriado para estes 4 Senhores?

quinta-feira, fevereiro 21, 2013

Dinheiro desperdiçado e falta de dinheiro


No dia 22-01-2013, o Dr. Aguiar-Branco, actual ministro da Defesa, criticou as verbas gastas "em excesso" na construção de auto-estradas. O ex-candidato à Presidência do PSD assinalou que desde a entrada na União Europeia foram construídos "mais de 2300 quilómetros de auto-estradas" e que “hoje o país regista (no quadro europeu) o maior número de quilómetros de auto-estrada ‘per capita’ ”. Para Aguiar-Branco, "a verdade é que esta estratégia não alcançou os resultados esperados" e pelo contrário "acelerou a desertificação do interior”. Na sua opinião a origem da difícil situação que hoje Portugal conhece, “não esteve na falta de recursos, esteve na definição de prioridades" e - numa demonstração de honestidade intelectual rara -, criticou os governos do PSD, CDS e PS que nas últimas décadas têm privilegiado, este tipo de investimentos. Pois é, mas a culpa destas escolhas erradas de desenvolvimento não deve só ser atribuída à governação central, porque de facto os nossos autarcas também não são inocentes. Todos nós recordamos que apenas há um par de anos, era de bom-tom, qualquer cacique de qualquer vila exigir para a sua terra uma auto-estrada, um TGV, um metro, uma universidade, um estádio, pavilhões multiusos, museus, uma incubadora de empresas, um parque de diversões, etc. e pressionar neste sentido os sucessivos governos. Mais ainda, este tipo de promessas mirabolantes, servia frequentemente como isco irresistível para ganhar eleições e o povo habituou-se com demasiada facilidade às inaugurações de obras (não pagas) acompanhadas por fanfarras e foguetes. Quem nestes tempos aparentemente dourados, se atreveu a alertar para o despesismo inútil, era logo denunciado como um vilão mensageiro da bota abaixo. Entretanto já utilizei várias vezes o troço Penela-Condeixa da A13 e posso fazer os seguintes comentários. Até agora o movimento naquela auto-estrada é mínimo, o que significa que o fluxo do trânsito de Penela, Miranda do Corvo e Lousã em direcção à A1 é realmente minúsculo ou que simplesmente as portagens são demasiado caras para os utentes. Para além disso, a nova estrada é perigosa com tempo de chuva (drenagem aparentemente menos eficaz do que a da A1) e o nevoeiro entre os pinhais pode tornar-se muito denso. A iluminação é quase inexistente e não há rede de telemóvel em algumas partes do percurso. Um conselho: evitem as avarias nocturnas! Entretanto, a notícia recente, que apenas dois meses após a abertura, já ruiu um viaduto em Rio de Galinhas, parece-me em simultâneo trágico e grotesco.
Quando há pouco tempo num jornal local, o Sr. Presidente da Câmara, lamentou que só 1/3 das habitações de Penela estavam ligadas à rede de saneamento, tinha toda a razão: é de facto arrepiante constatar que em 2013 a maior parte dos cidadãos de Penela não têm acesso a este tipo de serviço, normalmente considerado essencial numa sociedade moderna e evoluída. O saneamento generalizado é um dos pilares de qualquer política em prol da saúde pública e da preservação do ambiente: não é segredo para ninguém que os materiais fecais e os detergentes conspurcam gravemente os lençóis freáticos, uma situação potencialmente perigosa numa zona onde ainda muitas pessoas utilizam a água do seu poço. A principal justificação mencionada, nomeadamente a extensão e distância en­tre pequenas povoações (e subentendido a falta de dinheiro), não é sempre a única: há também casos flagrantes de planeamento débil. Um exemplo flagrante: quando há dois anos a vila de Podentes foi ligada à rede de saneamento, concretamente à nova central de bombagem (desculpem, mas não sou técnico na matéria) nas Vendas, a canalização dos esgotos atravessou quase toda a povoação referida, uma obra que provocou muito incómodo e transtorno. Todavia nenhuma habitação nas Vendas (como a minha por exemplo) teve a oportunidade de ser conectada à rede, mesmo com as condutas a passarem um metro à frente das nossas casas. A explicação era que “isto não estava previsto no orçamento”. Com outras palavras: daqui a alguns anos vão outra vez rasgar as estradas e – além das novas perturbações para a população local - o contribuinte pagará o dobro.