quarta-feira, maio 16, 2012

O Serviço Nacional de Saúde: um duche frio



Hoje foi publicado em vários órgãos da imprensa internacional um Relatório da Health Consumer Powerhouse com um índice nacional dos sistemas de saúde. Quem sempre esteve a glorificar sem reservas o sistema Português (uma das grandes conquistas do 25 de abril, etc. etc.) como sendo  um dos melhores do Mundo (sic) deve equiparar este estudo imparcial a um duche frio, mesmo gelado. De facto, este documento coloca Portugal na escala mais baixa da Europa Ocidental na companhia de alguns países de Leste como a Lituânia, Albânia e Hungria. Países como o Chipre, Eslovénia, Eslováquia e Croácia ultrapassaram de passo alegre o país do S.N.S. "modelar". O relatório critica várias situações que podem ser consultadas em (http://www.healthpowerhouse.com/files/ehci-2012-press-portugal.pdf). Vão contrapor que tudo isso é a culpa da crise, mas notem que a Islândia, até há pouco tempo completamente falida, se encontra num brilhante terceiro lugar. Ninguém discuta a necessidade de um serviço público de saúde para todos e completamente gratuito para os economicamente fracos: o que falta é um SNS com alguma qualidade. Qualquer um que já passou por um hospital ou uma urgência sabe que é quase sempre uma experiência humilhante: um clima de  promiscuidade, de desconforto, de confusão, de carência e de frieza burocrática. Não é de estranhar que nas (geralmente inconfortáveis) salas de espera, se encontre pouca gente "fina": pois têm as cunhas necessárias e conhecem os caminhos adequados para escapar a este tipo de purgatório ou, simplesmente, recorrem a instituições privadas ou estrangeiras. Quando há alguns dias, o Dr. Arnaut,  pai espiritual do SNS, disse recear que o SNS ia se transformar num serviço de segunda categoria exclusivamente para pobres, só estava equivocado num único ponto: pois, já é assim... O SNS é um bem social precioso, mas necessita de mais qualidade, mesmo muito mais, para chegar a um nível aceitável para a Europa Ocidental. Talvez algumas autoestradas, estádios e rotundas a menos teriam permitido ser mais magnânimo num sector vital para este povo em sofrimento.

Sem comentários: