segunda-feira, maio 28, 2012

Penela: duplamente desfigurada.


O que apenas há alguns meses era um enorme espaço verdejante com florestas, montes, vinhas e olivais transformou-se num deserto mutilado. A paisagem bucólica que os primeiros Reis de Portugal de certeza observaram a partir do castelo de Penela com carinho e orgulho, deixou de existir. Os incêndios florestais do último mês de Março destruíram a flora (e a fauna?) numa grande escala. Todavia existe uma ideia consoladora: a enorme força regeneradora da natureza permite esperar que daqui a alguns anos este aspecto do drama vivido em Penela seja ultrapassado. O que no entanto é irrecuperável são os estragos infligidos pelo ser humano, nomeadamente pelo tipo de Homem que acha que pode recolher prestigio eterno através de obras faraónicas. O novo traçado do IC3, feio e impessoal como todas as autoestradas, deixará para sempre uma cicatriz incurável na cara de Penela. É impressionante ver como existem pessoas capazes de sacrificar o seu bem mais precioso, a natureza, no altar das ilusões e das quimeras. Aqui também somos confrontados com um caso similar aos denunciados por Luís Filipe Menezes: uma autoestrada inútil e excepcionalmente cara. Aqui também a  JSD terá a possibilidade de organizar grandes sardinhadas num ambiente de tranquilidade absoluta....Más serão sardinhas a preço de caviar e a pagar pelas gerações futuras.

Observação picante: os juízes do Tribunal de Contas queixam-se de ter sido induzidos em erro para aprovar cinco auto-estradas, no valor de dez mil milhões de euros. Pobres ingénuos que acham que toda esta fúria para construir autoestradas é só motivada pelo bem comum...

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