
Ninguém pode negar que o semi-presidencialismo em vigor em Portugal não funciona bem : aquele "patchwork" híbrido composto por cópias parciais de modelos existentes noutros países não é - como deveria ser -um factor de unidade ou de estabilidade no país, bem pelo contrario : as turbulências dos últimos dias são a prova eloquente desta afirmação.
Quando comparamos o modelo nacional com os que são presidencialistas no sentido verdadeiro da palavra - com presidentes que governam como em França ou nos EUA - vemos que os poderes presidenciais em Portugal são bastante limitados : não permitem definir políticas, nem dar orientações decisivas ao governo.
Mais grave ainda : o poder circonscrito do qual dispõe o Presidente, tem na opinião pública uma consonância preponderantemente negativa: é considerado um mecanismo-de-travão-institucional. Assim, o emposse de governos, a promulgação de leis ou a proferição de alocuções moralizantes são entendidos como "faits divers" que passam de modo silencioso quase na indiferença, no entanto, actos mais polémicos como vetar leis, demitir governos ou formular críticas explícitas, saltam logo para o centro das atenções e provocam discussão, irritação e contestação.
Também é negativo para a imagem da instituição presidencial que mesmo após a sua eleição, o povo persiste em identificar os seus presidentes - tanto Mário Soares, como Jorge Sampaio ou Cavaco Silva - com a sua família política de origem, de tal modo que todos os seus actos são quase automaticamente interpretados nesta perspectiva. É uma situação francamente redutora : o Presidente de todos os Portugueses continua a ser visto como um socialista ou um social-democrata, com outras palavras, como o homem de um partido.
Só existem duas soluções : ou reformar drasticamente o sistema político existente e incrementar o poder presidencial como nos países anteriormente referidos, ou diminuir e restringi-lo a uma função simbólica, cerimonial, como na Alemanha ou na Irlanda.
Neste momento em que a República se está quase a tornar centenária é provavelmente um sinal de mau gosto sugerir que uma monarquia constitucional resolveria tudo isso...
De wrijvingen tussen de President en de Regeringspartij bewijzen dat het presidentieel regime in Portugal niet op punt staat. Ofwel moet de presidientiele macht versterkt worden (zoals in Frankrijk) ofwel verkleind (zoals in Duitsland). Misschien voelen de Portugezen wel iets voor een constitutionele monarchie, wie weet?