quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Cavaco arengando as multidões?

Pessoas endinheiradas têm por vezes a ideia que podem dar murros a qualquer um e dar pontapés em todas as direcções. Denominar alguém de "ditador" num país como Portugal , por razões evidentes muito sensível neste aspecto, não é um pequeno insulto. Devemos admitir que para pessoas que foram - como nós - quase militarmente indoutrinadas com as culturas clássicas (greco-latinas), a palavra "ditador" não é assim tão assustadora, porque na antiguidade não era raro nomear um ditador à chefia do estado para afrontar um perigo colectivo. Vários ditadores tornaram-se figuras míticas na história romana, como Cincinato, um lavrador humilde que tendo sido nomeado ditador, derrotou os Aequi que ameaçaram a cidade eterna, para depois voltar imediatamente para a sua charrua. Infelizmente os ditadores modernos perderam este hábito de resignar espontaneamente ao cargo após a obra feita. Será que o Eng. Belmiro estava a referir-se ao Presidente como um salvador-no-sentido-clássico, que endireitou a economia nacional após as perturbações pós-revolucionárias? Não me parece, porque o Eng. Belmiro menciona o despedimento de 4 amigos seus para motivar a sua declaração polémica. Peço perdão, mas isso parece-me mais um argumento a favor de Cavaco Silva do que o contrário : não final, não teve medo de despedir amigos do homem mais rico de Portugal, do comendador de um dos grupos económicos mais poderosos do país. Não será uma prova da sua independência e ininfluencibilidade?
O Eng. Belmiro é um homem admirável no que diz respeito às suas actividades empresariais, mas deveria abster-se de intromissões na política, especificamente atacando órgãos que estão na impossibilidade de se defender perante a opinião pública. Por outro lado, - e não sei se é verdade - mas segundo múltiplas declarações de trabalhadores, a organização do império do Eng. Belmiro talvez também não esteja isenta de alguns pequenos tiques tirânicos.

Sem comentários: