quarta-feira, setembro 09, 2009

A competitividade portuguesa e as avestruzes-que-recusam-de-ver-a-realidade


Hoje (09-09) referiu-se nos meios da comunicação social o relatório do Foro Económico Mundial sobre a Competitividade Global. Ouvi na TSF uma reportagem bastante objectiva analisando com frieza os vários aspectos da posição de Portugal; também o título do Público tem qualidade informativa : "apesar das medidas de simplificação, Portugal não melhorou no ranking do BM, que mede as condições oferecidas ao funcionamento das empresas". Por outro lado, o Diário As Beiras, publica sob o titulo " Portugal mantem-se na 43ª posição" (uma frase que pode sugerir alguma resistência heroíca contra as adversidades) um texto muito suave, admitindo de certeza recuos em algumas classificações, mas antes de tudo focando nos bons resultados obtidos em diversos rankings específicos; para isso recorre às declarações do Prof. Carlos Zorrinho, Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico e - por pura coincidência - um socialista notório. Parece-me intelectualmente incorrecto maquilhar a verdade, mesmo que ela seja feia e desagradável. O facto de não ter subido neste ranking global é sem dúvida negativo para Portugal e, estando naturalmente satisfeitos com os factores que melhoraram, não podemos ignorar o que nos afunda no ranking: segundo 26 critérios, Portugal esta na segunda metade daquela classificação mundial. Muitos deles têm a ver com a ineficácia de varias legislações, com a falta de transparência das políticas do governo, os défices, o sistema educacional e a qualidade do ensino em ciências e matemática, o alto custo das políticas agrícolas, a rigidez dos vencimentos, os altos custos de despedimento, etc. ( dossié completo em http://www.weforum.org/pdf/GCR09/GCR20092010fullreport.pdf ).
Creio que meter a cabeça na areia sob o lema - "aqui só há boas noticias" - e tentar esconder ao cidadão a realidade em nada brilhante, constam duma burla intelectual; pelo contrário estou convencido que a dureza deste tipo de informação poderia servir como estímulo para arregaçar ainda mais as mangas afim de sairmos deste marasmo. Ultima observação : não é um pouco infantil mencionar que Portugal lidera no que toca à incidência da malária - quando se sabe que dezenas de outros países estão ex-aequo na mesma posição - , no mesmo tempo omitindo que estamos muito mal no que diz respeito à tuberculose e à HIV?

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