terça-feira, fevereiro 23, 2010

As meias de Rangel

O PSD elegerá em breve o seu novo Presidente. Talvez seja um pouco tarde, tendo em conta a constelação política actual, mas isto obviamente não é meu problema. Não tenho as qualificações adequadas partidárias para avaliar as virtudes políticas de cada um do trio que vai às urnas, mas nada me impede de manifestar as minhas preferências instintivas e naturais por um deles; pode até ser interessante para os directores das respectivas campanhas saber como um "extra-terrestre" julga os seus candidatos. É realmente um facto que estou saturado destes PM´s ou candidatos a PM tipo "rapazes-modelo", que andam de fato Armani ou de "blazer" azul escuro, com sapatos de couro genuíno sempre lustrosos, que trazem uma gravata de "griffe" "assorti", os cabelos 100% organizados mesmo no meio de uma tempestade e que cegam o freguês com a sua dentadura branca e brilhante . Francamente, não gosto dos seus ares de estadista-sempre-a-reflectir-sobre-o-bem-estar-da-pátria e que falam ("fazem declarações") com uma voz grave e ponderada, sem alterações nem emoções : não aprecio que a sua educação modelar os impeça o uso de palavrões ou de bater com o punho na mesa. São pessoas excessivamente airosas, Robocops engomados, manequins fora da validade concebidos por Mme Tussaud num laboratório clinicamente estéril. Não, a minha preferência vai para um ser humano de carne e osso, como nós, um individuo menos perfeito, não infalível, que fala com altos e baixos, que quando está morto de sono toma duas bicas para se reanimar, que mostra ter alma e coração: concluindo um destes homens a que chamamos vulgarmente "um homem normal". O Paulo Rangel parece-me um destes. Já o vi com o cabelo terrivelmente despenteado e já observei uma ou outra mancha de gordura nos seus óculos da Multiópticas. Tem - como eu - peso a mais e transpira quando lhe obrigam a subir uma escada. Não seria mais do que natural que lhe escape por vezes um arroto e pode lhe cair uma pinga na camisa quando come sopa; à noite as suas meias cheiram talvez um pouco ao chulé e ocorre que adormeça com o comando da TV na barriga. Suponho que ronque na cama, porque parece ser um homem como nós , com duvidas e incertezas, mas como nós. Um como nós levantou-se, dirigiu-se para o púlpito e vai tentar endireitar Portugal. Porque não?

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