quinta-feira, novembro 19, 2009

Pensando em muros...

A comemoração da queda do Muro de Berlim deu lugar a alguns exercícios de acrobacia intelectual e algumas piruetas de moral política. Por exemplo, quase nunca foi referido de maneira explícita o muro sofisticado e novinho em folha que separa os Palestianos da sua Terra de origem. Não pode ser só coincidência que se baseie nos mesmos argumentos defensivos do que o seu "homólogo" germânico : autoprotecção e sobrevivência... Também foram dados - e com razão - bastante pontapés nos cadáveres da velha RDA e da URSS , mas ninguém teve a coragem de denunciar a atitude dos líderes das grandes "democracias ocidentais" que entregaram - com um sorriso diplomático nos lábios - metade da Europa ao Sr. José Estaline, condenando assim dezenas de milhões de europeus a viver durante mais de 1/2 século sob a bota da ditadura soviética. Se o não prestar assistência à pessoas em perigo é considerado crime, então como devemos definir a entrega da metade da população de um continente a um regime devidamente identificado como sanguinário nas décadas anteriores? Ouvímos também o nosso Durão Barroso proclamar que o processo que induziu ao derrube do Muro foi inspirado na revolução do 25 de Abril. Desculpem, mas receio que esta comparação peque um pouco por exagero. Na Alemanha, tratava-se de um movimento popular real e visível que "empurrou" o Muro, enquanto em Portugal foram "os capitães de Abril" que acabaram com o regime com uma intervenção militar. Também é sabido que o regime do qual os Alemães de Leste se queriam livrar, foi um modelo de inspiração para alguns revolucionários em Portugal. Neste contexto, interrogo-me se no dia 25-04-1974 o jovem Dr. Barroso não estava ainda na sua "era" de simpatia para com as filosofias promovidas pelos construtores da "obra" que dividiu as 2 Alemanhas ... Mais o mais importante, nisto tudo, é reflectir sobre o nosso Muro aqui em Portugal : o nosso próprio Muro da vergonha que continua inalteravelmente em pé, firmo e hirto : o Muro da vergonha que mantém os Portugueses afastados das médias europeias nos índices de bem-estar, o Muro da corrupção, das fugas ao fisco, do tráfico de cunhas e influências. Um Muro tão invisível e impalpável que nem a Justiça o consegue demolir. Um Muro que talvez só o povo unido - como na RDA -será capaz de deitar a baixo ...
Over de muur van Berlijn gesproken : waarom werd tijdens de herdenkingen zelden expliciet gesproken over de muur tussen Israel en Palestina? En ook niet over de Westerse leiders die de helft der Europeanen voor een halve eeuw aan het sovjetregime overgeleverd hebben? Ondertussen hebben wij in Portugal onze eigen onzichtbare muur: de muur der corruptie die aan de Portugese bevolking de toegang belemmert tot de welstand een Europees land waardig...

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